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Josias: Marçal domina cena eleitoral em SP e leva campanhas ao descontrole

A desistência de Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e José Luiz Datena (PSDB) do debate marcado para hoje revela como Pablo Marçal (PRTB) assumiu o controle da cena eleitoral na cidade de São Paulo, avaliou o colunista Josias de Souza no UOL News desta segunda (19).

Os três justificaram suas ausências no debate, promovido pela revista Veja e pela ESPM com candidatos à prefeitura de São Paulo, ao alegar "descontrole" de Marçal. As equipes de Boulos, Nunes e Datena afirmam que o adversário quebra as regras definidas pelas organizações, embora o motivo oficial para o cancelamento das participações dos três seja "incompatibilidade de agendas"

Marçal conseguiu o que desejava. Ele conturbou a cena política de tal forma que a ausência de ideias dele foi ao segundo plano; o que está em primeiro plano é a habilidade do Marçal para criar confusão.

Seus principais adversários se retiram do debate e dão uma desculpa esfarrapada oficial. Todos sabemos que eles não vão por conta do suposto descontrole do Marçal. Não há descontrole; há um controle absoluto. Marçal passou a controlar a cena eleitoral no município de São Paulo.

No principal palco da eleição municipal, temos um personagem que, de tão disruptivo, levou as outras campanhas ao descontrole. Evitá-lo não é a melhor saída. Assim como explora a presença dos seus adversários, estimulando-os a perder a calma, ele também explorará a ausência. Marçal vai para as redes sociais e apresentará os três como 'fujões'. Josias de Souza, colunista do UOL

Para Josias, não se deve extinguir os debates, mas sim repensar o formato da discussão, dada a atuação de Marçal nos primeiros encontros com os demais candidatos.

Chegamos a um ponto em que é preciso questionar a validade dos debates. O debate já havia se tornado uma espécie de pantomima eleitoral engessada por uma conspiração dos marqueteiros, que chegaram a um conjunto de regras que o desvirtuaram. Submetiam aquilo a uma pasteurização que supostamente protegia os seus candidatos.

Esse cercadinho explodiu com a presença do Marçal. Ele foi alvo das perguntas dos antagonistas e se especializou em provocar seus adversários. A ideia central da campanha dele é a de provocar confusão para chamar a atenção para si.

Antigamente, dizia-se ser melhor ter um debate do que nenhum. Hoje, questionamos até essa máxima. Os primeiros debates se transformaram em um grande circo, no qual a discussão sobre ideias, programas e o que fazer com a cidade foi absolutamente vilipendiada. Virou um telecatch, um ultimate fighting. Josias de Souza, colunista do UOL

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Evitar Marçal não é a melhor tática para seus oponentes, na avaliação de Josias. Por isso, na visão do colunista, o debate se torna uma ferramenta essencial para o eleitor embasar melhor sua escolha na urna.

Agora que o ringue já está montado, fugir talvez não seja a melhor estratégia do ponto de vista eleitoral. Melhor seria enfrentar o contendor., esse adversário que é um miserável de ideias.

Fugir não é a melhor solução porque Marçal continuará fazendo o que decidiu fazer nesta eleição: convertê-la numa confusão para chamar a atenção para si. O papel do eleitor cresce, já que ele precisará ter mais discernimento para, na hora do voto, evitar o falastrão, o farsante, e escolher o que sobrar. A ausência de debate dificulta esta tarefa. Josias de Souza, colunista do UOL

Tales: Reação forte de rivais fará de Marçal pária dentro da bolha dele

As campanhas de Boulos, Nunes e Datena acertaram ao cancelar as participações deles no debate, em uma decisão forte para isolar Marçal na disputa eleitoral pela prefeitura de São Paulo, avaliou Tales Faria. O colunista também destacou que a imprensa deve repensar o tratamento dispensado ao candidato do PRTB.

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Isso terá muita repercussão na eleição em São Paulo. A equipe de Nunes já estava reclamando com Bolsonaro. Os aliados de Nunes reclamaram com Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo], que certamente convenceu Bolsonaro de que estaria arriscado a ficar sem candidato em São Paulo se ficasse com Marçal. O próprio Bolsonaro está recuando. Abandonar Marçal é a melhor postura e a única possível.

Não podemos acabar com os debates eleitorais, que são fundamentais. Quando houver um candidato desse jeito, que não tem representatividade, legitimidade e vem para atrapalhar, saiam e o deixem. Ele não terá mídia desse jeito.

A reação das três campanhas é corretíssima, forte e terá resultados. Marçal acabará sendo um pária com a bolha dele. Os bolsonaristas-raiz incluiriam os eleitores do Nunes ou do Datena, que são muitos? Se incluírem, ficarão sem e será uma bolha reduzida. Aí, Datena, Nunes e Boulos poderão fazer campanhas e conquistar seu eleitorado.

A campanha precisava de uma ação contra Marçal. Deixá-lo solto, fazendo o que estava fazendo, era a destruição da campanha eleitoral em São Paulo e quiçá, acabariam o elegendo. Tales Faria, colunista do UOL

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Opinião

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