Lula lamenta racismo contra Seu Jorge no RS: 'mentalidade escravista'
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou hoje que o racismo no Brasil não se dá por falta de lei, mas por uma "mentalidade escravista". Em visita a Porto Alegre, o petista lamentava as agressões racistas sofridas pelo cantor Seu Jorge na capital gaúcha na última semana.
O músico sofreu ataques racistas durante um show no clube Grêmio Náutico União, em Porto Alegre, na noite da última sexta-feira (14). O caso se tornou público por meio de denúncias postadas nas redes sociais por pessoas que estiveram presentes no evento. A Polícia Civil investiga o caso.
Lula esteve na capital gaúcha nesta tarde para uma visita rápida, com coletiva de imprensa e caminhada pelo centro. Em sua fala, o petista voltou a criticar a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) e não declarou voto no segundo turno ao governo do Rio Grande do Sul, mas descartou o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL).
Pela manhã, o candidato já havia participado de um encontro com evangélicos em São Paulo, onde divulgou uma carta destinada ao grupo, e, no começo da noite, já voou para o Rio de Janeiro, onde fará mais caminhadas amanhã (20).
Contra o racismo. Segundo as denúncias divulgadas nas redes sociais, os ataques ocorreram na última parte do show, depois que o artista fez um discurso contra a redução da maioridade penal e os assassinatos de outros jovens negros de comunidades pobres.
Nós temos a Constituição que diz que o racismo é um crime inafiançável. O problema do preconceito no Brasil não é falta de lei, é uma questão que está na massa encefálica de uma sociedade que foi, durante 350 anos, escravista."
Lula, em Porto Alegre
Ainda segundo depoimentos no Twitter, era possível ouvir gritos de "vagabundo" e "safado" contra Seu Jorge. Outras publicações relatam que tinham pessoas imitando macacos quando o artista retornou ao palco para finalizar a sua apresentação.
"Nós precisamos vencer isso do ponto de vista cultural. É preciso, de uma vez por todas, acabar com essa história de que negro é uma raça inferior. É preciso acabar! Isso precisa não de muita lei, mas de muita cultura, muita educação e a gente vai aprender isso na formação dentro de casa e na escola", disse o ex-presidente, durante a coletiva.
Na caminhada, ao final da tarde, Lula voltou a tratar do assunto e ouviu do público "Racistas não passarão" como resposta. "A gente vai trabalhar com muito carinho para que a gente possa punir. O cidadão que fizer racismo tem de ser punido", completou.
Ele não. Questionado sobre apoio no segundo turno ao governo do Rio Grande do Sul, Lula preferiu não se posicionar, mas descartou apoio ao candidato bolsonarista.
O PT ficou em terceiro lugar no estado com a candidatura do deputado estadual Edegar Pretto (PT-RS), tirado do segundo turno por uma diferença de quase 2.500 votos a menos do que o ex-governador Eduardo Leite (PSDB). Em busca de uma composição nacional, o partido chegou a flertar com o tucano por troca de apoios, mas as conversas não foram para frente.
Ele [Onyx] não é essa pessoa mais democrática, mais sensível e é possivelmente a pessoa mais comprometida com o Bolsonaro. Portanto, o PT tem autonomia para fazer o que bem entende aqui, menos eleger o Onyx."
Lula, em Porto Alegre
De acordo com a última pesquisa do Real Time Big Data, da semana passada, os dois estão tecnicamente empatados. Onyx, que terminou o primeiro turno na dianteira com 37%, tem 51% das intenções de votos válidos contra 49% de Leite.
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