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RS: Veja a íntegra da sabatina UOL/Folha com Eduardo Leite (PSDB)

Do UOL, em São Paulo

18/10/2022 11h59

O UOL, em parceria com a Folha de S.Paulo, fez nesta terça (18) a primeira sabatina do segundo turno das eleições 2022. O entrevistado foi o candidato ao governo do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, do PSDB.

Seu adversário, Onyx Lorenzoni (PL), também foi convidado, mas não quis participar. Confira a íntegra da sabatina.

[Fabíola Cidral]: Olá, bom dia, agora [são] 10h03, estamos ao vivo aqui pelo Canal UOL. E UOL e Folha retomam hoje as sabatinas da disputa eleitoral de 2022. Como você sabe, no próximo dia 30 de outubro, você vai ter que escolher quem você quer no comando do seu estado e também quem você quer no comando do nosso país. Alguns estados já resolveram essa eleição no primeiro turno, outros ainda seguem em campanha na disputa do segundo turno. Esse é o caso do Rio Grande do Sul, é por lá que a gente começa.

As sabatinas UOL e Folha lá para o segundo turno têm a disputa entre Onyx Lorenzoni, que saiu à frente no primeiro turno, com 37,5% dos votos, e, em segundo lugar, está Eduardo Leite, que era o governador do estado, com 26,81%. Os dois disputam, então, no dia 30 quem será o governador do estado do Rio Grande do Sul a partir de 2023.

E é com Eduardo Leite que a gente começa a nossa sabatina. Lembramos que convidamos também a participar conosco o candidato Onyx Lorenzoni, que infelizmente não aceitou ao nosso convite para participar dessa sabatina, o que nós, inclusive, lamentamos pelo fato de o eleitor do Rio Grande do Sul não ter acesso às informações da campanha e dos objetivos de Onyx Lorenzoni nessa disputa. Comigo nessa sabatina, vamos já colocar aqui, Eduardo Leite já está conosco ao vivo. Olá, governador, candidato Eduardo Leite, bom dia, seja bem-vindo aqui à sabatina UOL/Folha. Não estou te ouvindo. Vamos ver aqui.

[Eduardo Leite]: Tô falando.

[Fabíola Cidral]: Agora sim, agora tô te ouvindo, bom dia.

[Eduardo Leite]: Bom dia, bom dia, Fabíola, bom dia também, Alexa, Bombig, é um prazer conversar com vocês aqui.

[Fabíola Cidral]: Convidamos aqui Alberto Bombig, que é nosso colunista no UOL, de política. Olá, Bombig, bom dia pra você.

[Alberto Bombig]: Bom dia, governador, candidato, né, que ainda tô com o frescor da sua passagem pelo governo na cabeça. Bom dia, Alexa, bom dia, Fabíola, e a quem está nos assistindo.

[Fabíola Cidral]: Pela Folha de São Paulo, tá Alexa Salomão conosco. Olá, Alexa, bem-vinda aqui à nossa sabatina mais uma vez, bom dia.

[Alexa Salomão]: Bom dia, bom dia a todos que nos assistem, bom dia a vocês também.

[Fabíola Cidral]: Vamos lá, vamos começar. Vou só rapidamente ler seu perfil, apesar que o senhor já é bem conhecido não só no Rio Grande do Sul, mas como no Brasil, mas sempre importante a gente ter um pouquinho aqui da biografia.

O ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite tem 37 anos, nasceu em Pelotas, é formado em direito e filiou-se ao PSDB em 2001. Concorreu já algumas vezes em eleições. Em 2004 concorreu a vereador, não teve sucesso, mas em 2008, sim, foi eleito e concorreu em 2013 a prefeito de Pelotas, venceu, foi prefeito. Em 2018, foi eleito governador do Rio Grande do Sul. Se afastou recentemente do estado para talvez disputar aí uma vaga na Presidência, e acabou voltando ao estado pra disputar uma vaga como governador.

No primeiro turno das eleições, teve 26,81% dos votos, muito próximo, inclusive, do terceiro colocado, e tá na disputa do segundo turno com Onyx Lorenzoni, que ficou em primeiro lugar nesse primeiro turno, com 37,5% dos votos. Vou fazer logo a primeira pergunta, e, na sequência, a gente já solta o cronômetro de uma hora pra essa nossa conversa. Candidato, começo justamente falando sobre o apoio de Edegar Pretto, do PT, a sua candidatura. A gente sabe que alguns apoiadores dele na campanha passada, como Manuela d'Ávila [PCdoB], que é um nome muito forte do estado, já declarou apoio ao senhor, no entanto, não há ainda um apoio oficial, tanto de Edegar Pretto como também do PT, e o que alguns consideram como fundamental pra essa sua possível vitória nesse segundo turno. O senhor pretende correr atrás desse apoio, como é que tá essa negociação?

[Eduardo Leite]: Bom, Fabíola, eu tenho dito e salientado o seguinte: ninguém tem votos. Todos nós tivemos votos naquele domingo, naquelas condições de temperatura e pressão, vamos dizer assim, ninguém leva votos para casa, ninguém guarda votos na gaveta, no cofre ou em qualquer lugar. No dia seguinte da eleição, todos nós, eu e meu adversário, e também aqueles que não passaram ao segundo turno têm zero votos. Então é uma nova campanha, uma nova eleição. Nós estamos conversando com outros partidos, sim, e temos apoio de outros partidos que não passaram ao segundo turno.

No caso do PT, eles estão focados na sua eleição nacional, na eleição para Presidência da República. A nossa eleição é uma outra eleição, então nós não encaminhamos um pedido de apoio formal, mas acho que há uma convergência daquilo que não se quer para o estado e não se deseja, que é um caminho para aventura, que é uma aposta e que apresenta preconceito e falta de projetos para o estado do Rio Grande do Sul, que é do nosso adversário, e esta convergência do que não queremos ela já é bastante importante para o estado do Rio Grande do Sul para se encaminhar uma vitória nesse segundo turno. Então não se trata sobre construção de apoios formais, embora meu perfil sempre tenha sido e seja do diálogo respeitoso, conversei com o candidato Edegar Pretto, como conversei com a ex-deputada Manuela, o ex-governador Tarso Genro, que eu respeito, embora tenha diferenças programáticas com eles, e eles comigo, mas que temos uma convergência em torno do que pensamos da democracia, no fortalecimento das instituições aqui no nosso estado, também.

[Alberto Bombig]: Candidato, o fato de o senhor não ter declarado voto em Lula no segundo turno, apoio ao Lula no segundo turno, não atrapalha essa negociação? Não é isso que emperra? E eu pergunto: sendo o senhor um adversário direto do chamado bolsonarismo, no Rio Grande do Sul, o seu adversário foi ministro do Jair Bolsonaro, comunga e compartilha de várias ideias do presidente, por que o senhor reluta em se aproximar mais do PT, das ideias do Lula, da frente que o Lula está tentando montar. Até o João Amoêdo, do Novo, já declarou voto no Lula, a Simone Tebet, com quem o senhor se entendia muito bem, também, até conversaram na montagem de uma chapa, está com o Lula, um pedaço do PSDB, não todo ele, mas há gente do PSDB também com Lula, do seu partido, o que o impede de fazer esse movimento em direção ao Lula?

[Eduardo Leite]: Bombig, João Amoêdo, Simone Tebet e essa parte do PSDB que te referes, que tem apoiado, não são candidatos nem líderes de projetos políticos nesse momento numa eleição, são duas eleições no dia 30 de outubro, uma para governador e outra para presidente da República, não é uma eleição, não é pacote fechado, é uma eleição para governador, que vem primeiro, inclusive, o primeiro voto é para governador, e a outra eleição de presidente. O Brasil é muito importante, sem dúvida nenhuma, e eleição para presidente é importante, mas o Rio Grande do Sul também é, né? O nosso estado tem uma tradição política e precisa debater os seus assuntos locais. Eu sou líder político de um projeto para o estado do Rio Grande do Sul e quero centrar e preciso centrar o debate nos assuntos do estado, tratar da eleição nacional dentro desse processo da eleição estadual não atende ao propósito de discutir um projeto do Rio Grande do Sul. Aliás, só atenderia ao propósito do meu adversário, pela sua ausência de projetos, pela sua ausência de propostas, pela sua incapacidade política e administrativa demonstrado ao longo da sua história, ele não quer debater Rio Grande, ele não quer debater projetos, ele não quer debater a sua incapacidade.

[Fabíola Cidral]: Candidato, nesse ponto, que é a pergunta do Bombig, por exemplo, a sua declaração de voto, ou um ou outro, poderia lhe atrapalhar na disputa estadual? Aí a gente falando do ponto de vista político, eu sei, o senhor tem o foco claro no seu estado, é onde o senhor vai atuar, vai ser governador, mas a gente sabe que a declaração nacional pode dar ou tirar votos. Uma declaração de voto em Lula tiraria votos em seu estado, é isso?

[Eduardo Leite]: Não estou tomando qualquer posição por interesse eleitoral, um mero interesse eleitoral. A minha posição é para que a gente possa ter uma eleição no Rio Grande do Sul em que se debata o estado, é isso que é importante, que os gaúchos possam ter um debate político na eleição para governo do estado, centrado nos problemas do estado, nas questões estaduais que são muito importantes na vida dos gaúchos. Nem Lula, nem Bolsonaro estarão no Palácio Piratini nos próximos quatro anos para pagar salário dos servidores que estava atrasado e que nós colocamos em dia, para fazer obras de pavimentação nos municípios que ainda não tem acesso asfáltico no estado, para fazer pagamento aos hospitais que estava também com atrasos quando nós assumimos e que nós colocamos em dia, e até aumentamos os repasses para hospitais, estamos fazendo investimentos. São pautas que precisam ser debatidas, entrar no debate eleitoral nacional só atrapalharia o debate local, não é uma questão de tira votos ou dar votos, é uma questão de nós podermos nos debruçar sobre o tema e o debate que deve interessar e importar numa eleição local.

[Fabíola Cidral]: O senhor falou que está neutro nessa disputa, mas o senhor vai votar nulo? Ou não, tem o seu candidato e prefere não revelar?

[Eduardo Leite]: Eu reservo o meu direito, como cidadão que sou, nesta eleição nacional, sou líder político de um projeto para o estado do Rio Grande do Sul, na eleição que eu estou participando, e na eleição nacional, como cidadão, não revelarei o meu voto, mas eu terei um voto lá, como cidadão, para um dos candidatos.

[Fabíola Cidral]: O senhor vai votar, então, em um dos candidatos, o senhor não vai anular seu voto? Mas não vai revelar...

[Eduardo Leite]: Não anularei nem votarei em branco.

[Fabíola Cidral]: Não quer nem dizer em quem não vai votar? Porque isso já ajuda também.

[Eduardo Leite]: Eu respeito aqueles que façam até o voto branco e nulo, mas entendo que essa eleição precisa ter a escolha de um dos candidatos, e eu vou me reservar o direito de não manifestar o meu voto e nem no que eu não voto, obviamente.

[Alexa Salomão]: Governador? candidato, que agora a disputa é para voltar a ser governador.

[Eduardo Leite]: Pode chamar de Eduardo, não tem problema, que aí vai estar sempre certo.

[Alexa Salomão]: Candidato, o senhor mencionou as diferenças programáticas com o PT. Mas, para fazer uma aliança com o PDT, o senhor anunciou que não vai privatizar o Banrisul. O senhor, por excelência, fez uma gestão liberal. Diante dessas alianças novas que o senhor teve que fazer, a gente pode esperar um segundo mandato menos liberal? Como seria um segundo mandato Leite, agora?

[Eduardo Leite]: Não se trata de fazer uma interferência no programa de governo, nem é cabido isso, nem é cabível que a gente tenha uma alteração do plano de governo, mas a gente pode, como é próprio da política, fazer concessões pontuais para poder salvar o mais importante. O mais importante do Rio Grande do Sul é salvar justamente o que nos trouxe até aqui para um estado saudável, que consegue pagar as suas contas. O meu adversário aqui, Alexa, está prometendo desfazer a Reforma da Previdência que foi feita, está prometendo retomar benefícios e vantagens de carreiras de servidores públicos que quebraram o estado no passado, ele está prometendo suspender o processo de privatização da companhia de saneamento. Ele vai desfazer as conquistas que nós tivemos, com muito esforço, nesses anos para colocar o estado em pé, para equilibrar as contas do estado. Ele está prometendo botar a mão no dinheiro do Banrisul, do banco do estado, que vai quebrar o banco, porque o Banrisul tem as suas reservas, como qualquer banco, em títulos do Tesouro, são R$ 46 bilhões que o estado tem, ele está dizendo que vai botar a mão nesse dinheiro, vai botar a mão no dinheiro do banco, então, para poder salvar e defender o estado de uma ameaça de um populismo fiscal e de uma demagogia absurda que é representada pelo meu adversário, absurdamente irresponsável com o futuro do estado.

A gente faz sim composição, alianças e até concessões políticas, mas o programa que nós representamos é conhecido, é o que busca um estado enxuto, equilibrado, mas que tem sensibilidade social, que combate com firmeza a criminalidade, com polícia na rua, mas que olha também com atenção para ações de assistência social, de transferência de renda, como a gente criou aqui o pioneiro programa Devolve ICMS. É primeiro estado do Brasil que devolve imposto para as famílias de baixa renda, devolvendo o que é correspondente a todo imposto que essas famílias que estão no Cadastro Único, são mais de 500 mil famílias, mais de 1,5 milhão de gaúchos que têm direito de receber todo o imposto que pagam na alimentação, no transporte, no gás, devolvido para elas. Então, a gente sempre combinou, na nossa forma de condução do estado, o olhar para um estado que se organiza financeiramente e que, consequentemente, precisa fazer reformas, se modernizar, mas que tem sensibilidade social e cuida das pessoas que mais precisam de forma responsável também.

[Fabíola Cidral]: Voltando um pouquinho pra política e falando um pouquinho sobre bolsonarismo, esse é um assunto importante que tem a ver em todos os estados também, inclusive no seu estado, que teve maioria de votos para Bolsonaro. Ontem, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva falou que o bolsonarismo está criado no Brasil e que é preciso que a sociedade brasileira seja conscientizada. Eu estava entrevistando há pouco o Marcelo Freixo, que foi derrotado no estado do Rio de Janeiro para um candidato bolsonarista. O senhor está numa disputa com um candidato bolsonarista. Como é que o senhor entende bolsonarismo no Brasil, nesse momento, o que isso significa na sua análise, e como lidar com isso?

[Eduardo Leite]: Olha, antes de tudo, eu sempre ressalto: mais do que haver a crítica ao Bolsonaro por posições, é preciso entender por que uma massa da população, um grupo grande de cidadãos se associa e defende isso, muito em reação também a outras formas de atuação política que acabaram gerando esse tipo de reação na sociedade, nitidamente casos de escândalos de corrupção e outros que geraram esse sentimento, e que acabaram sendo canalizado para uma insurgência e até um ataque às instituições, muitas vezes. Então a gente precisa fazer uma análise bem mais ampla disso, o que vai ser reservado, sem dúvida nenhuma, para o momento seguinte às eleições. Nesse momento, eu busco defender o meu estado e proteger meu estado de uma posição política que é preconceituosa, agressiva, sem projeto dentro do que eu já mostrei à população gaúcha da forma como eu ajo, que é, pelo contrário a essa posição, a do diálogo aqui, a que respeita as diferenças, a que tem posição firme sobre os assuntos, convicções muito claras sobre o papel do Estado na economia, como é o que estado deve se organizar, os programas sociais que devem ser desenvolvidos, nós temos agenda, temos projeto, temos propósito, mas nem por isso passamos por cima de quem pensa diferente, sempre respeitamos as instituições, os partidos políticos, as forças da sociedade, a imprensa no seu papel de fazer a crítica, né, e como eu sempre disse, imprensa livre pra criticar e pra ser criticada também. Dentro de uma democracia saudável, é isso que a gente busca. Mas claro, a crítica dentro do que é razoável, dentro do que é aceitável, não simplesmente tentando destruir reputações e destruir instituições, como o que a gente observa, então a minha luta é pra que a gente possa mostrar à população que há um caminho que não é tolerante com a corrupção e que não é também intolerante com as pessoas, com a diversidade da nossa população.

[Alexa Salomão]: Vou aproveitar seu gancho e perguntar...

[Fabíola Cidral]: Desculpa, Alexa, só falando agora que há uma alternativa. Só queria ouvir se é essa a frase, há uma alternativa ao bolsonarismo, é isso, candidato?

[Eduardo Leite]: A alternativa que eu busco representar aqui, eu mesmo e o projeto que eu represento são sobreviventes da guerra política. Esta polarização estabelecida no nível nacional é uma polarização que está estabelecida, não estou classificando aqui nem um candidato nem o outro desses polos, eu estou... eu consegui chegar ao segundo turno apesar de não participar dos polos. Dois candidatos aqui no Rio Grande do Sul tinham seus padrinhos políticos, estavam especialmente vinculados às candidaturas nacionais, e eu cheguei no segundo turno sem participar dessa polarização. Isso é uma alternativa que nós estamos apresentando. Como eu disse: a que não tolera a corrupção, mas que é sensível socialmente, a que busca um estado mais moderno, mais adequado aos tempos atuais, revendo estruturas, revendo o tamanho da própria máquina, revisando a sua forma de atuação em determinadas frentes, mas que tem sensibilidade social e cria novos programas pra fazer transferência de renda e promover socialmente a população, quer dizer, não precisa ser uma coisa ou outra, ou respeita a cultura ou é firme nas ruas combatendo a criminalidade. Eu não entendo que deva ser uma coisa ou outra, eu acho que tem que combater com firmeza a criminalidade, mas tem que ser, sim, sensível e prestigiar, por exemplo, manifestações culturais nas suas diversas formas. A cultura não pode ser o que o governo acha que tenha que ser. Ela é a manifestação do povo nas suas diversas formas. E há que se respeitada, e o governo tem que alimentar, dar instrumentos, financiar, ajudar pra se desenvolver nas diversas manifestações culturais, o que é próprio... o que emana do povo, e não o que o governo gosta, o que o governante curte apenas.

[Alexa Salomão]: Governador, o senhor mencionou aí sobre a onda conservadora. O senhor diria que essa onda conservadora pode ser também uma onda homofóbica, por natureza? Eu pergunto isso porque o Onyx tem adotado um comportamento questionável sobre esse aspecto, mencionou que com ele o estado vai ter uma primeira-dama de verdade, não apertou a sua mão. Essa onda conservadora pode descambar para homofobia?

[Eduardo Leite]: Já está descambando, já é claro isso, porque não é um episódio isolado. Vamos lá, não é apenas a manifestação do meu adversário sobre ter uma primeira-dama de verdade, o que, em primeiro lugar, além de homofóbico é absolutamente insano achar que os problemas do estado serão resolvidos porque tem uma primeira-dama, é absurdamente irresponsável em vender esta ideia para a população, como se o salário dos servidores se resolvesse por uma primeira-dama, como se os repasses aos hospitais e investimentos na área da Saúde fosse... deixassem de ser feitos porque não tem uma primeira-dama. É absolutamente ridícula essa ideia, e lamentável que seja trazida dessa forma.

Mas ela não é feita isoladamente, essa manifestação, num outro debate, o meu adversário ficou insistindo várias que era um homem de verdade, em outro momento nós tivemos no início da semana passada, fizemos uma ação judicial para tirar do ar, nas redes sociais, um vídeo feito por um colaborador que é pago pela campanha dele, está lá na sua prestação de conta a remuneração, um sujeito que publicou vídeos na internet dizendo que nós defendíamos uma ação cultural feita em Santa Catarina, que era chamada "Roda Bicha" dentro de uma ação de promoção de diversidade. E que, de fato, eu defendi que não houvesse censura, porque houve manifestações lá contrárias ao apoio de recursos públicos àquela manifestação. E como eu acabei de dizer, manifestação cultural tem que ser nas suas diversas formas, não tem como você separar de manifestação de cunho político, não político partidário ou político eleitoral, mas de política que defende uma parte da sociedade, que defende um ponto de vista, um tipo de olhar sobre os temas diversos, então é próprio da cultura esse tipo de manifestação, e acabou que teve dinheiro público lá da Lei Aldir Blanc, do governo federal, está lá o logotipo do Ministério do Turismo, mas enfim, é menos importante sobre isso. O que este sujeito quis insinuar na frase dele, num vídeo publicado nas redes sociais, ele chegou a falar a seguinte frase: "Eduardo, você faça o que quiser com a sua vida, mas não venha bulir com as nossas crianças". O que é uma frase que chega a sugerir de algum tipo pedofilia. Assim, é absurda e nojenta a forma como fazem política com esses tipos de ataques, com as agressões e com as inverdades. Mas nós já atuamos judicialmente para que se retirasse aquele vídeo do ar e que se fosse concedido direito de resposta, além disso, as demais ações judiciais que serão pertinentes no sentido de responsabilizar esse tipo de manifestação absurda, lamentável que nada contribui com a nossa democracia.

[Fabíola Cidral]: Quando o senhor estava falando sobre a história da primeira-dama, me veio aqui um pouco da sensação que o senhor estava falando também de machismo, o senhor não chegou a usar essa palavra. O senhor considera seu adversário, Onyx Lorenzoni, machista, homofóbico diante disso que o senhor está falando?

[Eduardo Leite]: Ele incentiva, no mínimo, esse tipo de comportamento. Como eu disse, não são poucos os casos, é o seu colaborador que está remunerado falando esse tipo de coisa no vídeo que eu já mencionei. As manifestações subliminares, um tanto dissimuladas sobre essa questão de primeira-dama, ser homem de verdade, nos seus eventos estão lá os vídeos, no YouTube, tem sempre alguém gritando algum tipo de coisa homofóbica. E recentemente, um episódio de um vereador em Cruz Alta, um ex-vereador de Cruz Alta, município do estado, que estava em cima de um caminhão, fazendo campanha para o meu adversário também com declarações claramente homofóbicas e preconceituosas. Então, é lamentável que se façam política dessa forma enquanto a população quer saber da pavimentação das estradas, quer saber do atendimento de saúde, da ampliação de clínicas especializadas para fazer cirurgias e consultas que estão reprimidas no pós-pandemia, na retomada da aprendizagem em função do período que as crianças ficaram fora da escola, quais são as estratégias para retomar a aprendizagem, da política tributária do estado para induzir o desenvolvimento, são esses temas que a gente precisa discutir para melhorar a vida das pessoas.

E claro, tudo isso, dentro de um ambiente democrático que acolha as pessoas, que não hostilize as pessoas pela sua crença religiosa, pela sua cor, pela sua cultura, pela sua raça, pela sua idade, pelo seu gênero, pela sua orientação sexual, porque isso também é fator de desenvolvimento econômico, tem mais esse ponto. Além de ser uma questão de dignidade, de construção de uma sociedade que se respeitam, que as pessoas se respeitam, que é importante do ponto de vista da dignidade humana, também é economicamente importante já que algumas pessoas apenas olham pelo viés econômico, muitas vezes, se vai crescer, se vai ganhar dinheiro, se não vai, para nova economia, para o que este novo momento econômico que a gente vive vai exigir é importante que nenhum talento seja hostilizado, se a gente quer crescer economicamente, a gente tem que incentivar as pessoas a quererem viver nesse estado, e vão querer viver aqui os jovens que são a força de trabalho, a mão de obra, o capital humano fundamental para gente ter futuro, vão viver aqui na medida em que se sintam acolhidos e não hostilizados.

[Alexa Salomão]: Então, governador, eu queria te fazer uma pergunta nesse sentido. Eu sou gaúcha, eu sei que gaúcho é conservador. Eu queria só insistir um pouquinho mais nessa questão: você acha que esse ataque homofóbico pode prejudicar a sua candidatura? Esse tema realmente pode tirar votos do senhor, no Rio Grande do Sul, nesse momento?

[Eduardo Leite]: Eu tenho certeza, tenho confiança absoluta no povo gaúcho, que sempre me deu melhor carinho e tratamento. Então não representam estes, que estão fazendo estas declarações, a maioria do povo gaúcho, e isso será expressado nas urnas, não apenas por esse motivo, mas pelos projetos que nós temos para o Estado do Rio Grande do Sul. É um povo que eu tenho certeza que, na sua maioria, é acolhedor. Eu sempre fui recebido por uma imensa maioria de gaúchos que me dão carinho, incentivo, que me instigam a fazer ainda mais por este estado. Então, tenho certeza de que prosperará o amor, o respeito, o diálogo, para o futuro do nosso Rio Grande.

[Alberto Bombig]: Candidato, queria fazer uma pergunta que sintetizasse o que a gente conversou até agora aqui, tanto da parte política quanto dessas últimas questões: combater isso não é também um dever civilizatório? E se o senhor concorda que combater isso é um dever civilizatório, o senhor não deveria se posicionar na eleição nacional do lado...

[Eduardo Leite]: Eu estou combatendo isso. Eu estou combatendo isso aqui, Bombig.

[Alberto Bombig]: ... de uma maneira geral defendem isso também...

[Eduardo Leite]: Estou combatendo. O posicionamento é sobre os temas, não é sobre candidatura...

[Alberto Bombig]: ... tomar uma posição?

[Eduardo Leite]: Eu tenho posição, eu estou posicionado, eu estou defendendo os pontos de vista. Eu não preciso ser medido nessa régua estreita da eleição nacional. Eu não sou tolerante com a homofobia, Eu não sou tolerante com a intolerância. Eu trabalho por uma cultura de paz, de respeito, e tenho feito isso no meu estado. Eu sou líder político em um projeto no meu estado. Nesta eleição, eu tenho uma responsabilidade com o meu estado, preciso debater os temas do meu estado. Tem uma outra eleição importante, estou me posicionando sobre os temas que dizem respeito, inclusive, também a esse debate nacional, mas não necessariamente com a declaração do voto. Estou me posicionando sobre os assuntos, sobre os temas.

[Fabíola Cidral]: Falando em temas, a gente falou sobre homofobia, eu queria falar sobre racismo, governador, porque esse é um problema grave no Brasil, racismo estrutural, e no Rio Grande do Sul. São vários relatos. Acho que o mais recente, inclusive, que está no noticiário gaúcho, que é em relação ao cantor Seu Jorge, que sofreu recentemente um ataque racista. Foi vítima de racismo. Está sendo investigado ainda, no entanto, ele diz: "Muita grosseria racista", disse Seu Jorge após um ataque em um show. Imitaram macaco ali. Foi algo extremamente horrível, e a gente não tem nem ideia do que é sofrer algo nesse sentido, nós, aqui, como pessoas brancas. Eu queria entender, como Governador do Estado, caso o senhor eleito, o que o senhor vai fazer para combater o racismo presente no Rio Grande do Sul?

[Eduardo Leite]: Olha, antes de tudo, a minha solidariedade uma vez mais. Já me manifestei pelas redes sociais e me manifesto uma vez mais aqui, a minha solidariedade ao Seu Jorge e a todos aqueles que, junto com ele, sofreram esse tipo de ataque, o meu repúdio mais veemente a esse tipo de atitude, que, insisto, não representa o sentimento majoritário do povo gaúcho, que é sim um povo diverso culturalmente, que tem uma presença de cultura negra fortíssima, por conta da presença forte que existe de população negra aqui. Eu admiro, respeito e entendo que isso nos faz maiores como povo, essa diversidade racial, étnica, cultural que nós temos aqui, e trabalho sempre para a valorização dessas diferenças que, acho, como eu disse, nos fazem maiores, nos fazem melhores, e não inferiores. Já temos trabalhado sobre isso, Fabíola. No nosso governo, nós criamos a primeira delegacia de combate à intolerância. É importante reforçar as estruturas para que se faça, se de a devida consequência para atos racistas e homofóbicos, todos aqueles de intolerância ou aqueles que ofendam as pessoas pelo seu gênero ou por outra questão, até por crença religiosa também, que não deve ser tolerado nenhum tipo de discriminação religiosa também, então, nas suas várias formas de se fazer presente, a intolerância precisa ser coibida, e precisa ser dado consequência.

Nós criamos uma primeira delegacia de combate à intolerância e vamos reforçar essas estruturas para que a gente possa dar sequência a quem comete um crime dessa forma. Além disso, o trabalho de valorização cultural. A gente ampliou muitos recursos para fomento à atividade cultural no estado. Nós dobramos os recursos disponíveis na nossa lei estadual de incentivo à cultura e criamos formas de acesso aos recursos que prestigiam os projetos que têm algum tipo de ação de enfrentamento aos preconceitos, que tratam de temas sensíveis, ajudando, através de ações culturais, a se criar um ambiente de maior tolerância e de respeito aqui, no estado. A gente avançou muito nessas pautas e vamos continuar trabalhando nessa direção. Agora, como eu sempre digo, cultura, nesse sentido, ela é um hábito coletivo. Você não aperta um botão e transforma toda sociedade de uma para outra sem preconceitos absolutos. O importante é ir formando essa novas gerações e empurrando na direção de uma sociedade aberta, plural, que se respeita; e dar consequências, reprimir e dar consequência àqueles que não entenderam a gravidade que os seus atos preconceituosos têm.

[Alexa Salomão]: Candidato, mudando um pouco de assunto pra cena nacional, foi dito, quando Garcia apoiou Tarcísio e Bolsonaro, que aquilo era o prego no caixão do PSDB. Qual o futuro do PSDB depois dessa eleição, governador?

[Eduardo Leite]: É, vai depender ainda das eleições que temos pela frente, eu fico feliz de estar no segundo turno junto com outros candidatos do PSDB, além do Eduardo Riedel, no Mato Grosso do Sul, que representa... busca representar a continuidade também do governo do governador Azambuja, mas especialmente cobreado aí nesse segundo turno por colegas de partido que têm meu respeito e minha admiração, que são a Raquel Lyra, em Pernambuco, e o Pedro Cunha Lima, na Paraíba, que especialmente me refiro a eles por conta de serem jovens como eu, novas lideranças que estão assumindo a frente nos seus estados, e que, tenho muito expectativa, possam se eleger também. Então diante do quadro que tivemos ao final deste segundo turno das eleições, certamente teremos que buscar, conversar, identificar caminhos pra fortalecer um projeto, como eu disse, alternativo a esses que estão hoje polarizando a eleição em nível nacional, e que busque representar aquilo que eu já mencionei aqui: a capacidade de sermos eficientes na máquina pública, modernos do ponto de vista de gestão pública, mas sensíveis socialmente, respeitando as manifestações culturais, ajudando a fortalecer a nossa democracia a partir do respeito às instituições, com sensibilidade através de programas efetivos de transferência de renda, que promovam socialmente a população que mais precisa, como eu disse, que mostre um caminho alternativo, e que concilie aquilo que se convencionou ter como próprio da direita e aquilo que se convencionou ter como propriedade da esquerda, que é... né, o que tô tentando demonstrar aqui, dá pra fazer ações culturais, sociais, prestigiar e ter este combate à intolerância, promover minorias da nossa sociedade, e, de outro lado, ter um governo eficiente, enxuto, responsável com as contas, buscando modernizar os nossos estados e o nosso país, então isso é o que o PSDB precisa se propor a ser, e que vai ensejar, eventualmente, até discussão de fusão com outros partidos, com a criação de algo novo, porque... no sistema eleitoral que nós temos, pra ter relevância, vai ter que aumentar a sua representatividade...

[Alberto Bombig]: Você vai liderar esse processo, candidato, você tá disposto a liderar esse processo? Ganhando ou perdendo, o senhor é apontado como um nome pra liderar a reconstrução do PSDB. Eu pergunto se o senhor aceita esse desafio, mesmo eleito ou não, né, se não for eleito, se o senhor aceita esse desafio, se o senhor tá disposto, e se o senhor liderar essa reconstrução, o caminho é esse, um caminho nem nem, ou é um caminho mais pra social democracia, pras origens do partido, ou como a Alexa citou, esse caminho aqui de São Paulo, que é... parece que é ser uma linha auxiliar do bolsonarismo, PSDB paulista tá meio nesse caminho hoje, tem lideranças na Câmara também nesse caminho, como o senhor vê esse futuro e sua participação, sua posição nele?

[Eduardo Leite]: Olha, eu quero estar num partido em que eu me reconheça. E eu me reconhecerei no PSDB na medida, seja neste formato, como partido que ele é atualmente, formato que eu digo PSDB, né, ou seja, no que vem a ser criar a partir dele, se discutirmos fusão, incorporação de outro partido, seja o que for, seja o que vier na frente, tem que... pra me fazer sentir representado, tem que, antes de tudo, ser moderado. Moderado no sentido... não significa ficar em cima do muro. A moderação significa podermos exercer de forma firme as nossas convicções sem passar por cima dos outros. O caminho que a política nacional tomou nesta polarização é de destruição de um campo ou de outro, né? As pessoas querem ver afirmar a sua... o seu posicionamento ideológico destruindo quem pensa diferente. E eu quero poder ajudar a criar algo que permita melhor convivência. Num ambiente democrático, de pontos de vista políticos diferentes e divergentes, pra que a gente seja uma sociedade em que a política efetivamente esteja a serviço das pessoas pra tornar as pessoas mais felizes, e não pra tornar a vida delas insuportável, que é o que parece estarmos caminhando, irmos em direção a termos... ser absolutamente insuportável falar de política, viver no país, e querermos ter prazer de estar... vivendo sob esta política é difícil. Então eu quero ajudar a construir isso. Então eu estarei proposto, estarei disposto a ajudar nessa direção, mas meu papel, onde atuarei, de que forma, isso vai se identificar depois, nesse momento, o debate, o interesse é a eleição local pra defender o meu estado de um retrocesso, não permitir que se retroceda, nem do ponto de vista fiscal, nem do ponto de vista civilizatório aqui no Rio Grande do Sul.

[Fabíola Cidral]: O João Doria estaria nesse novo partido que pode se fundir, como o senhor fala, a gente entrevistou ele recentemente, ele fez uma análise do PSDB, disse que o partido se seguir nesse ritmo tende a desaparecer, é um partido perdedor, que inclusive o excluiu da disputa. Como é que está hoje, de repente, sua relação com João Doria que esteve na disputa com o senhor? E ele estaria nesse novo PSDB ou não?

[Eduardo Leite]: Olha, essa é uma discussão, como eu disse, que será reservada para depois do processo eleitoral, então, nesse momento, eu me abstenho de fazer manifestações, porque, como eu disse, eu já participo de um outro debate, muito mais importante que é o meu estado, o Rio Grande do Sul, que eu preciso defender aqui, como eu disse, da irresponsabilidade fiscal, da intolerância, do preconceito, da falta de projetos, da incapacidade administrativa e tudo mais que é representado pelo meu adversário. Este é o debate que hoje tem toda minha atenção, todo meu foco, para poder cuidar do meu Estado, do povo ao qual me dedico neste momento da minha vida pública.

[Fabíola Cidral]: Qual seria o partido de fusão? O senhor falou umas três vezes "se unir a outro partido", quais os partidos que poderiam se unir ao PSDB?

[Eduardo Leite]: Não tenho essa leitura imediatamente, Fabíola. Estou trazendo apenas porque a gente tem uma lei eleitoral de partidos políticos que estabelece regras da cláusula de barreiras, de acesso ao tempo de TV, aos recursos e tudo mais, que vai ensejar, pela aplicação dessas cláusulas, para muitos partidos a necessidade de discussão sobre seu futuro, então é natural que se abra um momento de discussão entre esses partidos sobre os seus caminhos. O que se está buscando nas reformas eleitorais recentes é diminuir o número de partidos políticos no Brasil, é acho saudável que a gente busque essa diminuição de número de partidos, porque como sempre se falou, não tem 30 ideologias diferentes, não tem 30 programas políticos diferentes no Brasil, a gente precisa buscar reduzir isso para poder conduzir o eleitor a um melhor processo de escolha no que os partidos se propõe a ser, uma espécie de aglutinação de modo semelhantes de pensar para poder facilitar o processo de decisão do próprio eleitor.

[Fabíola Cidral]: Posso ir? Bom, vamos lá, eles estão ali, vou eu. Eu tenho um monte de pergunta aqui. Governador, eu queria falar a respeito também de educação, ao fechar o apoio com o PDT, o senhor se comprometeu a oferecer aula integral, ensino integral a 50% das escolas. Queria saber como fará isso, como é que está hoje a educação no Rio Grande do Sul, qual é sua preocupação nessa área, e como vai fazer cumprir essa sua promessa de campanha?

[Eduardo Leite]: Vamos lá, é importante destacar, Fabíola, que quando nós assumimos o governo, o Estado ainda vivenciava, a despeito até de esforços feitos no governo anterior que me antecedeu, já começava uma discussão importante sobre reorganização da máquina para buscar o melhor equilíbrio, o Estado nos últimos 50 anos, o Rio Grande do Sul nos últimos 50 anos viveu 42 anos com desequilíbrio nas contas, gastando mais do que arrecadava, com déficit nas suas contas. O que significou muita dificuldade para pagar compromissos básicos, então salário dos servidores estava atrasado, o Estado não conseguia pagar o piso nacional do magistério, precisava fazer um completivo salarial para chegar no valor do piso, estava com uma série de medidas que precisavam ser tomadas para ajustar as contas, voltar a pagar em dia, pagar o piso, a gente foi trabalhando nessa lógica. Então a gente faz reformas, passa a pagar o salário em dia, bota o 13º em dia, agora vai ser até antecipado, o governo consegue pagar antecipado o 13º dos servidores, e reformamos a carreira dos professores e passamos pagar até mais do que o piso, o professor que entra no Estado hoje recebia menos que o piso nacional, precisava chegar... tinha um completivo para chegar no piso, agora recebe 10% a mais do que o piso nacional quando ele entra na carreira. Não é muito, não é ainda o ideal, mas é mais do que era anteriormente, então o nosso foco esteve muito nesses ajustes.

Agora que o Estado tem capacidade de investimentos, o foco é em podermos atuar do ponto de vista estrutural, adequar nossas escolas para que a gente possa fazer essa ampliação de carga horária nas escolas, saindo de hoje, cerca de 17 escolas que nós temos de ensino médio, apenas em tempo integral, apenas 17 escolas que o estado tem, chegarmos até o final do próximo mandato há mais de 500 escolas com ensino médio em tempo integral, esse é nosso foco, existe um planejamento já estruturado pelo estado que começa já com ano que vem com 140 escolas se tornando escolas de ensino médio em tempo integral, isso significa não apenas fazer, é importante dizer, reprodução em dois turnos do que se faz em um turno, é toda uma remodelagem do currículo, do plano pedagógico da escola, para que possa ser interessante, atraente e retenha os alunos. O foco na retomada da aprendizagem também, a gente tem trabalhado fortemente dentro de um programa que a gente chama Aprende Mais, que a gente faz avaliação diagnóstica do desempenho de todos os alunos, identifica as fragilidades, escola por escola, isso é identificado das fragilidades dos alunos, formamos o material, fazemos o material pedagógico específico para as deficiências mais relevantes, apuradas, e formamos os nossos professores, inclusive, pagando a eles uma bolsa para que eles frequentem a formação continuada, a gente remunera 30 mil professores para frequentarem essas aulas de formação continuada, que preparam eles para estas fragilidades e para recuperação da aprendizagem que se observou mais urgente, mais importante. Já tínhamos um problema anterior à pandemia, temos ainda mais depois da pandemia necessidade de uma recomposição rápida da aprendizagem desses alunos, então estamos neste processo para poder garantir avanços aqui na educação do Rio Grande do Sul, que é absoluta prioridade.

Tenho dito que depois de arrumar a casa, como fizemos no primeiro mandato, nosso foco é arrumar a escola, a gente tem feito muita obra, muito investimento para retomar competitividade, reduzindo os impostos, estamos buscando incentivar inovação no Estado, mas não adianta ter estrada e imposto baixo se não tiver mão de obra qualificada, é importante que capital humano seja preparado para esses empregos do futuro, por isso que a educação tem que ser prioridade inclusive como foco de desenvolvimento econômico.

[Alexa Salomão]: Eduardo Leite, qual é a sua posição em relação às escolas cívico-militares que os bolsonaristas tanto defendem?

[Eduardo Leite]: Olha, acho que elas podem até serem implantadas, mas jamais serem defendidas como a solução na educação, porque elas não têm nem escalabilidade, Alexa. Quantas escolas cívico-militares são capazes de serem implantadas? É um número mínimo, absolutamente reduzido. Não tem uma dezena de escolas nessa condição, possíveis de serem implementadas no curto prazo no estado. Nós temos só, na rede estadual de ensino, 2.300 escolas. Então, em primeiro lugar, não tem escalabilidade, não tem capacidade de tornar todas as escolas cívico-militares, e nem é razoável que se pense dessa forma. Tê-las como opção para determinada parte da população, acho que não é um problema, mas defender que a escola cívico-militar seja a solução da educação é absolutamente fora de cogitação.

[Fabíola Cidral]: Governador, eu queria falar sobre a pensão aos ex-governadores. Esse é um assunto, também no estado, que causa bastante repercussão. A Ordem dos Advogados do Brasil recentemente manifestou uma nota à contrariedade do pagamento de pensões e aposentadoria a ex-governadores, como o senhor, por se tratar de injustificável privilégio e transformar o mandato eletivo, atividade temporária e de doação, em uma carreira profissional, além de ser uma prática não republicana, que fere o princípio da moralidade administrativa. O senhor acha moralmente correta essa pensão?

[Eduardo Leite]: Eu abri mão e não estou recebendo. Sou o único dos que já governaram o Estado do Rio Grande do Sul que não recebe esta pensão, todos os meus antecessores recebem, e eles recebem em caráter vitalício. Já havia uma alteração, anterior ao meu mandato, que era para a partir do meu mandato ser apenas uma espécie de ajuda de custo para um período subsequente ao mandato, que seria de até quatro anos, porque aquele que se propõe a governar o estado, se for um médico, abandona o seu consultório, se for um advogado, deixa o seu escritório, acaba deixando a sua atuação profissional, e havia lá o entendimento de que garantir a remuneração, por um período, era de interesse público para que o governante não estivesse preocupado com o dia seguinte ao seu governo. Não é, e eu até entendo dessa forma, não é saudável que você tenha o governador do estado, nos últimos meses do governo, preocupado em distribuir currículos, porque ele tem relações com muita gente com interesse no estado, e ele tem muitas preocupações para com o povo do estado, que não deve estar preocupado imediatamente com o dia seguinte. Bom, muitos ministros têm a chamada "quarentena", deixam o governo e recebem uma remuneração por um período subsequente. Bom, deve ser de quatro anos, deve ser de seis meses, deve ser por três meses, um período diferente, essa é uma outra discussão.

Aliás, o Rio Grande do Sul é um dos poucos estados em que o governador não tem, no período imediatamente seguinte ao seu mandato, apoio de segurança, motorista ou qualquer outra coisa. São Paulo tem, sei que Maranhão tem, Ceará tem, Bahia tem, outro estados têm, outros não têm a remuneração, mas têm um apoio ao ex-governador com motorista e segurança, não é o caso do Rio Grande do Sul, que tinha optado por um caminho de uma ajuda de custo, mas enfim é uma discussão para mim superada, uma vez que eu abri mão deste direito, não estou recebendo, e sou o único dos que já governaram que não recebe este tipo de benefício.

[Alberto Bombig]: Candidato, eu queria falar um pouquinho de meio ambiente e agronegócio. O Rio Grande do Sul foi muito castigado por um período de estiagem muito forte este ano: seca, falta de chuva, os rios secaram, atrapalhou a produção de energia, atrapalhou a agricultura e também a pecuária. Queria saber qual a visão do senhor, primeiro, para minorar este sofrimento, se vier a acontecer de novo, minimizar esse tipo de coisa e como o senhor entende? porque também especialistas dizem que está acontecendo por conta do efeito climático, devastação da Amazônia, da forma como o ser humano vai lidando com o meio ambiente. Como é que o senhor pretende conciliar essas duas visões, o senhor falou da importância do meio ambiente, em um estado em que é tão importante o agronegócio, um agronegócio tradicional, a pecuária, queria que o senhor falasse desse tema, qual visão que o senhor tem desse tema de um agronegócio sustentável, digamos assim, se o senhor vier a vencer eleição novamente?

[Eduardo Leite]: Antes de tudo, destacar que acho que a gente não pode responsabilizar o agro simplesmente por questões ambientais. Acho que há uma maioria, imensa maioria de produtores que produz respeitando o meio ambiente. Acho que isso é importante destacar. Agora, é claro que o Estado, quando eu falo Estado, o Poder Público, não é apenas o Governo do Estado, isso envolve o Governo Federal, é importante que ele tenha política pública na direção de conscientizar, de punir quem faz errado porque o interesse da sociedade, do planeta é maior no sentido de diminuir os efeitos das mudanças climáticas sobre a vida humana no planeta. Então... E todas as formas de vida, na verdade, no planeta. Então vamos lá, duas partes aqui. Do ponto de vista do agronegócio, para proteger o agronegócio é importante avançar nos programas de irrigação. Chove durante o ano o suficiente para que nós tenhamos nossas lavouras irrigadas, só que essa chuva se dá de uma forma esparsa, que nem sempre se concentra nos períodos em que mais precisamos dela, então por isso que é importante tem reservação de água. Bom, pra fazer a reservação de água, é importante fazer também com responsabilidade ambiental, e aí entra um ponto sensível que é as licenças ambientais, a gente conseguir avançar em celeridade de reservação de água, de liberação das licenças sem comprometer o meio ambiente, ou seja, sem simplesmente ser uma facilidade que signifique fazer de qualquer jeito uma intervenção, que é a reservação de água, que acaba interferindo no ecossistema.

Por isso que a gente tá avançando em desburocratização com apoio também dos municípios, ampliando a estrutura de fiscalização, de licenciamento, com o apoio dos municípios, dando maior competência aos municípios para processos de licenciamento e reservação de águas pra poder fazer açudes, barragens que ajudem na irrigação das nossas lavouras. De outro lado, a gente tem, pela Secretaria de Meio Ambiente, na parceria com a nossa Secretaria da Agricultura, e esse ano foi o primeiro ano que a Secretaria de Meio Ambiente participou da organização da nossa maior exposição agropecuária, que é a Expointer, então a Secretaria do Meio Ambiente está cada vez mais associada também à Secretaria da Agricultura em diversas ações. Em uma delas, muito relevante, é o programa ABC, que é de agricultura de baixo carbono, que é com o trabalho no sentido de incentivar o correto manejo das pastagens para que haja a captura no carbono e, consequentemente, a redução das emissões, a redução líquida, né, ou seja, das emissões de carbono pra que haja uma captura do carbono, consequentemente, o saldo de emissões seja menor do carbono na atmosfera, diminuindo os efeitos da mudança climática, os gases de efeito estufa para mudança climática, que são ocasionados pela produção de proteína animal, da pecuária, então é importante que a gente tenha avanços nessa direção, incentive, estimule, que tenha o poder de polícia também com a punição a quem faz errado, mas que a gente não transforme também esse debate em algo que puna o produtor rural porque precisamos da produção de alimentos, precisamos, e podemos auxiliar atividade agrossilvipastoril com a proteção ao meio ambiente, que é desejada pro nosso planeta, inclusive para produção agropecuária, né, porque eles precisam das chuvas, eles precisam do clima adequado para sua melhor produtividade no campo.

[Fabíola Cidral]: Candidato, queria falar rapidamente sobre contas públicas. Seu adversário Onyx Lorenzoni disse que foi um erro o acordo fechado de recuperação fiscal no estado, dizendo, inclusive, que a negociação lá foi absolutamente errada, que a dívida não é essa de 74 bilhões, que houve até um crime, disse ele, né, e disse, inclusive, que poderia ter sido reduzido... reduzir isso em 15 bilhões, que vai fazer isso caso ele seja eleito. E aí já emendou também outra questão que o estado acaba querendo arrecadar mais e não reduz impostos, e uma das ações dele é reduzir o ICMS. Então queria saber a respeito disso, se o senhor considera que foi um erro ou não a negociação com o Governo Federal, e também se vai reduzir ICMS caso seja eleito.

[Eduardo Leite]: Absoluta demagogia do meu adversário, que é importante lembrar: em três anos de governo foi ministro em cinco pastas, não porque seja bom, mas porque é incapaz, tanto politicamente quanto administrativamente incapaz de gerenciar uma pasta, tanto do ponto de vista político, quanto administrativo. Me basta também lembrar isso, a relação da dívida do Estado com a União é uma relação credor e devedor, devedor é o Estado, credor a União. Quem é que estava lá na União, como ministro da Casa Civil quando se votou o regime de recuperação fiscal, quando se encaminhou o processo da recuperação fiscal? Quem é que estava lá ao lado do presidente? Quem é que se diz tão próximo do presidente da República e não fez com que ele mudasse pelo lado do credor a posição em relação ao devedor? O meu adversário. O que deixa claro que é absolutamente demagogia do meu adversário. Existe uma relação credor e devedor que não é só do Estado do Rio Grande do Sul, todos os outros Estados, na sua imensa maioria, têm alguma relação de dívida com a União, e se o Estado e as regras do contrato, da dívida feitos lá na década de 90 foram as mesmas para o Rio Grande do Sul quantos para outros Estados, tratar sobre o que não devemos aqui, significa uma posição muito mais ampla do que a do Rio Grande do Sul, a de outros estados também, significaria algo possivelmente trilionário para a União, que por isso mesmo não admite negociação nessa direção.

Acho que é saudável que possamos discutir politicamente, mas juridicamente, o Estado tinha uma liminar que nos permitia pagar a dívida, ele pagava a dívida conforme contrato até 2017, suspendeu o pagamento da dívida em 2017 por força de uma liminar, e quem é que estava atacando a liminar? O credor, a União, a partir do seu advogado-geral da União, escolhido pelo presidente da República, estava atacando a liminar conferida ao Estado do Rio Grande do Sul, para que o Rio Grande do Sul voltasse a pagar as parcelas integrais da dívida. E para não permitir que o Estado pagasse imediatamente as parcelas integrais, nós fizemos adesão do regime de recuperação fiscal, que é o caminho responsável, correto, para o que estado possa ir organizando as suas contas ao longo dos próximos anos, como nós estamos fazendo, botando contas em dia, pagando dívidas, regularizando pagamentos e retomando investimentos. Inclusive abrindo com isso espaço para redução de impostos, que já estamos fazendo. Nós reduzimos os impostos aqui já no início do ano, antes da redução, esta forçada pelo Congresso Nacional. Já no início do ano, tínhamos feito redução importante de alíquotas de ICMS sobre combustível, da energia, comunicação. Já tínhamos feito no ano passado redução de alíquotas internas do ICMS de 18% para 12%, o que nos permitiu acabar com a diferença de alíquota, compras feitas de outros estados, então, já tínhamos feito uma série de medidas.

[Fabíola Cidral]: Deixa eu só tocar o "pinga fogo", senão não vai dar tempo, e é importante que a gente tenha isso. Bom, peço que o senhor responda sim ou não, muitas das questões o senhor até já falou com a gente aqui, mas acho importante a gente ter só esse recorte, que é importante para o eleitor. O senhor é contra ou a favor a legalização do aborto?

[Eduardo Leite]: Acho que neste momento não é o caso de legalizar.

[Fabíola Cidral]: Contra ou a favor à descriminalização da maconha?

[Eduardo Leite]: Acho que também o debate para uma legalização enseja maior estudo científico e outras formas de construirmos o combate às drogas.

[Fabíola Cidral]: Só sim ou não, por favor, candidato.

[Eduardo Leite]: São assuntos mais complexos do que simplesmente sim ou não, Fabíola, não consigo dar uma ideia sobre o tema simplesmente sim ou não em temas sensíveis e polêmicos como esse. Eu sei que tu queres a lide e a manchete, é legítimo por parte do jornalista, a minha parte, responsabilidade como líder político para um projeto no estado é lidar com a complexidade dos assuntos, são mais complexos do que sim ou não. A legalização das drogas, especialmente da maconha, tem que ser debatida sabendo que nós temos outras drogas que são legais, o álcool, o cigarro... e outras drogas que são legalmente aceitas.

[Fabíola Cidral]: OK, candidato.

[Eduardo Leite]: ... a droga acaba financiando o tráfico, então o debate pode acontecer nessa direção, mas nesse momento eu me mantenho contrário ainda à legalização.

[Fabíola Cidral]: O senhor é a favor à cobrança de mensalidade em universidade pública?

[Eduardo Leite]: Acho que um formato que permita financiar e garantir que a universidade esteja mais para quem mais precisa é saudável, por isso, alguma forma de cobrança, sim, mas sem cercear acesso de quem precise.

[Fabíola Cidral]: O senhor é a favor de uso de câmeras em uniforme da polícia?

[Eduardo Leite]: Sou favorável e estamos implantando aqui, no Rio Grande do Sul.

[Fabíola Cidral]: Contra ou a favor à privatização do Banrisul?

[Eduardo Leite]: Já assumi o compromisso de não encaminhar a privatização.

[Fabíola Cidral]: O senhor é a favor da ampliação da posse do porte de armas por cidadãos comuns?

[Eduardo Leite]: Entendo que, nas regras atuais e aquelas vigentes até antes do atual mandato, estava adequado. Acho que deveríamos permanecer—

[Fabíola Cidral]: Não é preciso mudar.

[Eduardo Leite]: É.

[Fabíola Cidral]: O senhor é a favor de cotas raciais?

[Eduardo Leite]: Sou a favor.

[Fabíola Cidral]: Qual é a sua qualidade e o seu defeito?

[Eduardo Leite]: Eu sou muito esforçado, dedicado ao trabalho. Eu não saberia elencar, não é que não tenha defeitos, certamente eu os tenho, mas esse eu deixo para os adversários buscarem, aqueles que quiserem criticar. Há muita gente criticando, para eu mesmo me criticar aqui, então, vamos deixar para os outros.

[Fabíola Cidral]: Qual é a sua maior inspiração na política, algum líder político?

[Eduardo Leite]: Eu tenho muito respeito pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Acho que o Rio Grande do Sul tem grandes líderes na história também. Eu citaria um grande líder, que foi importante internacionalmente, Osvaldo Aranha, que foi secretário das Nações Unidas. Eu poderia elencar, internacionalmente, o Barack Obama, como uma liderança que entendo que, em tempos difíceis, foi também bastante importante para buscar sobriedade, sensatez, equilíbrio.

[Fabíola Cidral]: Caso eleito, qual vai ser o seu primeiro ato como governador?

[Eduardo Leite]: Nosso foco total no próximo governo estará na Educação. Sobre a Educação, nós vamos trabalhar para botar as escolas em boas condições o mais rápido possível. O governo vai ter que se reorganizar para ter melhor performance. O nosso desafio nesse governo que passou era equilibrar as contas e começar um processo de investimentos e agora o desafio é poder melhorar a performance do governo para poder dar mais respostas, mais rápidas, mais efetivas nos vários serviços públicos, e o prioritário, absoluto é a Educação.

[Fabíola Cidral]: Cabe uma pergunta rapidinha, Alexa, quer fazer?

[Alexa Salomão]: Eu quero, quero aproveitar o final para pedir um balanço para o senhor. Que na eleição, em 2018, o senhor abriu voto para o Bolsonaro. Qual é o balanço que você faz da gestão do atual presidente, era o que o senhor esperava? É positivo?

[Eduardo Leite]: Olha, frustrou expectativas do ponto de vista econômico, mas mais ainda do ponto de vista civilizatório, como eu disse, então, eu lamento que especialmente no processo da pandemia, quando deveríamos unir a população para enfrentar um inimigo comum, um vírus que tirou centenas de milhares de vidas, tenha se usado um momento crítico da história da humanidade para dividir ainda mais nossa população, para mais conflitos, para mais confrontos. Eu busquei, no meu estado, promover a união das pessoas para o enfrentamento. Não foi fácil, foi duro. A gente teve que enfrentar posicionamentos duros de um lado e de outro, buscar equilíbrio, ouvir as pessoas. Não é fácil em um cenário como esse, que interferiu na vida das pessoas, mas acho que o Governo Federal tinha ali uma oportunidade de buscar, em um momento em que o país vinha já de uma divisão política, a partir de um inimigo comum, constituir um momento de união nacional, mas se dividiu por posicionamentos que não respeitaram a ciência e que eu lamento profundamente. Por isso, eu foco aqui em buscar, a partir do meu estado, preservar o meu estado em um caminho de sobriedade, sensatez, equilíbrio, resultados concretos, mas com respeito à população nas suas diversas formas de pensamento, nas suas diversas formas de manifestação cultural, na sua orientação sexual, nas suas crenças religiosas, livre de preconceitos e focando em atacar os problemas, e não atacar as pessoas.

[Fabíola Cidral]: Todas as pessoas perguntam, tem muita gente perguntando aqui: "Ah, mas, em 2018, ele votou em Bolsonaro no segundo turno", o senhor votou ou não votou em Bolsonaro no segundo turno, em 2018?

[Eduardo Leite]: Fiz essa declaração de voto lá em 2018, nessa eleição estou reservando o meu direito de não falar, porque posso ser medido pelas minhas próprias ações como governador que fui, e para focar o debate na eleição local, para não entrar no debate que interessa ao meu adversário e que mascararia a sua incapacidade técnica e política.

[Fabíola Cidral]: Acho que está esclarecido. Muito obrigada, governador Eduardo Leite, candidato à reeleição no Estado do Rio Grande do Sul, muito obrigada por participar. A gente aqui agradece, UOL e Folha, pela participação, uma hora do seu tempo. A gente sabe o quanto uma campanha é corrida neste segundo turno, e lamentamos a não participação, não aceitação do seu adversário, Onyx Lorenzoni, que não quis participar da nossa sabatina. Muito obrigada. Um bom dia ao senhor, boa campanha.

[Eduardo Leite]: Obrigado, bom dia.

[Fabíola Cidral]: Tchau, Bombig, muito obrigada. Tchau, Alexa. Até!

[Alberto Bombig]: Obrigado. Tchau.

[Fabíola Cidral]: Assim a gente termina a nossa primeira sabatina aqui de segundo turno. A gente tem uma agenda nas próximas duas semanas das sabatinas. Vamos falar sobre alguns estados aqui no nosso país que estão com disputa em segundo turno. A nossa próxima entrevista está marcada para o dia 20, a próxima, Mato Grosso do Sul, o candidato Eduardo Riedel, que será nosso convidado, às 10h, vai participar dessa sabatina. Muito obrigada pela sua audiência, pela sua companhia.