Contra abstenção, PT articula com prefeitos por transporte gratuito dia 30
O PT está conversando com prefeitos e governadores aliados da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que eles determinem a liberação do transporte gratuito no segundo turno das eleições, em 30 de outubro. O objetivo é tentar diminuir a abstenção na votação e conquistar novos votos.
Ontem, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), liberou prefeitos e empresas concessionárias a oferecer transporte público gratuito. A decisão atendeu a um pedido da Rede Sustentabilidade, que levou o caso ao STF junto da campanha de Lula —e foi comemorada pelo candidato.
Um empurrãozinho. A estratégia foi montada durante reuniões da coordenação de campanha na semana passada. Com presença de lideranças dos dez partidos que compõem a aliança e apoiadores pontuais, como PSD, foi estabelecido que as siglas conversem com prefeitos —em especial de grandes cidades— para tratar da viabilidade da liberação do transporte público.
No primeiro turno, nove capitais estabeleceram a gratuidade, entre elas o Rio de Janeiro de Eduardo Paes (PSD), após declarar apoio a Lula. É esperado que ele repita e aliados como Fuad Noman (PSD), em Belo Horizonte, e João Campos (PSB), no Recife, adotem a mesma medida.
A forma como será adotada cabe à prefeitura, com horários relacionados ao período da votação ou apresentação do título de eleitor. A decisão do STF estabelece ainda a possibilidade do uso de transportes escolares para a condução de eleitores e outros veículos públicos. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) poderá regulamentar o tema, se entender necessário.
Interlocução. Aos governadores aliados, em especial no Nordeste, o principal papel é de articulação com prefeituras da região. Pela legislação, transporte público municipal é de responsabilidade da administração municipal —aos governos estaduais, cabe a gestão de transporte intermunicipal e linha férrea urbana, metrôs e trens.
Lula tem o apoio de três dos oito estados com transporte metropolitano nas capitais: Bahia, Ceará e Pernambuco. Rui Costa (PT), Izolda Cela (sem partido) e Paulo Câmara (PSB) deverão conversar com prefeituras parceiras.
Contra abstenção. O PT quer engajar eleitores das classes média baixa e baixa que votariam em Lula, mas tiveram empecilhos financeiros no primeiro turno. Em 2 de outubro, a abstenção atingiu 20,89% —a maior desde 1998— enquanto a expectativa da campanha do Lula era bem diferente.
Resolver a questão é considerado um ponto decisivo para o segundo turno. O PT avalia que dois dos grupos mais atingidos pela abstenção são exatamente as classes mais baixas e os mais jovens. O segundo grupo está sendo abordado com investimento alto em redes sociais e em entrevistas como o do Flow Podcast, que bateu recorde de audiência ontem.
Entre a classe mais baixa, o foco do partido é exatamente o eleitor que simpatiza com Lula, avalia que uma mudança de governo é necessária, mas que, se estiver economizando dinheiro para comprar comida, não vai gastar com transporte para votar.
Lula comemorou. No primeiro turno, essa medida favorecia candidatos de outros partidos, tanto que cidades não ligadas às gestões petistas, como Porto Alegre, de Sebastião Melo (MDB), e Florianópolis, de Topázio Neto (Republicanos), também adotaram.
No segundo turno, a campanha lulista viu a necessidade maior da criação de uma estratégia, dado que o número de candidatos foi reduzido à disputa nacional e a poucos estados. A decisão do STF foi considerada uma vitória pelo PT e Lula comemorou-a ontem (18) em entrevista ao Flow Podcast.
É muito importante, o transporte está caro, e uma pessoa que mora aqui na zona leste, se ele tiver que votar em outro lugar, ele não tem dinheiro. Então o que tem dar um dia de transporte para o cara viajar para ir votar?"
Lula (PT), no Flow Podcast
Lula disputa o segundo turno das eleições para a Presidência da República contra Jair Bolsonaro (PL). No primeiro turno, o petista teve 48,43% dos votos e o atual presidente, 43,2%.
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