Lacsko: Bolsonaro pode ficar com um pé em cada canoa até o fim da campanha
O ex-presidente Bolsonaro pode ficar com o pé nas duas canoas muito confortavelmente até o segundo turno da campanha eleitoral em São Paulo, avaliou a comentarista Madeleine Lackso no UOL News.
Estamos vendo na campanha de São Paulo uma mudança grande. Aqui está cheio de traição, igual novela mexicana esta campanha. O Ricardo Nunes fez uma desfeita ao bolsonarismo. Inocentemente, ele gravou um vídeo de apoio a Joice Hasselmann e, dentro do bolsonarismo, você vê algumas figuras traíras, ela está no 'top 5'.
Na hora que Nunes gravou isso, não sei se ele não tinha noção do poder incendiário disso. Isso caiu muito mal no bolsonarismo e as pessoas começaram a rechaçar ele. Isso ajudou o movimento que o Bolsonaro já queria fazer, de tirar o pé. E ainda Joice Hasselmann fez um vídeo deixando no ar que vai apoiar o Pablo Marçal. Depois o Pablo Marçal fala que não quer o apoio dela porque ela é traíra.
Essa movimentação também delimita um pouco a movimentação do Bolsonaro. E, outra coisa, as pessoas que vão votar no Pablo Marçal são mais bolsonaristas que o próprio Bolsonaro. Isso aqui o povo ouviu primeiro no UOL News: o Marçal roubou o bolsonarismo do Bolsonaro. Não adianta o Bolsonaro falar para votar no Nunes, ele não consegue entregar o apoio mesmo com todo capital político que ele tem de 50 milhões de votos. Não consegue, porque as pessoas não estão votando em quem ele manda. As pessoas estão votando em quem está defendendo as ideias que elas queiram que sejam defendidas. Em quem faz o discurso diferente das instituições.
Já existe a desculpa perfeita para não brigar com o Bolsonaro com a seguinte narrativa: o capitão tem no coração dele o Marçal, mas o Valdemar obrigou a apoiar o Nunes. Não faz sentido, mas as pessoas têm uma desculpa em grupo para isso. Creio eu que Bolsonaro pode ficar com o pé nas duas canoas muito confortavelmente até o segundo turno.
Madeleine Lacsko, colunista do UOL
Madeleine: Nunes usar filho de Covas na TV não tem efeito eleitoral
Para Madeleine, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) usar uma fala do filho de Bruno Covas, Tomás Covas, para iniciar sua propaganda da TV não tem efeito eleitoral.
Enquanto o presidente Lula domina a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) na TV, Jair Bolsonaro aparece na campanha de Ricardo Nunes (MDB) por quatro segundos.
Quem não tem cão, caça com gato. O que vai fazer? Se o Bolsonaro não quis gravar com ele, ele tem que arrumar alguém que grave. Essa eleição não era Lula versus Bolsonaro? Boulos é claro que vai usar o Lula e o Bolsonaro não falou na campanha do Nunes.
Se esse storytelling tivesse sido elaborado pela comunicação do prefeito nos últimos anos, ele iria conseguir usar eleitoralmente, mas eu desconfio que o grande público nem conheça o Tomás e já tenha caído na vala do esquecimento todo o drama que o Bruno Covas viveu na frente das câmeras, das pessoas e na frente da condução da cidade de São Paulo.
Madeleine Lacsko, colunista do UOL
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