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Polito: Sorriso de Lula era de nervosismo; Bolsonaro usa muleta psicológica

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/10/2022 10h41

O colunista do UOL Reinaldo Polito participou do UOL News de hoje e fez uma análise da questão corporal de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) durante debate promovido pelo UOL, em parceria com Band, Folha de S.Paulo e TV Cultura na noite de ontem (16). Para Polito, ambos os candidatos deixaram transparecer nervosismo em suas falas e gestos.

"Os dois estavam muito nervosos. O nervosismo do Lula foi demonstrado pelo fato de esfregar as mãos de uma maneira mais acentuada do que normalmente. O sorriso do Lula, que geralmente é utilizado como ironia ou deboche para desestabilizar o oponente, e normalmente ele consegue isso, dessa vez o sorriso do Lula era um sorriso de nervosismo. Ele realmente não estava à vontade", afirmou.

"Durante muito tempo Bolsonaro ficou com um papel na mão em momentos que não tinha a intenção de ler aquilo que estava no papel. Era só uma muleta psicológica porque ele não sabia onde deixar as mãos", disse sobre o atual presidente.

Polito ainda afirmou que Bolsonaro tentou usar a estratégia de ficar ao lado de Lula e colocar a mão em seu ombro em dado momento do debate para evidenciar a diferença de altura entre ambos.

"O Bolsonaro coloca a mão no ombro do Lula e pede para que ele fique perto, e quando ele colocou o Lula deu até uma afastada. Em 1989 para participar do debate com o Collor, qual foi a exigência do Lula? Que colocassem um tablado para que ele ficasse mais ou menos na mesma altura, porque como ele tem uma estatura baixa, isso poderia ser uma desvantagem para ele", relembrou.

"O Bolsonaro muito sabiamente pediu para que o Lula ficasse perto dele para mostrar essa diferença de estatura, porque ele já havia ficado muito constrangido naquela oportunidade. Tanto que ele tentou sair mas não conseguiu, ele teve que ficar próximo mas não se sentiu muito à vontade. Essa foi uma estratégia utilizada pelo Bolsonaro e que deu muito certo", completou.

Tales: Lula perde chance de citar Moro e apontar cara de pau de Bolsonaro

"Lula perdeu muitas oportunidades nesse debate e uma das oportunidades era falar da presença do Moro e dizer 'Bolsonaro, você é muito cara de pau. Você e o Sergio Moro que está aí te instruindo no debate. Vocês dois brigaram, Sergio Moro te chamou de corrupto, disse que estava havendo corrupção no governo' e deixava o Bolsonaro meio assim", disse Tales Faria.

Ele também apontou como uma oportunidade perdida pelo petista a questão do tema pedofilia, do qual Bolsonaro passou a ser acusado depois de dizer que "pintou um clima" com meninas venezuelanas de 14 e 15 anos em um podcast. "Lula deveria ter perguntado depois que o Bolsonaro leu a decisão do ministro Alexandre de Moraes se ele disse ou não disse que pintou um clima com as menininhas de 14 anos a 16 anos. 'Pintou um clima? Você disse isso? Ou é tudo mentira?'".

Análise: Bolsonaro tem vantagem ao falar de declaração de 'pintou um clima'

"A questão da associação com a pedofilia era um tema delicado justamente pela decisão do Alexandre de Moraes. Aí o Bolsonaro teve uma vantagem porque ele falou antes, então tomou a dianteira disso. Já que poderia ser questionado, já tomou a dianteira", afirmou a cientista política Tathiana Chicarino.

Ela também apontou uma mudança na forma de se comunicar que aconteceu nos últimos anos devido a utilização das redes sociais, e afirmou que isso tem impacto, inclusive, em campanhas eleitorais e informações políticas. Dessa forma, Chicarino afirmou que mesmo sem ter abordado a questão da pedofilia no debate, Lula e sua campanha podem explorar o tema de outra forma.

"Embora ele [Lula] não tinha dito exatamente no debate e tenha anunciado algumas coisas e feito uma frase e colocado um broche [contra o abuso infantil], nas redes sociais isso está fervilhando há muito tempo. Nos monitoramentos de rede que a gente tem acompanhado nessa semana, o bolsonarismo teve que responder e ficaram reativos nas discussões da semana da pedofilia. Então tiveram que responder e foram agendados, não agendaram o tema", finalizou.

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