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No RJ, Bolsonaro exalta 'casamento' com Congresso; Flávio mente sobre 'CPX'

Do UOL, em São Gonçalo (RJ) e em Brasília

18/10/2022 12h06Atualizada em 18/10/2022 13h30

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a afirmar hoje que, se for reeleito, considera estar em sintonia com a nova formação do Congresso Nacional para aprovar propostas de interesse do Executivo. Segundo ele, haverá um "casamento" entre os dois Poderes, pois a maioria que triunfou na última eleição possui um perfil político alinhado aos campos de direita e de centro-direita.

"O terreno está asfaltado, está tudo pronto nesse casamento entre o Legislativo e o Executivo", disse ele, durante comício em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro.

De acordo com Bolsonaro, seriam levadas à pauta do Parlamento "coisas de interesses da nossa pátria". Nos últimos dias, o candidato sugeriu, por exemplo, que poderia enviar uma proposta para redução da maioridade penal no país.

A expectativa de Bolsonaro, caso seja reeleito, é contar com uma base ainda maior e mais forte no Congresso Nacional. Durante a segunda metade do seu mandato, iniciado em 2019, o presidente já trabalhava com maioria —sobretudo em função da aliança com lideranças do centrão, bloco informal composto por legendas que costumam remar de acordo com a maré.

Líder do centrão e atual chefe da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) é um dos principais articuladores do bolsonarismo dentro do Congresso. Uma das críticas que recaem sobre a formação da aliança é a questão da negociação e liberação de verbas das emendas de relator-geral —o que ficou conhecido como o "orçamento secreto". Há investigações em curso no Ministério Público e na Polícia Federal em relação a possíveis atos de corrupção envolvendo a destinação de recursos.

Associação mentirosa sobre o 'CPX'. Em seu discurso, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do presidente, voltou a mentir sobre a sigla "CPX" —que se refere ao termo "complexo"— e tentou associá-la mais uma vez ao tráfico de drogas em favelas do Rio.

Na semana passada, Lula visitou o Complexo do Alemão, na zona norte carioca, e utilizou um boné com a sigla "CPX". A cena virou arma na mão de Bolsonaro, seus filhos e aliados, que passaram a associar o acrônimo a uma gíria de grupos criminosos —fato que é inverídico.

"O presidente Bolsonaro é aquele que fecha com morador, aquele que fecha com o trabalhador, não é aquele que fecha com traficante de drogas. O boné que ele bota na cabeça é o do Brasil, não é o do CPX."

"Você gostaria de ver o seu filho chegando em casa com o olho vermelho de tanto fumar maconha? O lado de lá defende a legalização das drogas. Nós defendemos a família. Queremos reforçar o pilar da nossa sociedade, que é a família", completou.

Flávio também puxou coro contra a TV Globo, emissora que recebe ataques sistemáticos do pai desde que ele foi eleito presidente, em 2018.

O público do ato em São Gonçalo reagiu com gritos de "Globo lixo". A cena ocorreu no momento em que um helicóptero da emissora sobrevoava o local.

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Comício de Bolsonaro em São Gonçalo (RJ)
Imagem: Lola Ferreira/UOL

Apoio do governador. Bolsonaro subiu no palanque ao lado do governador reeleito do RJ, Cláudio Castro (PL), do filho mais velho, Flávio Bolsonaro, e de outros aliados.

Em 4 de outubro, dia seguinte ao primeiro turno, Castro foi a Brasília para declarar apoio formal a Bolsonaro na disputa contra Lula. Correligionário, o chefe do Executivo fluminense declarou que pretendia fazer do RJ a "capital da vitória". Desde então, ele tem se mobilizado com o intuito de pedir votos em favor do atual governante federal.

Castro sempre esteve ao lado de Bolsonaro, mas evitou pedir votos de forma explícita durante o primeiro turno. Sua estratégia foi tentar fugir da polarização entre o governante federal e o seu principal adversário nas urnas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a fim de não atrapalhar a corrida pelo comando do Palácio Guanabara.

Após a vitória no primeiro turno, Castro mudou o tom do discurso e afirmou que pediria votos "todos os dias" para o presidente na reta final do pleito. No RJ, Bolsonaro teve quase 1 milhão de votos a mais do que Lula.

Críticas a Maricá. O deputado estadual eleito Douglas Ruas (PL) fez críticas ao município vizinho a São Gonçalo. Administrado por Fabiano Horta (PT) e considerado um reduto petista, Maricá (RJ) deu mais votos a Bolsonaro do que a Lula, com uma vantagem de quase 3 mil votos — ou dois pontos percentuais.

"O povo de Maricá deu um grito de liberdade. Quem está sendo governado pelo PT, não quer o PT lá", disse Ruas.

Município bolsonarista. Bolsonaro foi recebido pelo prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson (PL), eleito em 2020 na onda bolsonarista. Neste ano, Douglas Ruas (PL), filho de Nelson, foi eleito o segundo deputado estadual mais votado, com mais de 175 mil votos.

O município é tido como crucial para o segundo turno, já que é o terceiro maior colégio eleitoral do estado. No primeiro turno, Bolsonaro ficou à frente de Lula por 37 mil votos —ou oito pontos percentuais.

Em discurso hoje ao lado de Bolsonaro, o prefeito sugeriu que, à época que atuava como policial militar, suspeitos que resistiam à prisão eram mortos.

Aqueles que queriam ser presos, a gente prendia. Aqueles que não queriam, infelizmente, pegavam a charrete do além."
Capitão Nelson sobre seus tempos no 7º Batalhão de Polícia Militar

"Como que o outro está na frente?". Antes de o comício começar, o apresentador do evento interagia com o público presente. Em dado momento, houve críticas às pesquisas eleitorais.

O apresentador perguntou quem acreditava nos índices mostrados pelos diferentes institutos e não recebeu nenhum retorno do público. Depois, continuou o discurso: "Quando as urnas abrirem, vamos ver nosso presidente eleito".