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No RJ, Bolsonaro chama Paes de 'vagabundo' e prefeito reage: 'Incompetente'

Do UOL, no Rio

27/10/2022 17h46Atualizada em 27/10/2022 21h03

O presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou hoje o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), de "vagabundo" durante comício no bairro de Campo Grande, na zona oeste carioca. O candidato à reeleição rebatia críticas que Paes tem feito ao presidente sobre não ter ajudado a capital fluminense.

Por meio do Twitter, o prefeito —que apoia Luiz Inácio Lula da Silva (PT)— reagiu chamando Bolsonaro de "desqualificado incompetente".

"Esse Eduardo Paes é um vagabundo. Sem caráter. Paes está cheio de processo por aí e está buscando uma história para ajudar o ladrão [Lula] para não ser condenado no futuro. Esse vagabundo mal-agradecido, que fica mentindo por aí dizendo que vou maltratar o trabalhador e o aposentado. Vagabundo mentiroso. Ele vai receber o troco lá em 2024", disse Bolsonaro, referindo-se à próxima eleição à Prefeitura do Rio.

Logo em seguida, em resposta ao presidente, Paes usou seu perfil no Twitter para reiterar que Bolsonaro não fez nada de positivo pelo Rio.

"Esse Bolsonaro, um desqualificado incompetente, não cansou de me agredir agora na zona oeste. Me chamou de mal-agradecido. Mal-agradecido por quê? Você apoiou o juiz safado para governador, o bispo incompetente para prefeito e não fez nada pelo Rio", afirmou Paes em referência ao ex-governador Wilson Witzel e ao ex-prefeito Marcelo Crivella, respectivamente.

Em uma publicação no Twitter no último dia 14, Paes desafiou seus seguidores a dizerem algo que Bolsonaro tenha feito de positivo pela cidade. "Eu sou até capaz de mudar meu voto!", escreveu, em tom de ironia.

Ao colunista do UOL Chico Alves, o prefeito comparou a atuação do ex-presidente Lula e do atual mandatário. "O que Bolsonaro fez pelo Rio? Ao contrário, lembrem o que Lula fez".

Apoio de Paes a Lula. Desde o fim do primeiro turno, Paes se engajou na campanha de Lula para valer. Após Bolsonaro vencer com uma vantagem de quase 1 milhão de votos sobre Lula no estado, o prefeito da capital passou a fazer uma intensa agenda de campanha. Seu foco tem sido a zona oeste do Rio, região em que Bolsonaro é mais forte.

Ao mesmo tempo que se dedica à campanha de rua, Paes tem usado as redes sociais para provocar bolsonaristas e criticar sua gestão em relação ao Rio. Na manhã de hoje, ele voltou a afirmar que Bolsonaro "não fez nada pelo Rio".

Paes também publicou um vídeo focado no eleitorado do interior do estado afirmando que o governo Bolsonaro só repassou R$ 2 milhões para socorrer o município de Petrópolis após a tragédia das chuvas que matou 234 pessoas em fevereiro.

Bolsonaro ignora 'RadioGate'. Um dia depois de afirmar que vai até as "últimas consequências" com denúncias —sem provas— sobre supostas inserções de rádio não veiculadas, Bolsonaro ignorou o assunto em Campo Grande e também no primeiro comício de hoje no RJ.

Durante passagem por São João do Meriti, na Baixada Fluminense, o candidato falou até da final da Copa Libertadores. Sobre as queixas feitas de forma estridente, silêncio.

Bolsonaro se calou a respeito das críticas ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, mas sua militância mostrou que absorveu o discurso. Antes de o comício começar, os apoiadores do presidente puxaram o coro de "Xandão ladrão, seu lugar é na prisão."

O presidente chegou sobre um carro de som e estacionou na praça matriz de São João do Meriti. Ele falou durante dez minutos, um período abaixo de seu padrão. O tom adotado por Bolsonaro foi muito mais ameno que o de ontem (26).

Em Campo Grande, o governador Cláudio Castro (PL) fez, ao lado do presidente, referência à Paróquia Nossa Senhora do Desterro, localizada na praça onde aconteceu o ato. A igreja fechou as portas nesta semana após a chegada no fim de semana de apoiadores do presidente.

"Essa praça está lotada na frente de uma igreja. E eu tenho certeza que Deus está abençoando este momento", afirmou Castro. A igreja permaneceu fechada durante o evento bolsonarista.

Fiéis católicos relatam intimidações. Uma denúncia ao Ministério Público do RJ e uma carta aberta de fiéis da Paróquia Nossa Senhora do Desterro relatam atitudes de intimidação de apoiadores de Bolsonaro em Campo Grande.

A paróquia —que é a igreja mais antiga do bairro, fundada em 1755— está fechada desde segunda-feira (24) para evitar vinculação ao ato de campanha de Bolsonaro. Três pessoas ligadas à paroquia relataram ao UOL que, desde sábado (22), apoiadores do candidato à reeleição acamparam na praça Dom João Esberard e intimidaram funcionários para entrar na igreja.

Integrantes daquela comunidade religiosa —que preferiram não ter suas identidades reveladas— contam que simpatizantes de Bolsonaro tentaram, sem autorização, visitar o espaço interno da paróquia para conhecer a infraestrutura e usá-la no ato de hoje. Além disso, relatam que os bolsonaristas coagiram funcionários da paróquia para fazer uma reunião não agendada com o padre.

No domingo (23), o padre não permitiu o uso da igreja como base para o ato de hoje, alegando que ela deve se manter neutra na campanha eleitoral. Ante a negativa, os apoiadores continuaram intimidando padres residentes da paróquia e funcionários. Temendo pela segurança dos fiéis e da paróquia, a igreja fechou as portas durante toda esta semana.