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Bolsonaro critica Bonner ao falar no SBT sobre condenações anuladas de Lula

Do UOL, em São Paulo

21/10/2022 22h52Atualizada em 22/10/2022 09h51

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, voltou a criticar o jornalista William Bonner, da TV Globo, ao comentar as declarações do apresentador sobre as condenações anuladas do seu adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A declaração foi feita quando Bolsonaro explicava como se reaproximou do ex-ministro da Justiça de seu governo e senador eleito Sergio Moro (União Brasil). Segundo o presidente, ele e Moro acreditam que, se o petista voltar ao Executivo, vai "ser uma desgraça para todo o Brasil". Ele ainda revelou que ambos estão se "dando muito bem" neste momento.

Ele [Lula] continua sendo uma pessoa criminosa. Não é porque os processos foram anulados e voltaram para a primeira instância que ele passou a ser uma pessoa inocentada. Só acredita em Bonner, que ele [Lula] não deve nada a justiça, quem for muito anjo no país. A reaproximação foi maior, ele [Moro] entende que se o Lula voltar vai ser uma desgraça para todo o Brasil, para todo mundo, para aposentado, pensionista, nossa economia, etc., foi por isso que nos aproximamos e estamos nos dando muito bem.
Bolsonaro durante a sabatina do SBT na noite desta sexta-feira (21)

Durante sabatina no Jornal Nacional, em agosto, Bonner afirmou que Lula "não deve nada à Justiça". "O Supremo Tribunal Federal lhe deu razão, considerou o então juiz Sérgio Moro parcial, anulou a condenação do caso do triplex e anulou também outras ações por ter considerado a Vara de Curitiba incompetente. Portanto, o senhor não deve nada à Justiça", disse o apresentador.

Moro ministro de novo? Questionado se Moro pode voltar a ser ministro de um possível segundo governo, Bolsonaro declarou que "não existe qualquer convite da minha parte". "Nem ele em querer voltar a ser ministro de qualquer lugar aqui."

O chefe do Executivo também voltou a elogiar o aliado, que hoje estreou na campanha eleitoral do candidato, e criticou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

"Ele [Moro] bem conhece o que aconteceu ao longo desses 14 anos de PT", disse. "O Moro não quer a volta da censura no Brasil não quer perseguições no Brasil. E nós vemos que as decisões do TSE, que pese decisões, no meu entender, completamente equivocadas, o TSE tem sido provocado pelo PT."

Bolsonaro comparou ainda como ele e Lula são tratados nas ruas. Segundo o chefe do Executivo, Lula não frequenta restaurantes em hotéis porque "não tem clima para tal".

"Hoje, todos dizem que a minha aceitação é muito maior do que o outro lado, mas vamos deixar as urnas. Vamos deixar essa questão com a comissão de transparência eleitoral."

Convite para 'superlive'. Bolsonaro aproveitou suas considerações finais para convidar os espectadores a acompanharem uma "superlive" amanhã (22). A transmissão, segundo Bolsonaro, terá 22 horas de duração e contará com personalidades políticas, esportivas e religiosas, entre elas Moro, o jogador Neymar e o pastor Silas Malafaia.

Ligação do PT à censura. Bolsonaro associou Lula e o PT a tentativas de censura à imprensa. Sem citar nominalmente a rádio Jovem Pan, Bolsonaro lembrou que as medidas do TSE contra a emissora foram tomadas a pedido da sigla de Lula. "O PT não tem qualquer zelo, qualquer compromisso com a liberdade, haja vista que sempre fala no tocante a controle da mídia. Várias vezes disse que vai controlar vocês da mídia e controlar as mídias sociais", declarou.

Urnas. O candidato também foi questionado se irá respeitar os resultados das urnas no próximo dia 30 de outubro. Sem dar certeza da resposta, Bolsonaro afirmou ter um "comando de defesa" que está trabalhando e, "se nada for encontrado, não tem por que duvidar do resultado". O político costuma questionar, sem provas, as urnas eletrônicas.

Orçamento secreto "não é secreto". No primeiro bloco da sabatina no SBT, Bolsonaro afirmou que o orçamento secreto não é secreto. "Secreto é o nome dos parlamentares que junto ao relator do orçamento é enviado então pedido de recursos para estados e municípios", disse.

"TV minha". O presidente classificou a empresa pública federal EBC (Empresa Brasil de Comunicação), gestora da TV Brasil, como "TV minha". Criada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2007, a EBC é a maior empresa pública federal e possui um conglomerado de mídia no Brasil. Uma das promessas da campanha eleitoral de 2018 de Bolsonaro era fechar ou privatizar a EBC quando assumisse o cargo, o que não aconteceu.

Sem debate. A entrevista com Bolsonaro substituiu um debate que seria realizado entre ele e Lula. O petista recusou o convite para participar do evento.

Corrida eleitoral. De acordo com a última pesquisa do Datafolha, desta quarta-feira (19), Bolsonaro e Lula estão tecnicamente empatados na disputa presidencial pelo segundo turno. Sem contar brancos e nulos, Lula tem 52% da intenção dos votos válidos e Bolsonaro 48%, com margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.