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Bolsonaro questiona inserções de rádio e pede suspensão de programa de Lula

21.out.2022 - O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) participa de sabatina no SBT - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
21.out.2022 - O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) participa de sabatina no SBT Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em Brasília

24/10/2022 20h19Atualizada em 24/10/2022 21h51

A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, que determine a imediata suspensão da propaganda de rádio da coligação Brasil da Esperança, do ex-presidente Lula (PT).

O pedido foi anunciado pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, a jornalistas na noite de hoje (24) em uma entrevista coletiva convocada em frente ao Palácio do Alvorada. A ação foi protocolada pela defesa de Bolsonaro no TSE, liderada pelo ex-ministro Tarcísio Vieira de Carvalho.

"De 7 a 21 [de outubro], a campanha do presidente Jair Bolsonaro teve a menos no Brasil 154.085 inserções de rádio", disse Faria. E completou: "Isso é uma grave violação do sistema eleitoral. Esses dados já estão coletados, já fizemos dupla checagem."

A quantidade de inserções informada por Faria não consta no pedido inicial da campanha levada ao TSE. No documento, os advogados de Bolsonaro ainda diziam estar esperando "a totalização em curso em todo o território nacional e em intervalo de tempo superior a uma semana".

Moraes determinou o prazo de 24 horas para que a campanha de Bolsonaro apresente provas da acusação de que houve fraude nas inserções em rádios. O ministro afirmou que não houve apresentação de "prova e/ou documento sério". "Tal fato é extremamente grave, pois a coligação requerente aponta suposta fraude eleitoral sem base documental alguma, o que, em tese, poderá caracterizar crime eleitoral dos autores, se constatada a motivação de tumultuar o pleito eleitoral em sua última semana", escreveu Moraes.

O UOL questionou a campanha de Lula, mas não houve resposta ainda. O petista está em um ato pela democracia em São Paulo.

O que diz o pedido. A campanha de Bolsonaro afirma que verificou "intensificação de contatos" de apoiadores informando que emissoras de rádio não estariam transmitindo adequadamente as inserções de rádio do presidente.

Os advogados dizem que fizeram uma investigação preliminar a partir de relatórios fornecidos por empresas de clipagem e que "foi possível identificar ausência de cumprimento da legislação" em diversas cidades do país. Uma das empresas contratadas foi a Audiency Brasil Tecnologia, que forneceu um relatório à campanha.

Números no Nordeste. De acordo com a campanha, esse relatório da Audiency Brasil Tecnologia demonstrou que, em uma semana, a região Nordeste teve mais de 12 mil inserções de rádio de 30 segundos para a campanha de Lula.

"Por meio de cálculo matemático singelo, considerando-se aproximadamente 12.000 inserções, teve-se, repita-se, em apenas uma semana e somente na Região Nordeste, 6.000 (seis mil) minutos, ou seja, 100 (cem) horas de exposição a maior para Lula nas rádios nordestinas", afirma.

Somente no Estado da Bahia, teriam sido 7.249 inserções a mais para o petista do que para Bolsonaro. No documento enviado ao TSE, a campanha do presidente alega que Lula teria se beneficiado da discrepância.

Bolsonaristas alegam 'censura'. Segundo o coordenador de comunicação da campanha de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, cada inserção possui 30 segundos de duração, ou seja, supostamente teriam 1.283 horas de conteúdo não exibido.

"Fomos limitados, fomos cerceados, fomos censurados em transmitir a nossa mensagem", completou.

Wajngarten disse ainda que se essas veiculações fossem em uma única emissora, Bolsonaro teria direito a 53 dias de programação ininterrupta em um único veículo.

Sem Bolsonaro. O ministro e Wanjgarten chegaram na entrada do Palácio da Alvorada por volta das 19h45, sem o presidente Jair Bolsonaro. Faria relatou que soube do assunto por uma denúncia.

"Na semana passada, nos recebemos uma renuncia de rádios estariam publicando mais inserções do PT do que inserções do presidente Bolsonaro", disse Fabio Faria. Faria e Wanjgarten não divulgaram durante a coletiva de imprensa quais eram os nomes das empresas.

Caso Jefferson. A divulgação da acusação acontece em meio à prisão do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), que atirou em policiais federais e foi detido.

O fato de Jefferson ser apoiador de Bolsonaro fez com que o presidente temesse ter sua candidatura impactada pelo episódio. Bolsonaro chegou a chamar o político de "criminoso" e "bandido" nas redes sociais.

Questionado pelo UOL sobre o impacto da prisão do ex-deputado federal na campanha do presidente, o ministro Fábio Faria evitou responder sobre o tema e manobrou a resposta de volta à denuncia.

"O que impacta a campanha é você não ter condições de ter uma campanha igualitária é por isso que nós estamos aqui", respondeu.