Após acusação de interferência na PF, Moro defende Bolsonaro contra Lula
O presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou o estúdio acompanhado do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que afirmou ter "convergências" com o mandatário ao dizer que não quer "a volta do PT ao poder". Ex-juiz da Lava Jato, Moro se demitiu do governo acusando o chefe de interferir no comando da Polícia Federal, levando à abertura de uma investigação contra o Planalto.
Moro acompanhou Bolsonaro no debate deste domingo (16) promovido pelo UOL em parceira com a Folha, Band e TV Cultura. Na saída, o ex-ministro defendeu o ex-chefe e criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem condenou na Lava Jato.
"No primeiro turno, nós tínhamos o nosso candidato, eu defendi o candidato do União Brasil. No segundo turno me coloco claramente: eu sou contra o Lula e contra o projeto de poder do PT que querem voltar à cena do crime. Acho isso inaceitável", disse Moro, que foi eleito neste ano senador pelo Paraná.
Questionado sobre o fato de ter sido, durante meses, um adversário de Bolsonaro após seu pedido de demissão, Moro minimizou: "Tenho minhas divergências com o presidente Bolsonaro, mas as convergências são ainda maiores".
Moro negou que esteja buscando um novo cargo no governo, em uma eventual reeleição de Bolsonaro. "Não tenho intenção de integrar o poder Executivo e não fui convidado para isso", disse.
Bolsonaro também minimizou a divergência com o ex-ministro, que o levou a ser investigado por suposta interferência na PF.
"Você nunca brigou em casa com marido? Uma briguinha. Acontece, divergências, mas nossas convergências são muito maiores", disse o presidente.
Tuíte resgatado. Nas redes sociais, um tuíte de Moro criticando tanto Lula quanto Bolsonaro voltou a ganhar destaque após o debate.
Feita em janeiro de 2022, quando o nome de Moro ainda era considerado para concorrer à Presidência, a postagem do ex-juiz afirma que Bolsonaro "mentiu que era a favor da Lava Jato, mentiu que era contra o Centrão, mentiu sobre vacinas, mentiu sobre a Anvisa e o Barra Torres". E completa: "Não é digno da Presidência".
PGR pediu arquivamento de investigação. No mês passado, a PGR (Procuradoria Geral da República) pediu o arquivamento da apuração contra Moro e Bolsonaro por suposta interferência do presidente na Polícia Federal. A manifestação diz que não foi possível obter provas de crimes no caso.
A investigação foi aberta em 2020, após Moro pedir demissão acusando Bolsonaro de tentar mexer no comando da PF. Segundo Moro, a exoneração do então diretor-geral da PF, Maurício Leite Valeixo, foi fruto de "insistência" da parte de Bolsonaro para trocar a liderança do órgão.
"Falei que seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo [...] O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações", afirmou.
Em depoimento prestado em novembro do ano passado, Bolsonaro negou que tivesse algum interesse político na interferência e que quis substituir Valeixo por Ramagem por uma questão de "falta de interlocução" e que seu escolhido era um nome de sua confiança.
Rio de Janeiro. O inquérito mirava principalmente o presidente Jair Bolsonaro por suposta interferência na Polícia Federal no Rio de Janeiro, berço político da família.
Durante reunião ministerial em abril de 2020, tornada pública por ordem do ministro Celso de Mello, Bolsonaro chegou a pressionar Moro para trocar o comando da PF fluminense. No ano anterior, o presidente e o ex-ministro tiveram divergências sobre a mudança na gestão local.
"Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira", disse Bolsonaro.
*Participaram desta cobertura:
Em São Paulo: Ana Paula Bimbati, Beatriz Gomes, Caê Vasconcelos, Felipe Pereira, Herculano Barreto Filho, Isabela Aleixo, Juliana Arreguy, Letícia Mutchnik, Lucas Borges Teixeira, Stella Borges, Saulo Pereira Guimarães e Wanderley Preite Sobrinho.
No Rio de Janeiro: Lola Ferreira.
Em Brasília: Camila Turtelli, Leonardo Martins e Paulo Roberto Netto.
Colaboração para o UOL: Amanda Araújo e Pedro Villas Boas.
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