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Nature diz em editorial que reeleição de Bolsonaro seria ameaça à ciência

Jair Bolsonaro participa da Unção Apostólica no Auditório do MIR - Clauber Cleber Caetano/PR
Jair Bolsonaro participa da Unção Apostólica no Auditório do MIR Imagem: Clauber Cleber Caetano/PR

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/10/2022 21h48Atualizada em 25/10/2022 21h48

A revista científica Nature publicou hoje um editorial se posicionando contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo a publicação britânica, um eventual segundo mandato do político representaria "uma ameaça à ciência, à democracia e ao meio ambiente" do Brasil e do mundo.

"Populista e ex-capitão do Exército, Bolsonaro assumiu o cargo negando a ciência, ameaçando os direitos dos povos indígenas, promovendo armas como solução para problemas de segurança e impulsionado uma abordagem de desenvolvimento a todo custo para a economia", diz a revista.

"Bolsonaro foi fiel à sua palavra. Seu mandato foi desastroso para a ciência, o meio ambiente, o povo do Brasil - e do mundo", acrescenta.

Em 2018, a Nature já tinha manifestado sua insatisfação com as políticas ambientais e científicas do presidente brasileiro logo após ele ser eleito.

Agora, a publicação científica, uma das mais conceituadas do mundo, diz que o "histórico de Bolsonaro é de arregalar os olhos".

Sob sua liderança, o meio ambiente foi devastado quando ele retirou as proteções legais e menosprezou os direitos dos povos indígenas. Somente na Amazônia, o desmatamento quase dobrou desde 2018, com mais um aumento esperado quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil divulgar seus últimos dados nas próximas semanas. Editorial da revista Nature

A Nature também traça um paralelo entre Bolsonaro e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump na condução da pandemia de coronavírus:

Bolsonaro ignorou os alertas dos cientistas sobre a covid-19 e negou os perigos da doença. Bolsonaro também minou os programas de vacinas, questionando a segurança e eficácia dos imunizantes. Mais de 685 mil pessoas morreram de covid-19 no Brasil. Editorial da revista Nature

A revista ainda sinaliza que tanto Trump quando Bolsonaro tentaram "minar o estado de direito e reduzir a atuação dos poderes dos reguladores."

O corte de verbas para a ciência e a educação durante o governo Bolsonaro também foi destacado pela Nature, ressaltando que "muitas universidades federais lutam" para continuar funcionando.

"Isso contrasta com a situação cerca de uma década antes de ele chegar ao poder, quando o Partido dos Trabalhadores fez grandes investimentos em ciência e inovação, fortes proteções ambientais estavam em vigor e oportunidades educacionais foram ampliadas", diz o editorial.

A revista finaliza o texto dizendo que "nenhum líder político chega perto de ser perfeito", mas o governo de Jair Bolsonaro é um "lembrete" do que acontece com a eleição de representantes que "desmantelam ativamente as instituições destinadas a reduzir a pobreza, proteger a saúde pública, impulsionar a ciência e o conhecimento, proteger o meio ambiente e defender a justiça e a integridade das evidências."