Sem citar Marçal, Nunes critica 'censura' após decisão contra adversário
O prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à Prefeitura de São Paulo, criticou a decisão da Justiça Eleitoral de derrubar os perfis do empresário Pablo Marçal (PRTB) por abuso de poder econômico nas eleições.
O que aconteceu
Sem citar o nome do adversário, Nunes disse que a decisão é "censura". "A regra tem de ser igual para todos. Ou a Justiça libera todos os candidatos para fazerem o mesmo, ou ninguém utiliza estrutura paralela com cortes impulsionados", afirmou o candidato do MDB, em nota.
Pauta da liberdade de expressão é uma das mais defendidas por Jair Bolsonaro. Nunes tem o apoio do ex-presidente para sua reeleição na capital paulista, mas tem visto Marçal ameaçá-lo entre o eleitorado bolsonarista. Pesquisa Datafolha mostra que 62% dos eleitores do ex-coach se declaram apoiadores de Bolsonaro, enquanto 38% dos eleitores de Nunes dizem seguir a mesma corrente.
Datafolha mostra um empate técnico triplo entre Marçal, Nunes e Guilherme Boulos. Segundo o levantamento, divulgado na quinta-feira (22), o ex-coach subiu sete pontos percentuais na comparação com duas semanas atrás. Com o resultado, o candidato do PRTB chegou a 21% das intenções de voto, ficando numericamente à frente do atual prefeito, que registrou 19%. Boulos atingiu 23%.
Decisão contra Marçal atendeu pedido do PSB
Ele também foi proibido de pagar "cortadores" de vídeos dele em campanha. Segundo a Justiça Eleitoral, a proibição vale para vídeos do empresário nos quais ele é apresentado como candidato à Prefeitura de São Paulo. À colunista do UOL, Raquel Landim, Marçal disse que vai recorrer para recuperar suas redes sociais — os perfis alvos da decisão são no Instagram, TikTok e no YouTube, além do site da campanha.
Em caso de descumprimento, candidato do PRTB terá que pagar multa diária de R$ 10 mil. A liminar atende um pedido feito pela campanha de Tabata Amaral, que alega que Marçal comete abuso de poder econômico, ao remunerar indevidamente seus seguidores para promover sua campanha nas redes sociais. Marçal nega as acusações e diz que eles fazem isso espontaneamente porque lucram com sua imagem.
Empresário diz que o "sistema inteiro se juntou" contra ele porque estão em "desespero". Após a decisão do TRE-SP, Marçal abriu uma live nas redes sociais e disse que é perseguido. Ele também pediu que seus apoiadores gravem vídeos em apoio a ele quando as contas dele saírem do ar.
Eu sou só um garoto de 37 anos. Acabei de entrar na política. Estão tão preocupados comigo por quê?
Olha que irônico. No dia que eu passo o Lula [em seguidores], vão derrubar minhas redes. [...] O Nunes está pedindo ajuda para o Lula para resolver os problemas dele. Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo
Marina Helena também criticou decisão
Marina Helena, candidata à Prefeitura de São Paulo pelo Novo, também se pronunciou sobre a decisão de derrubar os perfis de Marçal. Citando o concorrente, a candidata considerou a decisão uma "censura prévia". "Não importa qual sua opinião sobre o Pablo Marçal, qualquer tipo de censura prévia, ainda mais contra um candidato no meio de uma eleição, é absolutamente inadimissível", disse a candidata no X.
Se o Pablo cometeu crime eleitoral, que seja investigado de acordo com a lei. Mas jamais com bloqueio de suas redes sociais. Pablo é meu concorrente, mas tem meu apoio nesta questão. Marina Helena (Novo), candidata à Prefeitura de São Paulo
A candiata também criticou o magistrado que assina a decisão, o juiz Antonio Maria Patiño Zorz, que concedeu a liminar solicitada pelo PSB. "Curiosamente, o juiz que mandou derrubar as redes do Marçal foi o mesmo que não viu nenhum problema do comício de Lula, no Primeiro de Maio. O sistema quer vencer por W.O", disse.
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