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Leia a íntegra da sabatina do SBT com Jair Bolsonaro

21.out.2022 - O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) participa de sabatina no SBT - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
21.out.2022 - O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) participa de sabatina no SBT Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

21/10/2022 23h02

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, participou de sabatina no SBT nesta sexta (21).

A entrevista, realizada em parceria com Estadão, Rádio Eldorado, SBT, CNN, Veja, Nova Brasil FM e Terra, substituiu um debate que seria realizado entre ele e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista recusou o convite para participar do evento.

Nos três blocos, Bolsonaro respondeu perguntas dos jornalistas do pool de veículos. No primeiro bloco, o candidato à reeleição se enrolou e disse que o "orçamento secreto não é secreto". Durante o segundo bloco, ele afirmou que a (Empresa Brasil de Comunicação), gestora da TV Brasil, era dele. No último bloco, o presidente criticou o jornalista William Bonner, da TV Globo.

De acordo com a última pesquisa do Datafolha, desta quarta-feira (19), Bolsonaro e Lula estão tecnicamente empatados na disputa presidencial pelo segundo turno.

Sem contar brancos e nulos, Lula tem 52% da intenção dos votos válidos e Bolsonaro 48%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

Leia aqui a íntegra da sabatina SBT:

  • Primeiro bloco:

[Carlos Nascimento]: Boa noite. Este deveria ser o debate entre os candidatos à Presidência da República escolhidos para disputar o segundo turno. O candidato Lula, do PT, foi convidado, mas não quis participar, alegando incompatibilidade com a agenda de campanha. Por este motivo você, espectador, eleitor, irá acompanhar pelos próximos 60 minutos a entrevista que nós faremos com o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, do PL, conforme a norma aprovada pelas assessorarias das campanhas. O pool de veículos de comunicação formado por: SBT, CNN Brasil, Terra, Rádio Nova Brasil, Estadão, Eldorado e Veja, agradece a presença do candidato Jair Bolsonaro. As perguntas desta entrevista serão feitas por mim, e pelos jornalistas dos veículos que compõem o nosso pool. A entrevista será dividida em três blocos.

Nos dois primeiros, o candidato responderá cinco perguntas em cada bloco. No último bloco, serão quatro perguntas. E mais as considerações finais. Cada pergunta terá, no máximo, 30 segundos; a resposta dois minutos e 45 segundos, o mesmo tempo das considerações finais. Bom, vamos então iniciar a entrevista. Boa noite, candidato. Eu gostaria de saber se o senhor tem um projeto estratégico para a economia brasileira, a partir do caso de ser reeleito no mês de janeiro que aí vem. Quais são os pilares desse plano econômico? Queria saber também que empresas estatais o senhor pretende privatizar, e o senhor sendo reeleito, se o ministro Paulo Guedes continuará no comando da economia?

[Jair Bolsonaro]: Começando pelo final. Paulo Guedes continua, assim como todos os ministros, a não ser que queiram sair por um motivo qualquer, todos permanecerão. A economia está restrita ao Paulo Guedes, obviamente, com todo o respeito a ele, nas questões mais estratégicas, a palavra final é minha. E tem sido assim sem qualquer atrito entre nós. Ele enfrentou uma pandemia, uma guerra lá fora e uma crise ideológica muito grande. O mundo todo sofreu com inflação, aumento de preços.

O Brasil não foi diferente. Com a política do fique em casa, a economia a gente vê depois, foi um grande teste aqui para o Brasil também. Vencemos isso, concedendo Auxílio Emergencial para 68 milhões de pessoas, os mais pobres, criamos programas para que não tivéssemos desemprego no Brasil, como o Pronampe e BEm, tivemos sucesso no tocante a isso. E também outras coisas, outras medidas foram tomadas durante na pandemia, como a lei da liberdade econômica, que facilitou em especial os autônomos a conseguir abrir a sua empresa. Também a política do Paulo Guedes, ele fala em reindustrialização, é diminuição de impostos. Como ele diminuiu, por decreto meu, 35% de quatro mil produtos que pagavam IPI, não deixou de ser um sucesso essa proposta dele. Também, desburocratização, desregulamentação, como, por exemplo, um grande corte nas normas regulamentadoras. Isso tudo somado, nós sermos o sétimo país mais digitalizado do mundo, fizemos "a grande reforma administrativa", coibindo concurso público, exceto para os mais importantes - Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal -, diminuindo o peso da máquina e a despesa com a mesma.

Ou seja, nós arrumamos agora a economia, como o Paulo Guedes bem conversou comigo hoje, o Brasil está pronto, está arrumado para voar a partir do ano que vem, o que deveria ser feito por nós em 2020 caso não fosse a pandemia. Então a liberdade econômica, o livre-comércio, a diminuição do peso do Estado, entre outras medidas, que fazem parte do atual e futuro plano econômico do nosso governo.

[Carlos Nascimento]: A próxima pergunta será do jornalista Márcio Gomes, da CNN Brasil. Boa noite, Márcio.

[Márcio Gomes]: Muito obrigado, Nascimento. Boa noite, Nascimento, boa noite, presidente. Retorno ao tema do debate do primeiro turno, relação dos poderes entre o Supremo Tribunal Federal. De lá pra cá, o senhor falou que não vai apoiar um aumento no número de ministros do STF. Hoje, o seu vice, general Hamilton Mourão, recém-eleito senador pelo Rio Grande do Sul, disse que à CNN e ao Estadão que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, presidente do TSE, ultrapassou o limite, e por isso, ele, Mourão, vai discutir o assunto impeachment no Senado. Daí a pergunta: o senhor pretende, se reeleito, apoiar algum movimento de impeachment de ministros do STF no Senado?

[Jair Bolsonaro]: Eu já entrei, no passado, com pedido de impeachment contra o Alexandre de Moraes. Não prosperou por decisão do Presidente do Senado. O perfil do atual Senado foi mais para centro-direita, mais independência, vamos assim dizer. Eu não pretendo entrar com nenhum pedido de impeachment contra o senhor Alexandre de Moraes, qualquer um do povo pode fazê-lo. Isso compete, então, qualquer processo de cassação, impeachment, compete exclusivamente ao Senado Federal. Da minha parte, não pretendo aumentar o número de ministros. Tenho uma proposta na Câmara, de 2013, da senhora Luiza Erundina, onde 40 deputados do PT assinaram essa proposta. O que a gente vê acontecer no Brasil é que é um crescente de críticas ao Supremo, no tocante a isso; mas há algum tempo venho usando muito a palavra "liberdade". Fiquei isolado por muito tempo, falando essa palavra aí, como em um deserto. Hoje, nós estamos vendo que isso tornou-se quase? veio para uma Ordem do Dia. Agora, deixo claro, a decisão do TSE veio de um pedido por parte do Partido dos Trabalhadores. Então, a decisão do TSE, errada ou não, foi provocada pelo Partido dos Trabalhadores.

Então, o PT não tem qualquer zelo, qualquer compromisso com a liberdade, haja vista que sempre fala no tocante a controle da mídia. Várias vezes disse que vai controlar vocês da mídia e controlar as mídias sociais. Costumo dizer, e pese as críticas que eu recebo da imprensa brasileira, nunca tomei uma medida de força contra qualquer repórter no Brasil. Nunca tentei derrubar páginas de quem quer que seja, desmonetizar página de quem quer que seja, e sempre aceito isso, muitas vezes sofrendo fake news, inverdades, calúnias, mas não busquei atingir o que é a alma da democracia, que é a liberdade, que é a alma de vocês, que é a liberdade de imprensa. Então, no que pese o senhor Alexandre de Moraes ter tomado juntamente com o TSE medidas restritivas, como a gente vê agora no tocante à CNN, ele foi provocado pelo Partido dos Trabalhadores.

Eu acho que a preocupação maior, antes até do que o TSE, tem que ser com o senhor Luiz Inácio Lula da Silva, que pretende calar as mídias brasileiras. Ele tem reiteradamente falado sobre isso. E termino, a opinião do vice é dele. Ele praticamente agora é senador, e ao Supremo, ao Senado as decisões que venham a tomar com independência que existe entre os três poderes.

[Carlos Nascimento]: Jornalista Marcelo Godoy representando o Estadão e a Rádio Eldorado. Boa noite, qual sua pergunta, por favor?

[Marcelo Godoy]: Boa noite, candidato, a série de reportagens "Agente Estadão" mostrou que a governabilidade sofre pela transferência excessiva do controle de gastos ao Congresso. O senhor nega ter criado o orçamento secreto mas foi gestado dentro do planalto pelo general Ramos, e, em 2019, o senhor enviou ao Congresso o texto que criou esse orçamento. A pergunta é: como criar governabilidade, em um futuro mandato do senhor, sem submeter o orçamento federal a interesses subalternos?

[Jair Bolsonaro]: Olha, o que houve nessa época, o Congresso querer poder, perderam poderes comigo porque não entreguei Ministérios. Entregar Ministérios, entenda entregar parte do orçamento. Também não entreguei estatais. Nós vimos absurdos que aconteceram, por exemplo, na Petrobras, nos Correios, na Caixa Econômica, no Banco do Brasil. Também, além das estatais, bancos oficiais não tiveram isso. Buscou então, o Parlamento, uma maneira de participar do orçamento. E isso foi discutido, foi com o Ramos, foi com o Paulo Guedes, muita gente. Eu desconheço qualquer proposta tendo iniciativa no Executivo no tocante a isso. A decisão veio lá do próprio Legislativo. Tanto é que se houvesse participação do Executivo, eu não teria vetado a proposta da criação deste orçamento, que na verdade não é secreto. Secreto é o nome dos parlamentares que, junto ao relator do orçamento, são enviados, então, pedindo recursos para estados e municípios. E hoje, através de decisão lá do parlamento, interna, pessoas cadastradas junto ao município podem requerer recursos para o seu município.

Então o que acontece no momento? Uma pessoa do povo qualquer, cadastrado no município, passa a ser indiretamente responsável pelos recursos que iriam para aquele município para tal obra. Então com todo o respeito, nenhum chefe de Executivo quer abrir mão de poder no tocante a isso, o orçamento. Eu queria ter? o previsto para esse ano, para o ano que vem, está na casa dos 19 bilhões de reais. Obviamente o Parlamento entende que eles administram melhor o orçamento, até pela pluralidade, 594 parlamentares; da minha parte, eu gostaria, mas tenho que ceder aí à adesão do Parlamento, porque a decisão final sempre é deles. Eu vetei, derrubaram o veto, não discuti mais. Eu gostaria de que esse recurso, mais 19 bilhões, estivessem em minhas mãos, com toda a certeza. Se o Tarcísio com seis bilhões fez muita coisa, imagine ele com três vezes mais recursos no tocante a isso. Então, isso aí é uma questão que, por vezes, você é obrigado a se curvar para o Legislativo. Agora, deixo bem claro, a decisão final de leis não é minha! Porque eu vetando qualquer coisa, a última palavra é do Parlamento, no tocante a manter ou derrubar o veto. O orçamento secreto, com todo o respeito, não é secreto? e foi criado lá na gestão do senhor Rodrigo Maia.

[Carlos Nascimento]: Agora a vez da jornalista Joice Berth, do Terra. Boa noite, Joice. Por favor, a sua pergunta.

[Joice Berth]: Boa noite. Candidato, a sua atuação na pauta da equidade racial infelizmente foi irrelevante. Houveram muitas polêmicas, muitos ruídos, algumas pautas históricas, como a questão do genocídio da população negra, não tiveram nenhum avanço, e eu destaco a nomeação do Sérgio de Camargo para a presidência da Fundação Palmares, que, apesar de ser um homem negro, não se reconhece como tal e promoveu um desmonte histórico na instituição. Então eu gostaria de saber o que existe de efetivo nas suas propostas de governo que possa convencer 54% do eleitorado, que é preto e pardo, a apostar na sua reeleição.

[Jair Bolsonaro]: Eu procuro tratar todo mundo igual. A senhora deve estar vendo uma medalha aqui na minha lapela, não é? Essa medalha eu ganhei do Exército Brasileiro por mérito. Em 1978, um soldado negro, o Celso Negão, sumiu numa lagoa em um campo de instrução do Exército Brasileiro, e eu me atirei na água, e a segunda vez que mergulhei, tirei o Celso Negão de dentro d'água. Se eu fosse racista, por exemplo, ou não se preocupasse com os negros, eu teria deixado morrer afogado, que, afinal de contas, eu botei a minha vida em risco. E essa medalha, acredito, a cada três anos um militar a recebe, e aquele militar que porventura tenha arriscado a sua vida para salvar a vida de terceiros, e terceiros, no caso, era o recruta Celso, conhecido pelos colegas como Celso Negão. Se você vê, por exemplo, violência, que sempre se publicava no passado, comunidade negra, LGBT, esses números diminuíram em nosso governo.

Agora, por exemplo, o ano passado, nós tivemos o menor índice de mortes por cem mil habitantes, 20, levando-se em conta os últimos 30 anos. Aí está incluído brancos, negros, LGBT, incluído todo mundo lá. Então, o nosso governo procura atender a todo mundo. Se afastar daquela pauta de nós contra eles, aquilo que o PT pregou no Brasil: brancos e negros, homossexuais, heterossexuais, nordestinos e sulistas, patrões e empregados, nós nos afastamos disso. A melhor política que a gente pode fazer para todos nós, que somos iguais, e meu sogro é o Paulo Negão, nascido em Crateús, Ceará, é tratar todo mundo iguais da melhor maneira possível, e se faz pelo exemplo. Melhor do que botar no papel, entendo eu que é dar o exemplo no tratamento a todos, de forma igualitária, é que vai fazer nós nos aproximarmos cada vez mais. E por muitas vezes o simples exemplo arrasta muito mais do que o poder de uma força de lei. Assim, respeitosamente, esse trabalho está afeto à Ministra Damares, que faz um trabalho que atende a todo mundo. E quantas vezes ela fala para mim que cumpre a lei por emendas destinadas por parlamentares às comunidades das mais variadas possíveis. Entendo, então, que nós, com o coração aí voltado a Deus, tratamos todo mundo de forma igualitária no Brasil.

[Carlos Nascimento]: Quem encerra agora este bloco é a jornalista da Revista VEJA, Clarissa Oliveira. Boa noite, a sua pergunta, por favor.

[Clarissa Oliveira]: Boa noite, presidente, boa noite, Nascimento, boa noite a todos que estão acompanhando a gente. Presidente, o seu governo concedeu, nos últimos anos, uma correção da inflação no salário mínimo, mas sem aumento real. Nesta semana, veio a notícia de que a sua equipe estaria avaliando a possibilidade de mudar a Constituição com o objetivo de criar novas regras de reajuste que possivelmente seriam menos vantajosas para o trabalhador, mas mais econômicas para o governo. O senhor negou, disse que é fake news e prometeu dar um aumento real para o salário mínimo no ano que vem. Só que isso não está no orçamento de 2023, então a pergunta que eu faço para o senhor é, primeiro, de que forma o senhor pretende financiar esse reajuste que o senhor está prometendo agora, e se o senhor se compromete a manter o mesmo índice de correção usado atualmente no salário mínimo.

[Jair Bolsonaro]: Primeiramente, a senhora falou em mexer na Constituição. Para mexer na Constituição, tem que ter um quórum qualificado, três quintos na Câmara e no Senado. Eu duvido que um só parlamentar votasse favorável a essa proposta de desindexação. Então, por si só, é um fake news que salta aos olhos de qualquer um. É inadmissível se falar isso. Se fala em uma live do Lula com o Janones para tratar desse assunto, e nós temos concedido reajuste ao longo do meu mandato e, como a senhora bem disse, na inflação. Nós devemos botar em conta que tivemos uma pandemia onde nós gastamos 700 bilhões em 2020, dentro da responsabilidade fiscal. Mesmo com esse gasto, que alguns falam que extrapolou o teto, não tivemos reflexo no dólar indo para cima, na bolsa indo para baixo, não é? Não se mexeu no Brasil; foi um momento difícil.

Nós, por exemplo, no tocante aos servidores públicos, foi em comum acordo, com todos os 27 governadores, o congelamento de salário por dois anos. Todos os governadores toparam isso, até que havia uma outra proposta, que tinha vindo da Câmara dos Deputados, da Mesa, concedendo um corte linear de 25% no salário, pensões e aposentadorias de todo mundo, civis e militares, e eu fui uma daquelas pessoas que fui contra isso. Achamos que daríamos para suportar o gasto com a pandemia com o congelamento por dois anos, e conseguimos isso com o apoio de todos os governadores em uma videoconferência, e acredito que foi a melhor maneira possível.

Se tivesse dado corte lá atrás, não teríamos recuperado ainda os 25%. A questão do orçamento, a senhora sabe que tem um teto. Ninguém quer extrapolar o teto, chutar o teto, nada disso, mas o Paulo Guedes é uma pessoa que sabe bem tratar a questão orçamentária, tanto é que nós somos referência e exemplo para o mundo nessa questão. Mais do que voltar em V, deflação, entre outras coisas positivas.

O Paulo Guedes tem me garantido que o recurso virá da questão dos dividendos, onde seriam taxados aqueles que ganhassem mais de 400 mil por mês, que não pagam nada de imposto no momento. Então, quem, por exemplo, ganha 600 mil, vai ser taxado em cima dos 200; até os 400, isento para todo mundo. Isso é a proposta do Paulo Guedes, que é uma pessoa que eu confio plenamente na condução da economia brasileira.

[Carlos Nascimento]: Muito bom, encerramos aqui o primeiro bloco. Essa entrevista é realizada pelo maior pool de veículos de comunicação, formado por SBT, CNN Brasil, Terra, Nova Brasil, Estadão Eldorado e VEJA. Você pode acompanhar a entrevista também pelo celular, no YouTube do CNN... da CNN, perdão, do SBT e do SBT News, na Rádio Eldorado e Rádio Nova Brasil, além dos sites de VEJA, Estadão e Terra. A gente volta já.

  • Segundo bloco:

[Carlos Nascimento]: Estamos de volta para a entrevista com o presidente candidato à reeleição Jair Bolsonaro, do PL. O candidato Lula, do PT, foi convidado para debater com Jair Bolsonaro, mas não quis participar. Essa entrevista é promovida pelo maior pool de veículos de comunicação, que reúne: SBT, CNN Brasil, Terra, Rádio Nova Brasil, Estadão, Eldorado e Veja. Você pode acompanhar essa entrevista também pelo celular no YouTube da CNN, do SBT, do SBT News, da Rádio Eldorado e Rádio Nova Brasil, além dos sites de Veja, Estadão e Terra. Começamos este bloco com o jornalista Marcelo Torres, do SBT. Boa noite, Marcelo, sua pergunta.

[Marcelo Torres]: Boa noite, Nascimento, boa noite, candidato. Boa noite para todo mundo que está em casa, também. Candidato, o senhor promete continuar pagando o Auxílio Brasil de 600 reais caso o senhor seja reeleito, mas, por enquanto, não tem dinheiro para isso no orçamento. A lei que foi aprovada, ela prevê pagamento de 600 reais só até dezembro. O senhor já falou em entrevistas em usar possivelmente dinheiro de privatizações para fechar essa conta, mas privatizações levam tempo. Ontem o Paulo Guedes citou taxar lucros e dividendos, o senhor acabou de falar isso aqui também, mas também a gente não tem uma clareza se isso fecha a conta. Eu queria que o senhor tentasse explicar para a gente da maneira mais clara possível de onde vai tirar dinheiro para que em janeiro o Auxílio Brasil não caia de 600 para 400 reais.

[Jair Bolsonaro]: Primeiramente, o Bolsa Família, até o ano passado, começava com 42 reais, uma quantia bastante irrisória. Até o ex-presidente Lula, no último debate, falou que a economia estava muito bem no tempo dele. Mas eu recrutei, falei por que não pagou mais no Bolsa Família? Nós no ano passado, com a política do fique em casa, a economia a gente vê depois, inflação etc., nós víamos que tínhamos que aumentar o valor do Bolsa Família, e acabamos então criando o Auxílio Brasil. Para criar o Auxílio Brasil, nós tivemos que alongar o pagamento dos precatórios para quem tinha mais de 600 mil para receber, ou seja, mais humildes não foram prejudicados na questão dos precatórios. Deixo claro aqui que toda bancada do PT na Câmara foi contra a criação do Auxílio Brasil, com 400 reais. Conseguimos aprová-lo com a participação de outros partidos. No corrente ano, notou-se que essa questão ainda poderia ser melhorada. Então acertamos um grande projeto, uma grande proposta de emenda à constituição, e resolvemos até o final do ano conceder os 200 extras, tá?

E obviamente busquei a equipe econômica, confio no Paulo Guedes, carinhosamente o chamo de "Posto Ipiranga", e ele tem achado alternativa para tudo aquilo que ele promete. E ele falou, como você disso, até antecipei na resposta anterior, via taxação de dividendos, seria o suficiente para você manter esse pagamento de mais 200, perfazendo 600 reais para o Auxílio Brasil. Hoje em dia 20 milhões de pessoas recebem o Auxílio Brasil. Isso dá aproximadamente 12 bilhões por mês, mas é um recurso que se aproxima um pouco de um projeto chamado Renda Mínima lá atrás, de um parlamentar até de esquerda. Não foi inspirado nele, mas fizemos isso. A economia tem arrecadado recursos com isso. Entendo eu que tudo melhorou, nos municípios em especial, com essa renda extra que foi injetada no município.

A resposta está com o Paulo Guedes, eu estou apenas repetindo a proposta dele aqui. Com a taxação de lucros e dividendos, de quem não paga e para quem apenas ganha acima de 400 mil reais, será o suficiente para suprirmos essa parte. Caso não seja possível, com toda a certeza, junto com o Parlamento, a exemplo dessa PEC que aprovamos no corrente ano, faremos o mesmo para prorrogar esse benefício o ano que vem.

[Carlos Nascimento]: Agora a participação será do jornalista Diego Amorim, que é da Rádio Nova Brasil. Boa noite, a sua pergunta, por favor.

[Diego Amorim]: Boa noite, Presidente. Na campanha de 2018, o senhor disse exatamente o seguinte: "Pretendo fazer uma excelente reforma política para acabar com o instituto da reeleição. No caso, começa comigo, se eu for eleito. Eleito, o senhor logo começou a falar na possibilidade de reeleição. O senhor se compromete de novo a, se reeleito, enviar para o Congresso Nacional um projeto propondo o fim da reeleição e, mais do que isso, a incentivar a sua base, que não vai ser pequena, a aprovar uma proposta nesse sentido, ou o senhor mudou de entendimento em relação à reeleição?

[Jair Bolsonaro]: O que me fez mudar de ideia? O quadro posto para disputar uma eleição minha. Não tínhamos um nome com o perfil parecido com o meu. Estaríamos entregando o Brasil para o PT, para o PDT ou para o PSB, seria a volta da esquerda, então isso fez a decisão minha de não tocar nesse assunto. Obviamente, se parte do Parlamento topar uma proposta como essa, a gente entende que cinco anos, sem reeleição, seria muito bem-vindo. Alguns falam até em diminuir o tamanho da Câmara, de 513 para 300, 350. Não posso tocar mão num vespeiro quando pretendo levar avante pautas importantes para o nosso Brasil. Porque teria reação de uma parte considerável do Parlamento brasileiro.

Isso teria que vir quase que em um consenso. Até porque para aprovar qualquer coisa nesse sentido, você precisaria de quórum qualificado e três quintos em cada casa. Para fazer nome, para aparecer politicamente, como já vi em outros países propostas semelhantes a essa, dá muita notoriedade ao chefe do Executivo, mas ele passa a ter dificuldades de negociar com o Parlamento e aprovar boas propostas, como temos por exemplo, a reforma fiscal que está em andamento, está no Senado. Gostaríamos de ver reduzida a maioridade penal no Brasil para crimes hediondos. Obviamente, a garotada de bem, que é a grande maioria, seria beneficiada com a Carteira Nacional de Habilitação. Então tantas e tantas outras propostas poderiam ser prejudicadas com essa mudança. Se o Parlamento vier, em comum acordo, eu basicamente não tenho por que dizer não, afinal de contas, eu pretendo logicamente, caso reeleito, entregar o governo o ano passo vem para alguém de um perfil semelhante ao meu.

Até lá, entendo eu que a direita, que nunca existiu no Brasil, a não ser de forma isolada, esteja mais consolidada. A prova que o povo deu de que quer gente com o meu perfil continuar como chefe do Executivo foi por ocasião das últimas eleições, onde grande parte do Parlamento foi para o centro-direita. Estamos acostumados, esquerda ou centro-esquerda. E o pessoal entende, cada vez mais, que um país é melhor administrado da forma como venho administrando. Até mesmo, você está vendo com antecedência quem são os meus principais ministros, ou quase todos os ministros, enquanto que a esquerda sequer tem coragem de falar quem é o seu Ministro da Economia, o que faz com muita gente fique desconfiada com as verdadeiras intenções do senhor Lula na presidência caso ele chegue.

[Carlos Nascimento]: O jornalista Márcio Gomes da CNN Brasil fará agora outra pergunta a Jair Bolsonaro. Por favor.

[Márcio Gomes]: Presidente, queria falar com o sobre o meio ambiente agora. O INPE tem mostrado que durante o seu governo, ano após ano, a taxa de desmatamento na Amazônia legal está aumentando. No último debate, o senhor até sugeriu que o desmatamento era maior durante o governo Lula, mas isso não responde ou justifica o aumento que está acontecendo na sua gestão. Pergunto, então, se reeleito, qual vai ser sua primeira medida para tentar reduzir esse desmatamento na Amazônia legal?

[Jair Bolsonaro]: Os dados têm mostrado que em outros governos foram maiores a questão do desmatamento e queimadas. No governo Dilma, teve uma redução, sim, concordo contigo aí, mas no nosso governo foi muito melhor do que os anteriores. Medidas tenho tomado. O próprio orçamento é engessado, né? Mas nós temos, por exemplo, feito operações, como a operação Guardiões do Bioma, onde temos combatido o crime organizado, tráfico de animais silvestres, contrabando de produtos florestais, entre outros. Eu acho que a melhor proposta que pode ocorrer, que não conseguimos aprovar nos primeiros dois anos, seria a regularização fundiária. O que seria isso? Todo e qualquer terreno do Brasil teria a sua localização definida por satélites, e qualquer então desmatamento ou foco de calor, você saberia quem está provocando aquilo.

Você poderia fiscalizar isso dessa forma. Se esse desmatamento foi, por exemplo, em área permitida ou não, se o foco de incêndio foi, de calor, foi em foco permitido ou não, e não aberto como está. Hoje em dia, nós sabemos que existe desmatamento irregular sim, existe, existe foco de calor, existe, mas entendemos que nós podemos diminuir muito isso daí você responsabilizando diretamente, no CPF, aquela pessoa causadora por esse dano ambiental. E, hoje, deixar bem claro, 2/3 do nosso solo brasileiro, da terra, são preservados, está da mesma forma como aí Pedro Álvares Cabral chegou aqui em 1500. Deixo claro também que 84% da Amazônia está preservada. Quem tem propriedades na região Amazônica é obrigado a deixar 80% in natura, preservado. E isso tem, no meu entender, em grande parte, se mantido. Agora, com a regularização fundiária, nós botaríamos um ponto final nisso. Pode ver, os grandes países que nos criticavam o tempo todo, como a França, deixaram de criticar.

A Alemanha voltou a usar energia fóssil, suja. Outros países têm feito a mesma coisa, tendo em vista a crise Rússia/Ucrânia. Guerra, melhor dizendo. Ou seja, sem energia ninguém vai a lugar nenhum. Todo mundo sofre. E esses países, agora, deixaram de ter esse olhar tão crítico ao Brasil. A própria França ardeu em chamas por dois meses, porque o Macron, o maior crítico no tocante ao nosso meio ambiente, não tomou providência. Bem, o que eu posso dizer é isso, gostaria de falar mais, mas meu tempo está acabando ali.

[Carlos Nascimento]: Vamos agora... agora é a vez do Marcelo Godoy, representando o Estadão e Rádio Eldorado.

[Marcelo Godoy]: Presidente, em proporção ao PIB, o Brasil gasta com funcionalismo mais do que 90% dos países. O senhor empregou seis mil militares no governo, apesar da promessa de não aparelhar o Estado. A pergunta é se o senhor ainda pretende, na reforma administrativa, acabar com as promoções por tempo de serviço e com a estabilidade do funcionalismo, como constava na proposta original do governo, e como impedir que isso abra espaço para mais clientelismo em vez de enxugar a máquina pública.

[Jair Bolsonaro]: Quando você fala seis mil militares, são cargos em comissão. O próprio GSI tem uns, 700 pessoas lá, e são militares, não pode ser de outra maneira. Eu tive seis ou sete ministros militares. O próprio Braga Netto ficou 45 anos no exército. O Almirante Bento também, não é? O Ramos também. Foram pessoas que estavam alinhadas a mim, tá? Se é o outro candidato, ele podia botar, botaria gente alinhada a eles, tanto é que o outro governo mergulhou em corrupção; o nosso foi exatamente diferente. O militar não é melhor ou pior do que ninguém, é um cidadão. Coloquei lá em confiança. Por ocasião da transição, nós eliminamos mais de 30 mil cargos em comissão, e isso daí realmente tem um peso mais do que simbólico. Demos o exemplo cortando na própria carne. Nós só abrimos concurso para o essencial: Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal. Os aposentados, ao longo desse tempo todo, estão na casa dos cem mil. Não fizemos a reposição; alguns poucos devemos fazer para não prejudicar o serviço público. Eu peguei essa máquina inchada. A própria TV minha, a EBC, tinham mais de 1.200 pessoas lá, passou para 400, quase tudo por aposentadoria. Nós fizemos o possível.

Não pretendo mexer no tocante à estabilidade do servidor público, afinal de contas, isso é um direito garantido para eles previsto na própria Constituição. Então não mexerei. No tocante à possível estabilidade, poderia discutir para os futuros servidores públicos; para os atuais, não! Quando você fala em gasto público, entram as estatais nessa jogada. Nós tínhamos prejuízos ou lucro muito pequeno das estatais; no momento, o lucro foi lá para cima, chegou... está chegando à casa dos 180 bilhões de reais no ano passado, e isto é exemplo de nós tratarmos bem a máquina pública. Se você pegar a Itaipu Binacional, por exemplo, só era conhecida até pouco tempo como empresa geradora de energia. Hoje em dia, o que ela faz? Terminou a segunda ponte com o Paraguai, começou a terceira ponte lá em Porto Murtinho, terminou a extensão de 600 metros no Aeroporto de Foz do Iguaçu. As pontes, a ligação bio-oceânica, mais curto o espaço para a gente levar os nossos produtos para o exterior de forma mais competitiva, aviões pousando, de qualquer peso agora, em Foz do Iguaçu. Assim foram todas as estatais. Os Correios estão distribuindo dividendos; no passado, era prejuízo. Então, como um todo, nós trabalhamos bem, entendo dessa maneira, tendo em vista o quadro que nós pegamos.

[Carlos Nascimento]: Quem encerra este bloco de perguntas agora é a jornalista Tatiana Farah, do Terra. Boa noite, Tatiana, a sua pergunta, por favor.

[Tatiana Farah]: Boa noite. Boa noite, presidente. A minha pergunta é sobre promessas. O senhor, algumas das suas promessas, acabamos de ver aqui inclusive a do Auxílio Brasil, não estão contempladas no orçamento. No que diz respeito ao salário mínimo que o senhor também mencionou, o senhor não esclarece se vai ser indexado, continuar indexado à inflação ou se vai ser indexada à meta de inflação, como propõe o Ministério da Economia. Afinal, presidente, em quem o seu eleitor deve confiar: no que o senhor diz, no que diz o seu ministro ou no que diz o orçamento?

[Jair Bolsonaro]: Bem, o orçamento, quem faz o orçamento, na verdade, é o Legislativo. O orçamento não é um decreto presidencial. Então, quando há críticas que vai cortar merenda, só vai ter ovo na merenda do ano que vem, vai cortar Farmácia Popular, o orçamento não está feito. Se incluiu sempre outras despesas obrigatórias no orçamento. Até o tal do RP9, conhecido como orçamento secreto, se botou lá dentro. Aquilo não estava previsto estar lá dentro.

Quando você bota obrigatoriamente mais 19 bilhões, vai ter que sair de outro lugar. Então, essa? essa bola está com o Parlamento para decidir isso aí. É inadmissível você não deixar os aposentados receberem o reajuste no mínimo igual à inflação. Não se pode continuar não dando reajuste aos servidores da mesma maneira. O salário mínimo também. Então, a gente tem certeza que o Parlamento vai buscar alternativas. E nós sabemos que o Parlamento não responde nada no tocante à Lei de Responsabilidade Fiscal; eu respondo para o lado de cá. Eu não posso sancionar ou vetar o que veio na minha cabeça, então tenho certeza que o Parlamento, assim como não nos faltou ao longo desses três anos e dez meses, não faltará no futuro. E mais ainda: tenho conversado com Arthur Lira muitas questões e, imediatamente após as eleições, nós colocaremos em prática, buscando alternativas junto ao Parlamento.

O Parlamento conseguiu, por exemplo, os 600 reais de Auxílio Emergencial em 2020, e as mulheres, mães chefes de família, conseguiram exatamente o dobro. De onde veio esse recurso? Ainda vivemos uma situação emergencial, e se preciso for continuarmos fazendo propostas como essa PEC que mexeu com os combustíveis. Quem não gostou da queda dos combustíveis no Brasil? A gasolina a 5 reais, etanol a 3,50. E deixo claro: por ocasião da votação da diminuição dos impostos que baixaram a gasolina, o etanol e a energia no Senado, todos os senadores do PT votaram contra. Eles sempre torcendo para o pior para conseguir voto e para mostrar para o povo mais pobre, mais humilde, que eles são os que vão resolver Esse assunto. A mesma coisa é a aposentadoria rural. Se voltarmos a ter uma administração irresponsável no Brasil, os aposentados rurais do Brasil perderão suas aposentadorias, assim como estávamos na iminência de perder o pessoal da Petrobras, da Caixa Econômica e dos Correios. Temos como, junto ao Parlamento, buscar solução para tudo. Nada é definitivo, a não ser a morte. Paulo Guedes e Parlamento comigo, a gente vai resolver esse problema.

[Carlos Nascimento]: Encerramos aqui o segundo bloco. Essa entrevista é realizada pelo maior pool de veículos de comunicação, formado por SBT, CNN Brasil, Terra, Nova Brasil, Estadão Eldorado e VEJA. A gente volta logo após o intervalo.

  • Terceiro bloco:

[Carlos Nascimento]: Estamos de volta para entrevista com o presidente candidato à reeleição Jair Bolsonaro, do PL. O candidato Lula, do PT, foi convidado para debater aqui com Jair Bolsonaro, mas decidiu não participar. Essa entrevista é promovida pelo maior pool de veículos de comunicação, que reúne: SBT, CNN Brasil, Terra, Rádio Nova Brasil, Estadão Eldorado e Veja. Você pode acompanhar essa entrevista também pelo celular no YouTube da CNN, do SBT, SBT News, Rádio Eldorado e Rádio Nova Brasil, além dos sites Veja, Estadão e Terra. Neste bloco, mais quatro pergunta feitas pelos jornalistas do pool. Ao final, o candidato terá dois minutos e 45 segundos para fazer as considerações finais. Nós começamos com a jornalista da Veja, Clarissa Oliveira.

[Clarissa Oliveira]: Obrigada, Nascimento. Presidente, as fake news dominaram completamente o debate eleitoral agora nessa reta final desse segundo turno. O senhor foi acusado mais de uma vez de disseminar fake news, mas o senhor também acusou o seu adversário de disseminar fake news, o senhor falou nisso agora há pouquinho, citando um exemplo, e a Justiça Eleitoral endureceu bastante as regras agora nos últimos dias, e previu inclusive algumas punições polêmicas. O senhor tem sido um crítico forte da Justiça eleitoral, principalmente em questões como a disseminação de notícias falsas. Eu gostaria de saber qual é a sua posição, e qual seria num eventual segundo mandato, a respeito da possibilidade de se criar uma lei que pune quem dissemina fake news, principalmente autoridades ocupantes de cargos públicos.

[Jair Bolsonaro]: Primeiro, da minha parte, zero criação de lei nesse sentido. No começo do ano, a Câmara tentou a urgência de um projeto para criminalizar fake news. Eu fiz a minha parte, coisa que não costumo fazer, conversei com parlamentares, e por nove votos a urgência não foi conseguida. Então hoje em dia qualquer punição por fake news não tem amparo legal. Não está prevista em lei. Agora, eu gostaria que apresentassem quais são as minhas fake news.

Olha, essa matéria foi o presidente que fez, está no Twitter, no Facebook do presidente, e é mentira. Me apresente. O PT, ele tem... o Lula, uma simpatia muito grande por parte dos ministros do Supremo, isso não é novidade para ninguém. Para eu... vamos dizer, criticar o PT, se eu fizer fake news, eu estou falando que o Lula é honesto, estou falando que ele defende a vida desde o início da sua concepção, que ele não quer legalizar as drogas, ou seja, eu não tenho que fazer fake news contra o PT, você tem que mostrar a verdade. E os números têm mostrado exatamente a péssima administração do PT durante 14 anos. Olha a corrupção nas estatais. Olha os fundos de pensão.

Como tenho dito, funcionários da Caixa, do Banco do Brasil, dos Correios têm desconto até 2030 para que eles possam se aposentar no futuro. E os inativos, os aposentados, pagam também no mínimo 10% do que recebem no contracheque para continuar recebendo a sua pensão como se fosse um redutor de pensão. A corrupção no Brasil, nós já sabemos a fotografia, a lava jato tem mostrado aí, os delatores devolveram mais de seis bilhões de reais, as empresas por acordo de leniência devolveram mais de 15 bilhões, nós demos para os Estados Unidos, para a bolsa de valores, aproximadamente um bilhão de dólares, tendo em vista influência, descaso, roubalheira, interferência no preço lá atrás. Ou seja, não tem que inventar fake news. Quem seria o censor da fake news? Meu Deus do céu. Quem vai dizer se a Veja continua ou não de pé é a qualidade da matéria de vocês. Se vocês, por exemplo, começam a publicar certas coisas que não são verdadeiras, a própria população deixa a Veja de lado. Eu entendo que o melhor controle da mídia é deixar a mídia livre. E a população hoje em dia com as informações que têm, com a liberdade das mídias sociais, é que faça esse controle de vocês não assinando e não comprando esse tipo de produto.

[Carlos Nascimento]: Vamos para pergunta do jornalista do SBT, Marcelo Torres.

[Marcelo Torres]: Presidente, houve um atraso muito grande na educação das crianças por causa da pandemia, principalmente as crianças mais jovens e mais pobres. Há um consenso da sociedade que agora é hora de recuperar o tempo perdido. No orçamento da educação do ano que vem tem cortes importantes aí, por exemplo, um corte de 97% para construção de creches, sobrou dois milhões e meio de reais que dá para fazer cinco creches. Eu queria que o senhor falasse para a gente se mesmo com esses cortes é possível fazer um avanço na educação, num possível segundo mandato do senhor, e qual seria sua proposta para acelerar o aprendizado das crianças, já que como eu disse houve esse atraso durante a pandemia?

[Jair Bolsonaro]: Primeiro, temos centenas de creches que foram começadas e não construídas, obras inacabadas, primeira coisa é por aí. O que nós fizemos? Criamos a secretaria de alfabetização, criamos o programa Tempo de Aprender. Hoje mais de cinco municípios aderiram a esse programa. Mais de 200 mil professores já foram capacitados. Mais de 500 profissionais já estão matriculados na formação continuada em práticas de alfabetização. No passado, levava-se três anos para alfabetizar uma criança, no meu governo está levando seis meses. Nós também temos um programa, já em execução, conhecido como Recuperação de Aprendizado, sendo premiado inclusive pelo Banco Mundial como um dos melhores programas do mundo. Seis milhões de crianças já estão submetidas a esse programa. Mais de 2.500 municípios aderiram também. Nós investimos mais de quatro bilhões de reais, desde o início do nosso governo, para levar a Internet para as escolas.

Então, o que acontece? Nós entendemos que temos que investir, diferentemente do PT, que investiu lá em cima, em nível superior, fazendo faculdade, endividando a garotada, tanto é que nós tivemos que fazer um programa para anistiar 99% desses jovens que se formaram e não tinham como pagar aquilo que haviam contraído em forma de empréstimo para se formar, nós estamos investindo o contrário, na educação de base. O maior reajuste da história do Brasil para o ensino básico foi concedido pelo nosso governo! Esses dois anos em casa, realmente, as consequências são danosas, mas a única vantagem entre aspas, se é que eu poderia falar isso, será que poderia falar ironia em uma situação como essa, foi que o PT nos legou uma educação de péssima qualidade com o programa Paulo Freire.

Ou seja, nós estamos alfabetizando as crianças, dando atenção especial à educação básica, remunerando melhor os professores, e, por aí, criando uma boa base, esperar, daqui a muitos anos, e não poucos anos, colher algo que nós queremos dos cursos superiores, que é formar um bom profissional, um bom patrão, um bom empregado ou um bom trabalhador liberal. É isso que nós queremos. Essa é a função da educação, não é criar militantes em universidades. Então a proposta: investir, como temos investido, na educação básica.

[Carlos Nascimento]: Quem pergunta agora é o jornalista da Rádio Nova Brasil, Diego Amorim.

[Diego Amorim]: Presidente, na campanha de 2018, o senhor se queixou do tamanho do Estado e disse que teria um Ministério com no máximo 15 ministros. O senhor está chegando ao fim do mandato com 23 Ministérios, são oito a mais do que o senhor previu, e o senhor ainda está falando na recriação de pelo menos três, incluindo o Ministério da Pesca. Recentemente o senhor admitiu que cedeu aos partidos na negociação do segundo escalão. Em um eventual novo mandato, o senhor sabe, vai ter muito mais gente querendo espaço. Se reeleito, Presidente, quantos Ministérios o senhor vai ter?

[Jair Bolsonaro]: Querer espaço quase todo mundo quer. É que eu sou uma pessoa bastante discreta e não revelo o que acontece, em momentos difíceis, eu naquela sala da Presidência. As maiores pressões foram em 2019. Vencemos! Não faltava gente importante dizendo "Nada vai ser aprovado se você não, por exemplo, não dividir o MDR e recriar os Ministérios das cidades". Alguns cargos cedemos sim, não vou negar para você. Por vezes, não tínhamos, nós, como indicar pessoas, e não quer dizer que toda indicação de deputado e senador é uma péssima indicação.

Quando você fala em 23 Ministérios, eu criei um no meu governo, que é o das Comunicações. Foi o Ministério que bem negociou a questão do 5G no Brasil. Hoje nós temos 5G em quase todas as capitais, e brevemente teremos no Brasil todo, entre outras ações desse Ministério das Comunicações extremamente importantes. Possível criação de Ministérios: estamos com 23, é bem menor do que 39 que tínhamos um tempo atrás. Há possibilidade de criar mais três existe? Sim, existe, não vou negar para você. Um seria o da Indústria, Comércio e Serviços. A pesca é uma coisa fantástica! O George Seif, até há pouco o nosso secretário da pesca, por exemplo, ele fez o pescador se sentir prestigiado pelo Brasil. Nós temos uma costa de oito mil e poucos quilômetros, nós temos rios em qualquer lugar do Brasil. Ele tem negociado com o Parlamento paraguaio a piscicultura no lago de Itaipu, que pode levar à possibilidade de produzirmos mais 40% de pescados no Brasil. Imagine o volume para isso tudo. O status de Ministério para ele seria muito bem-vindo. Não é prestigiar o George Seif, é prestigiar o Brasil com esse Ministério. A questão do possível esporte, existe a possibilidade, seria o atual Marcelo, que está como Secretário Especial dos Esportes.

Foi aquele que fez ressurgir o Genesis 17 anos depois, que conduziu agora uma competição internacional, na França, onde fomos vice-campeões. Esse tipo de tratamento da juventude com o esporte, você afasta a molecada das drogas, você bota a molecada para vibrar com a medalha. A molecada se prepara, se cuida, não se preocupa mais em entrar no mundo das drogas. Então isso tudo é muito produtivo no Brasil. E o Ministério daria mais força para que nós pudéssemos implementar essas outras políticas.

[Carlos Nascimento]: Bom, para encerrar, cabe a mim fazer a última pergunta; eu vou tomar a liberdade de fazer duas perguntas, uma política e uma institucional. A política é a seguinte: como se deu a reaproximação do senhor com o ex-juiz Sergio Moro? Por iniciativa dele ou sua? Moro será ministro do seu governo? A pergunta institucional: o senhor é um crítico feroz da urna eletrônica brasileira, apesar de todos os testes que já foram feitos. No caso, na hipótese de uma derrota sua, o senhor aceitará, acatará o resultado das urnas?

[Jair Bolsonaro]: Olha, os militares foram convidados a integrar a Comissão de Transparência Eleitoral. Nós temos um Comando de Defesa Cibernética. O pessoal trabalha, tem trabalhado antes, agora, e vai trabalhar por ocasião do segundo turno também. Se nada for encontrado, você não tem por que duvidar do resultado da urna. Agora, você vê muito bem, nas ruas, como eu sou tratado e como o outro candidato é tratado. O outro, até quando tá em hotéis, sequer vai almoçar em restaurante do hotel porque não tem clima para tal. Então, uma diferença enorme. Hoje, todos dizem que a minha aceitação é muito maior do que o outro lado, mas vamos deixar as urnas.

Vamos deixar essa questão com a Comissão de Transparência Eleitoral. Sergio Moro: não existe qualquer convite da minha parte e nem ele em querer voltar a ser ministro de qualquer lugar aqui. A Justiça está sendo muito bem conduzida por um delegado da Polícia Federal, que é o Anderson Torres. Nós resolvemos nos aproximar, colega meu fez contato, vamos conversar com o Moro, foi feito o contato com o Moro, e houve uma ligação, e nós resolvemos fazer o quê? Para o bem do Brasil, qualquer equívoco ou rusgas do passado, vamos deixar de lado, porque muito mais importante do que até eu, Presidente da República, e o Moro, Senador da República, é o destino do nosso Brasil.

Ele bem conhece o que aconteceu ao longo desses 14 anos de PT. Foi um homem, realmente, que conduziu inquéritos, mostrou para o Brasil e para o mundo quão entranhada estava a corrupção no Brasil. Nós não queremos a volta disso. O Moro também, assim como eu, não quer a volta da censura no Brasil, não quer perseguições no Brasil. E nós vemos que as decisões do TSE, que pesem decisões, no meu entender, completamente, no mínimo, equivocadas, o TSE tem sido provocado pelo PT, e o próprio Moro, com toda a certeza o Dallagnol também, entre o próprio ex-ministro Marco Aurélio do STF, esse último diz, inclusive, que jamais votaria em alguém condenado em três instâncias por unanimidade! Ele continua sendo uma pessoa criminosa. Não é porque os processos foram anulados e voltaram para a primeira instância que ele passou a ser uma pessoa inocentada. Afinal de contas, só acredita em Bonner dizendo que não deve nada à Justiça quem for muito anjo no país.

Então, a reaproximação com o Moro foi por uma coisa maior: o destino do nosso Brasil. Ele entende que, se o Lula voltar, vai ser uma desgraça para todo o Brasil, para todo mundo: para aposentado, para pensionista, para a nossa economia, para o pessoal que recebe Auxílio Brasil etc. Então por isso nos aproximamos e estamos nos dando muito bem.

[Carlos Nascimento]: O senhor vai respeitar o resultado das urnas, então?

[Jair Bolsonaro]: Em a Comissão de Transparência, onde se integra as Forças Armadas, nada de anormal apresentar, não tem por que você duvidar do resultado das eleições.

[Carlos Nascimento]: Muito bem. Encerradas, então, as perguntas, vamos agora às considerações finais. Candidato Jair Bolsonaro, o senhor terá dois minutos e 45 segundos, por favor.

[Jair Bolsonaro]: Primeiro queria anunciar a todos que amanhã, às 17 horas, teremos uma superleve. Pode ter certeza, bateremos o recorde mundial de participação. Presentes, obviamente, o Presidente da República, o nosso Neymar, Sergio Moro, Governador Zema, Tarcísio, candidato em São Paulo, líderes religiosos, Silas Malafaia, entre tantas e tantas outras pessoas. Eu participarei da primeira hora da live; ela durará 22 horas. Participe, pelo menos no começo, é muito importante, vamos ouvir o Neymar, personalidades do Brasil todo. No mais, o que está em jogo no próximo dia 30? Não é escolher um presidente. A forma de governar você já sabe: o outro lado, um desastre! Corrupção, descaso etc. Do nosso lado, rigor fiscal. Tanto é que somos um exemplo para o mundo. Estamos no terceiro mês com deflação.

Quem podia esperar isso? Combustíveis lá embaixo, sem canetada, isso com votações com o Parlamento brasileiro. O maior auxílio— o maior projeto social da história do Brasil! Nós concedemos agora um auxílio aos mais pobres que nós tratamos com dignidade os mais pobres, não é? De 600 reais no mínimo. Com 600 reais, uma dona de casa pode, sim, buscar no supermercado algo que ajude muito a sua família a vencer aquele mês. Essa é uma diferença enorme entre nós. Também as questões de costumes. A família é sagrada para nós; o outro lado o tempo todo atacando os valores familiares. Se você tem dúvida nisso, dá um Google aí: PNDH3. Veja a barbaridade contra a família brasileira. Entre outras ações do PNDH3, a desconstrução da heteronormatividade.

Nós também não aceitamos a legalização das drogas, como Lula já falou que quer, o PT quer a legalização das drogas. Só quem tem um filho no mundo das drogas sabe o sofrimento que é, uma mãe ou um pai, um filho nessa situação. A questão da ideologia de gênero: não podemos ensinar coisas erradas para as nossas crianças em sala de aula. Sala de aula instrui. Quem dá educação? O pai e a mãe. Eu tenho certeza que você, mãe, que tem uma filha de seis, sete, oito anos, não quer que ela vá no banheiro no intervalo da sala de aula e encontre um marmanjão de 10, 15, 14 anos lá dentro. Você não quer isso. Sua filha, o seu filho é o seu patrimônio. Nós respeitamos a família, primamos pela liberdade e, em especial, pela liberdade religiosa.

[Carlos Nascimento]: Muito bom. O pool formado por SBT, CNN Brasil, Terra, Rádio Nova Brasil, Estadão Eldorado e Revista VEJA agradece a participação do candidato Jair Bolsonaro. Tenham todos uma boa noite.