Eleições 2022

Toledo: Bolsonaro tumultua eleição para vender caro a passagem da faixa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/10/2022 19h09

A pesquisa Datafolha divulgada hoje (27) apontou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 53% das intenções de votos válidos, enquanto Jair Bolsonaro aparece com 47%. Para o colunista do UOL José Roberto de Toledo os seguidos ataques que Bolsonaro faz às instituições ao duvidar da lisura do processo eleitoral ao atacar as urnas eletrônicas, ou alegar que teria sido prejudicado em inserções de sua propaganda em rádios do Nordeste, têm como único objetivo tumultuar o processo eleitoral.

"Acho sinceramente que é tudo um cálculo para tentar chegar em uma posição para negociar e vender caro a passagem da faixa. Me parece que ele vai esticar a corda para um lado para depois negociar uma anistia ou sei lá o quê", disse durante o programa Análise de Pesquisas.

Toledo ainda afirmou que, em uma eventual vitória do candidato petista, se a diferença entre os dois candidatos for muito grande, será difícil para o atual presidente contestar o resultado das urnas. "Quanto maior for a distância de Lula para Bolsonaro, menor a chance de colar qualquer discurso de contestação do resultado e fraude".

Durante o programa, ele ainda relembrou a apuração paralela realizada pelas Forças Armadas durante o 1º turno, e disse que nenhuma irregularidade foi encontrada pelos militares.

"Os generais viraram tchutchuca do capitão e estão obedecendo o que o presidente mandou, porque o resultado não mostra nenhum tipo de problema. Você acha que se tivesse tido algum tipo de problema, por menor que fosse, eles teriam ocultado esse relatório? Então na urna vai ser difícil dizer que teve fraude".

Toledo ainda criticou os argumentos que são usados por Bolsonaro e sua base para descredibilizar o processo eleitoral, dizendo que fica difícil para quem não faz parte de sua base radical acreditar nos discursos e contestações do atual presidente.

"O que eles estão tentando propalar é esse discurso de que a Justiça tem lado e o Alexandre de Moraes isso e o TSE aquilo. Mas é tão precário e ridículo que fica difícil para qualquer pessoa que não seja um bolsonarista radical acreditar nessa história".

Toledo: Salvo um 'cisne negro' ou hecatombe, virada de Bolsonaro é difícil

"Tirando o 'cisne negro' e tirando uma hecatombe no debate, fica muito difícil para o Bolsonaro virar", afirmou Toledo sobre as possibilidades de Bolsonaro vencer as eleições.

Durante o programa ele também explicou o que seria um eventual "cisne negro". "'Cisne negro' é aquele evento que você não consegue prever porque nunca viu antes. A gente nunca tinha visto um presidente de partido disparar 50 tiros de fuzil e três granadas contra policiais federais a uma semana da eleição. Então a gente sabe que nunca viu, mas eles existem e pode ser que aconteça mais um 'cisne negro' daqui até a eleição".

Toledo: Bolsonaro ganharia eleição se tivesse aumentado salário mínimo

"Se o Bolsonaro tivesse aumentado o salário mínimo decentemente no governo dele, ele ganharia a eleição", afirmou Toledo após a cientista política Deisy Cioccari dizer que Bolsonaro nunca olhou para as minorias em seu governo.

Para explicar sua teoria, Toledo fez uma comparação entre as intenções de voto de Bolsonaro entre eleitores que ganham até um salário mínimo e aqueles que ganham um pouco mais.

"Se você pegar o eleitor até um salário mínimo, ele é praticamente uma constante na eleição inteira. O Bolsonaro não ganha um voto ali, zero e sempre tomando uma lavada do Lula. Se ele tivesse dado um aumento do salário mínimo, naturalmente esse eleitor passaria a se comportar mais parecido com a faixa seguinte, que é de um a dois [salários mínimos] e a diferença [de votos] é muito menor".

O Análise de Pesquisas vai ao ar sempre após a divulgação de pesquisas Ipec ou Datafolha para presidência da República.

Quando: toda semana após divulgação de pesquisa Ipec ou Datafolha.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL