Amazônia no debate da Globo: veja dados dos governos de Lula e Bolsonaro
O último debate entre candidatos à Presidência da República, realizado ontem (28) pela TV Globo, voltou a levar o desmatamento da Amazônia aos temas mais pesquisados no Google, já que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) trocaram acusações sobre suas gestões.
Bolsonaro repetiu uma estratégia já utilizada durante o 1º turno: o presidente pegou o total de área desmatada nos primeiros anos de governo Lula e comparou com o bruto do seu mandato.
Porém, a taxa de desmatamento que o petista herdou ao assumir o governo foi quase três vezes maior da taxa que Bolsonaro encontrou em 2019, como aponta matéria do UOL Confere do início de outubro.
"Desmatamento no governo Lula: 20 mil quilômetros quadrados por ano. No nosso governo está alto, mas está 11 mil quilômetros quadrados por ano", disse o presidente durante o debate. Bolsonaro também não especificou o movimento de queda ou aumento da destruição da floresta no período avaliado.
Em resposta, Lula exagerou na afirmação de que a diminuição do desmatamento de seu governo foi "quase 80%", apesar da queda acentuada registrada pelos órgãos oficiais. A redução total foi de 67,6%; veja abaixo o histórico.
Os dados que medem os alertas de queimadas e fazem as projeções de desmatamento mensal e anual na Amazônia são contabilizados pelo Inpe, o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, e analisados por diversas organizações da sociedade civil.
As informações de desmatamento estão disponíveis aqui, no portal do Prodes, do Inpe, que avalia o período entre julho de um ano e agosto do próximo ano (julho de 2018 e agosto de 2019, por exemplo) para estabelecer a taxa anual.
Desmatamento nos governos Lula. Em suma, Lula iniciou seu primeiro mandato com desmatamento em alta (21,6 mil km² em 2002). A partir de 2005, essa tendência de alta se inverteu. Em julho de 2006, última medição do primeiro mandato, Lula terminou com redução de 34% na área desmatada.
Após ser reeleito, de 2006 a 2010, o desmatamento caiu 51%. Neste meio tempo, o único aumento anual, de 10,8%, foi registrado entre agosto de 2007 a julho de 2008.
Considerando seus dois governos, a redução total foi de 67,6%. A área desmatada saiu de 21.651 km² em julho de 2002 para 7.000 km² em julho de 2010 — o último foi o menor índice durante a gestão do petista.
Desmatamento no governo Bolsonaro. O atual presidente assumiu o mandato com os dados de julho de 2018 indicando um desmatamento anual de 7.536 km². Em agosto de 2019, considerando sete meses de gestão de Bolsonaro, o índice subiu 34,4%.
A partir daí, esse aumento desacelerou para 7,1% em julho de 2020; depois, entre agosto de 2020 e julho de 2021, cresceu 20%. Neste momento, já eram desmatados 13.038 km² anuais.
Em quatro anos, Bolsonaro aumentou o desmatamento em 73% — dos 7,5 mil km² em 2018 para 13 mil km² em 2021. O último índice foi a maior taxa registrada pelo Inpe em 15 anos.
O Prodes ainda não disponibilizou dados referentes ao período entre agosto de 2021 e julho de 2022; normalmente, a divulgação ocorre entre novembro e dezembro.
Amazônia é foco de atenção internacional às eleições brasileiras. Não é de hoje que o aumento no desmatamento da Amazônia chama a atenção do mundo para o que está acontecendo no Brasil. A imprensa internacional aponta que este é um dos focos das preocupações a respeito das mudanças climáticas ao nível global.
O jornal norte-americano The New York Times publicou, na quinta-feira, um vídeo dizendo que a eleição presidencial no Brasil "vai definir o futuro do planeta", e que o vencedor "herdará o controle de mais da metade da floresta amazônica".
No vídeo de seis minutos, o NYT condena a gestão ambiental de Bolsonaro e cita medidas adotadas pelo governo, como o desmonte das agências de fiscalização, além do aumento do desmatamento, o descaso do presidente com as terras indígenas e sua proximidade com o agronegócio.
A líder indígena Txai Suruí, que denunciou a gestão ambiental do governo Bolsonaro no Conselho de Direitos Humanos da ONU, fala no vídeo que esta eleição "é a última chance de salvar a Amazônia".
*Com informações de Rafael Neves, do UOL, em Brasília
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