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O que tenho a ver com Jefferson dar tiro?, diz Bolsonaro sobre aliado

24.out.2022 - Presidente Jair Bolsonaro (PL) concede entrevista ao Metrópoles - Reprodução/YouTube/Metrópoles
24.out.2022 - Presidente Jair Bolsonaro (PL) concede entrevista ao Metrópoles Imagem: Reprodução/YouTube/Metrópoles

Do UOL, em São Paulo

24/10/2022 17h59Atualizada em 24/10/2022 20h22

Em nova tentativa de se descolar do aliado Roberto Jefferson (PTB), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta segunda-feira (24) que "não tem a ver" com os "tiros disparados" pelo ex-deputado em dois agentes da Polícia Federal que tentavam cumprir um mandado de prisão ontem. O candidato à reeleição também minimizou as fotos ao lado Jefferson e agora afirma que não tem registro "recente" ao lado dele.

O que eu tenho a ver com o Roberto Jefferson? Eu tenho vários amigos pelo Brasil, se algum faz uma besteira, o que eu tenho a ver com isso? (...) O que eu tenho a ver com o Roberto Jefferson dar tiro nos outros, meu Deus do céu? Pelo amor de Deus.
Jair Bolsonaro, em entrevista ao site Metrópoles

Bolsonaro se exaltou quando a jornalista Lilian Tahan, do Metrópoles, disse que Jefferson é um aliado "de primeira hora" do presidente e negou que conversasse com Jefferson sobre as eleições.

"Ele [Roberto Jefferson] teve candidato à Presidência da República. Eu fiquei sabendo do padre [Kelmon, ex-candidato do PTB a presidente] naquele dia quando faltou o Lula [no debate], ou melhor, quando faltou um candidato ali, ele entrou naquela vaga. Eu nunca conversei com Roberto Jefferson sobre eleições", afirmou.

Ontem, Padre Kelmon, que esteve na casa de Jefferson para, segundo sua assessoria, oferecer apoio espiritual, negociou a rendição do ex-deputado e entregou aos policiais um fuzil.

Kelmon só se tornou candidato na eleição presidencial após Jefferson ter a sua candidatura barrada, por unanimidade, pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Durante a entrevista ao Metrópoles, Bolsonaro também voltou a citar argumento que usou em sabatina ontem na Record e afirmou que o ex-parlamentar acionou o STM (Superior Tribunal Militar) contra ele com uma queixa-crime.

Que onda fizeram com o caso Roberto Jefferson contra mim. O que eu tenho a ver com a vida do Roberto Jefferson? E mais ainda: 'Ai, ele é amigo do Bolsonaro'. Ué, amigo? Que no dia 16 de setembro entrou com uma queixa-crime contra mim no Superior Tribunal Militar. Que amigo é esse?"
Jair Bolsonaro, hoje, em entrevista

Conforme publicado pelo site The Intercept, Jefferson acionou a Justiça Militar em 16 de setembro contra o presidente e o ministro da Defesa, o general do Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, sob a acusação de que ambos prevaricaram por não terem insistido para que o Senado apreciasse o pedido de impeachment do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Fotos com Jefferson. Bolsonaro também minimizou a divulgação de imagens em que aparece ao lado do ex-deputado federal — depois de afirmar que não tinha foto com ele — e afirmou agora que não tem imagem "recente" com o político.

"Veio um repórter falar comigo e perguntou se ele era colaborador da minha campanha, falei: 'Não, não tenho nenhuma foto com ele enquanto colaborador'. Aí pintou dizendo que eu não tinha foto com ele. Um absurdo. Eu já fui do partido do Roberto Jefferson lá atrás, tem foto minha de montão com ele."

Quando confrontado com o fato de que há foto do mês de maio, Bolsonaro, irritado disse, não se tratar do período de campanha eleitoral:

Estava em campanha? Tava em campanha? Ah, pelo amor de Deus. Eu tiro centenas de fotos, tem dia que eu tiro centenas de fotografias"

Bolsonaro chama Jefferson de "bandido". Segundo Bolsonaro, após saber do tiros disparos pelo ex-deputado contra os policiais, ele determinou que o ministro da Justiça, Anderson Torres, se deslocasse para a residência de Jefferson para "a prisão ser feita o mais rápido possível".

"Roberto Jefferson tinha tudo para continuar a sua batalha pela liberdade, agora, quando ele atira em direção aos policiais, atira uma granada, que seja granada de efeito moral, ele perdeu completamente a razão e vai responder agora por tentativa de homicídio. Lamento, mas não posso concordar com isso."

Bolsonaro disse que Jefferson "falou besteira" sobre a ministra do STF Cármen Lúcia — numa referência ao ataque machista e misógina do aliado —, mas disse que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro e sua filha também foram atacadas.

"Alguma coisa aconteceu com ele [Jefferson], falou besteira, no tocante à ministra Cármen Lúcia, no tocante chamando-a de um palavrão esquisito, comparando a essas pessoas, houve a prisão e ele resolveu reagir e atirou em policiais. Para mim, quem atira em policiais o tratamento dispensado tem que ser bandido", disse.