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Lula sobre transição, se eleito: Bolsonaro 'fala tchau e eu entro'

29.out.2022 - José Mujica, Lula (PT) e Haddad (PT) em ato na avenida Paulista - Caio Guatelli/UOL
29.out.2022 - José Mujica, Lula (PT) e Haddad (PT) em ato na avenida Paulista Imagem: Caio Guatelli/UOL

Do UOL, em São Paulo e no Rio

29/10/2022 17h39

O presidenciável do PT Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista à imprensa na tarde de hoje na capital paulista, que, caso vença, bastará a seu adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL), "falar tchau" e ele assume a Presidência. O petista ressalvou, contudo, que não quer "sentar na cadeira antes de ganhar".

Lula respondia a pergunta sobre declaração de Bolsonaro após o debate de ontem na TV Globo, de que respeitará o resultado das urnas neste domingo (30). O candidato do PT disse ainda que, caso Bolsonaro se recuse a participar da cerimônia de entrega de faixa, ele a receberá "do povo brasileiro".

"Eu disputei muitas eleições. Quem perde vai para casa lamentar. E quem ganha vai festejar. É isso, é simples. Só temos um caso do presidente [João] Figueiredo, que não quis passar a faixa para o presidente [José] Sarney. Mas isso é de menos. Eu, se for necessário, recebo a faixa do povo brasileiro. Coloco lá uma centena de trabalhadores para me entregar a faixa, não precisa ser ele. Agora, se ele for educado, civilizado, simplesmente reconhece e telefona para o vitorioso. Vamos propor uma equipe para a transição e, quando for dia 1º de janeiro, ele fala tchau e eu entro. É simples assim. Não tem dificuldade, dar a faixa para quem ganhou é simples."

"Quem tiver mais voto leva". Ontem, ao ser questionado pela jornalista Renata Lo Prete, da TV Globo, sobre aceitar o resultado das eleições, Bolsonaro disse: "Não há a menor dúvida. Quem tiver mais voto leva. É isso que é democracia".

Desde a eleição de 2018, da qual saiu vitorioso no segundo turno, o presidente tem lançado suspeitas infundadas sobre o sistema eleitoral brasileiro e a confiabilidade do voto eletrônico.

Na última segunda (24), a campanha de Bolsonaro tentou criar uma narrativa de denúncia de fraude eleitoral ao divulgar dados que, de acordo com advogados do PL, indicariam suposto favorecimento a Lula nas inserções de rádio no Nordeste.

O staff do presidente pleiteou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a suspensão da propaganda do adversário, mas o pedido foi negado pelo ministro Alexandre de Moraes, que determinou o arquivamento do processo.

"Se perder tem que ficar quieto". Recentemente, Lula já havia dito que Bolsonaro tem de "ficar quieto", caso perca as eleições. Em uma live com o ator Paulo Vieira, promovida pela campanha na última quarta (26), ele negou qualquer possibilidade de golpe do adversário.

"Da minha parte é assim: eu, quando perdia as eleições, eu voltava para casa para lamber as minhas feridas e esperar quatro anos. (...) Eu acho que, se ele perder, tem que ficar quieto, esperar e se preparar para disputar outra eleição, não ficar criando confusão no país."

"Eu vou esquecer o processo eleitoral. Eu vou ser eleito para governar esse país por quatro anos. Quatro anos é curto para a gente fazer o que tem para fazer", completou.

Apoio de Mujica. Na véspera da votação, Lula deu hoje entrevista ao lado do ex-presidente do Uruguai José Mujica, que participou de ato na avenida Paulista.

"Estou muito feliz de estar aqui com o nosso companheiro Pepe Mujica, um companheiro muito especial", disse o ex-presidente, abraçando Mujica.

Fortalecimento do Mercosul. O estreitamento nas relações entre os países latino-americanos, uma das principais bandeiras internacionais do governo Lula (2003-2010), tem sido um dos focos da campanha petista.

Em encontros com outras lideranças da região, como vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, e do presidente boliviano, Luis Arce, o petista tem debatido uma "volta do protagonismo do Mercosul" dentro da política internacional brasileira.

"O Brasil tem de voltar a ser aquele país que não fala fino com os Estados Unidos nem grosso com a Bolívia", tem repetido o petista durante a campanha".