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Moraes após eleição: 'Espero que cessem as agressões ao sistema eleitoral'

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

30/10/2022 21h28

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, afirmou que, com o resultado das eleições, espera que cessem os ataques ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas. Em coletiva de imprensa após a consolidação do segundo turno, o magistrado disse que esta eleição registrou o maior número de votos em candidatos da história.

"Encerramos esse importantíssimo momento com maior número em votos em candidatos da história brasileira, percentualmente e em termos absolutos. Estamos com quase 99,8% dos votos apurados e com a vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT)."

Moraes pontuou que as eleições de 2022 chegaram ao fim com a vitória da democracia e agradeceu o empenho da Justiça Eleitoral para promover uma votação limpa no Brasil.

Espero que a partir desta eleição, finalmente, cessem as agressões ao sistema eleitoral, cessem os discursos fantasiosos, as notícias fraudulentas e diria notícias criminosas contras as urnas. Quem novamente atestou a credibilidade das urnas foi o povo brasileiro, foi o eleitor e eleitora que vieram votar. Vieram votar porque confiam no sistema eleitoral brasileiro e confiam na Justiça eleitoral.
Alexandre de Moraes

"Essa etapa das eleições de 2022 se encerra com a vitória da democracia, com a vitória da sociedade, vitória dos eleitores que compareceram e novamente eu repito: não existe país no mundo, nem nas menores democracias, mas muito menos uma democracia com 156 milhões de eleitores com mais de 124 milhões de eleitores aparecendo para votar. Nenhum país no mundo, aproximadamente três horas e meia [depois], proclama o resultado com absoluta segurança, eficiência e competência", afirmou.

Apesar de PRF, menos abstenção. Segundo Moraes, apesar dos incidentes relacionados com as operações deflagradas pela Polícia Rodoviária Federal, o TSE registrou uma diminuição na abstenção, na contramão do registrado em outras eleições durante o segundo turno, período em que normalmente a ausência de eleitores é maior.

"É importante destacarmos que, além do maior número de candidatos da história, nos tivemos uma diminuição da abstenção dos votos no segundo turno. Diminuímos para 20,56. Houve uma diminuição nos votos nulos e brancos. Tivemos 70% do eleitorado escolhendo um presidente da República", finalizou. "E mais: nos 3 Estados onde houve recorrências de denúncias sobre operações da PRF, nestes três Estados houve também uma diminuição da abstenção".

Mais cedo, Moraes havia dito que as ações da PRF seriam apuradas, mas que elas não impediram a votação de eleitores. Na segunda coletiva, o ministro reforçou a fala.

"Onde se colocou que a operação teria atrapalho, diminuiu [a abstenção]. Outras regiões onde não houve operação, aumentou. Não se mostrou nexo de casualidade. Independentemente disso a resposta por escrito [da PRF] será juntada aos autos e será analisado", afirmou.

Ligação a Bolsonaro e Lula. Durante a coletiva, Moraes afirmou que ligou pessoalmente para Lula e Bolsonaro antes de falar com a imprensa para cumprimentar ambos pela disputa e dizer que o TSE já estava preparado para declarar o resultado das urnas.

O UOL apurou com uma pessoa que teve conhecimento da ligação que Bolsonaro recebeu a chamada de forma educada, mas "abalado".

Na coletiva, Moraes disse que não vê problemas em eventuais questionamentos aos resultados, desde que dentro das regras eleitorais. Por meses, o presidente Jair Bolsonaro disse que só aceitaria derrota se as eleições fossem "limpas", sem esclarecer o que dizia com isso.

Eu liguei para ambos os candidatos por ser uma praxe do TSE cumprimentar pela participação nas eleições e avisei que iria proclamar o resultado oficial. Nada mais que isso. Não acredito que haja nenhum problema. Se houver contestações dentro das regras eleitorais, elas serão analisadas normalmente.
Alexandre de Moraes, presidente do TSE

Ministros acompanharam. Os ministros do Cármen Lúcia, Rosa Weber, Dias Toffoli, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Luís Barroso, Edson Fachin e Ricardo Lewandowski marcaram presença na coletiva. Somente os ministros André Mendonça e Nunes Marques, indicados por Bolsonaro ao STF, não compareceram ao TSE para a apuração.

Os presidentes da OAB (Beto Simonetti) e do Senado, Bruno Dantas (TCU), membros do TSE e Augusto Aras também marcaram presença no pronunciamento em Brasília (DF).