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RJ: Bolsonaristas intimidam petistas durante ato de campanha

Do UOL, no Rio

29/10/2022 13h38Atualizada em 29/10/2022 15h48

O último dia de campanha eleitoral no Rio de Janeiro teve um princípio de confusão entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um dos pontos mais movimentados da cidade, na Tijuca, zona norte da capital.

Militantes bolsonaristas comandados pelo deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB-RJ) cercaram neste sábado (29) um tradicional ponto de militância petista no bairro —a Praça Saens Pena, principal centro comercial da Tijuca.

Os petistas estavam concentrados desde a manhã na esquina das ruas General Roca e Conde de Bonfim, onde costumam montar uma barraca para distribuição de material. Os bolsonaristas chegaram ao local na hora do almoço e ocorreu um princípio de confusão, com troca de empurrões, quando o grupo comandado por Amorim fez um cordão e tentou cercar a barraca.

Uma equipe de policiais militares do 6º BPM (Tijuca) chegou ao local e interveio. De acordo com a tenente Jéssica, que comanda a guarnição, os petistas já estavam no local quando os bolsonaristas chegaram.

"A gente está pedindo para ambos os lados saírem. Conversei com os dois lados e ninguém quis sair. Estamos aqui para fazer a segurança", disse ela.

Cerca de dez minutos depois, os petistas decidiram deixar o local e ir para outro ponto da praça.

"Ficamos aqui há muitos anos. Todo sábado estamos aqui. E agora é isso aí, um deles falou que a ordem é derrubar a banca", disse um petista.

29.out.22 - Último dia de campanha eleitoral no Rio de Janeiro teve um princípio de confusão entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Lula (PT) - Igor Mello/UOL - Igor Mello/UOL
29.out.22 - Último dia de campanha eleitoral no Rio de Janeiro teve um princípio de confusão entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Lula (PT)
Imagem: Igor Mello/UOL

Em entrevista, Amorim negou que tenha havido animosidade por parte de sua militância —o UOL presenciou a tentativa dos bolsonaristas de encurralarem os petistas.

"Tinha uma barraquinha aqui, uma barraquinha. Eles não têm o título de propriedade desse espaço. Eles têm que defender a liberdade de todos estarem em praça pública. A praça não é deles. Eles não toleram a divergência, não toleram a diversidade. Podemos conviver com tranquilidade, mas eles promovem o ódio", afirmou o parlamentar.

Cerca de cinco minutos depois da entrevista, quando os petistas começavam a deixar o local, Amorim mudou de tom. Discursando em um sistema de som, ele comemorou a expulsão dos adversários: "Fizemos a tomada da Praça Saens Pena para a nossa bandeira".

Histórico de confusões. Amorim é conhecido na política fluminense por um longo histórico de confrontos com políticos e militantes de esquerda.

Em julho, Amorim utilizou a mesma tática deste sábado para interromper um ato de campanha de Marcelo Freixo (PSB), então candidato ao governo do Rio.

Assim como ocorreu hoje, Amorim e seus assessores encurralaram os candidatos e militantes de esquerda que faziam uma caminhada no local. O caso foi registrado por eles na 19ª DP (Tijuca) como ameaça e injúria. Na ocasião, Amorim negou as acusações e disse ter sido ofendido pelos militantes de esquerda quando chegou ao local —segundo ele, para reunir seu grupo e ir a um evento do PTB em São Cristóvão, bairro vizinho.

Em 2018, ele se elegeu o deputado estadual mais votado do Rio após depredar uma placa em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL), instalada nas proximidades da Câmara dos Vereadores.

Neste ano, ele foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) por violência política de gênero, após fazer ataques transfóbicos contra a vereadora de Niterói Benny Briolly (PSOL). Ele se tornou réu pelo caso em agosto.