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União Brasil adia decisão, mas apoio a Nunes em São Paulo é dado como certo

O União Brasil adiou o anúncio de quem o partido vai apoiar para a Prefeitura de São Paulo nas eleições deste ano.

O que aconteceu

Adiamento foi decidido em convenção do partido realizada neste sábado (20) na zona sul. O União Brasil decidiu que o apoio vai ser definido pela executiva municipal da legenda, comandada por Milton Leite, presidente da Câmara Municipal. O grupo é formado pelos nove membros da direção partidária e outros seis vereadores da legenda. Leite também é vereador, mas como ele já faz parte da executiva, não vota duas vezes.

Apoio a Ricardo Nunes é dado como certo por lideranças partidárias. O União Brasil quer esperar o MDB lançar oficialmente a candidatura do prefeito à reeleição. O partido de Nunes realiza sua convenção no dia 3 de agosto. Leite disse, porém, que a batida de martelo pode ser dada "a qualquer momento".

Votação que decidiu adiar apoio a nome para a prefeitura foi unânime. Dos 36 correligionários que estavam aptos a votar, 33 escolheram deixar o cargo de prefeito em aberto — os três restantes não votaram, segundo Leite, porque estavam fora do Brasil e não puderam comparecer à convenção.

Havia expectativa que convenção do União Brasil confirmasse entrada na coligação de Nunes. O prefeito teve reunião com Leite nesta sexta-feira (19). Nessa conversa, o Nunes ajustou os ponteiros em uma série de divergências que tinha com o presidente da Câmara e líder do União Brasil na cidade. Após o encontro, o cacique do partido disse que a situação com o prefeito de São Paulo "melhorou 90%" após ter dito, há duas semanas, que ela era "péssima".

Leite baixou mais o tom e disse que relação com prefeito "melhorou muito". Para ele, porém, os dois ainda precisam discutir ajustes em mais conversas que devem ocorrer nos próximos dias. "Ainda estão em discussão pequenos pontos que nós vamos dirimir acerca de eventual governança", afirmou o líder partidário ao anunciar o resultado da convenção.

Presidente da Câmara cobra que candidato que seu partido apoiar faça "governo de coalizão". "Se a aliança ocorrer, por ventura, com o Ricardo Nunes, nós queremos e exigiremos um governo de coalizão aos moldes europeus, em que o partido sabe o que faz em cada governo. É essa clareza que nós queremos transmitir", disse Leite.

Leite também quer duas secretarias da prefeitura em troca do apoio do União Brasil. Ele pede que o partido possa indicar os titulares das pastas de Proteção dos Mananciais e de Defesa dos Animais, que teriam que ser criadas do zero, e que a frota de ônibus elétricos na cidade seja ampliada.

Indefinição adia resolução de desentendimentos entre Nunes e Leite. O presidente da Câmara Municipal era um dos principais críticos ao nome do coronel da reserva Ricardo de Mello Araújo para ocupar a vaga de vice na chapa do prefeito — Araújo foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como condição para Nunes tê-lo como padrinho político nas eleições deste ano. Leite tinha interesse em compor a chapa com Nunes, mas foi preterido.

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Presidente da Câmara vinha relatando dificuldades na relação com o prefeito. Ele também se queixava de falta de espaço na gestão Nunes. Por isso, Leite também chegou a cogitar apoio a outra pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo. Ele não descartou nenhum nome, mas uma das opções mais fortes era o do empresário Pablo Marçal (PRTB). O influenciador ofereceu a vaga de vice em sua chapa em troca do apoio dele ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), à Presidência da República em 2026.

Ala do União Brasil ameaçou lançar o próprio Leite candidato em São Paulo. Um dos filhos dele, o deputado federal Alexandre Leite (União Brasil-SP), publicou nas redes sociais uma foto com a silhueta do pai e a pergunta: "Prefeito, será?". O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) é outro nome que também tinha o desejo de ser candidato pelo partido na capital paulista, mas após a convenção deste sábado (20), as chances dele diminuíram.

Leite é suspeito de ligação com o PCC

O MP de São Paulo aponta "estreito relacionamento" entre o vereador e uma empresa acusada de ligação com o PCC. O UOL teve acesso exclusivo a mais de mil páginas de documentos reunidos pela investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).

Promotores afirmam nesses documentos haver indícios de uma "relação de apoio" entre Leite e a Transwolff. A empresa de ônibus é acusada de lavar dinheiro para a facção criminosa.

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