Boulos e Nunes batem boca em debate: 'Ladrãozinho de creche' e 'invasor'

Boulos disse que o prefeito tem "coragem" em citar a Nova Palestina. "Ele ter coragem de citar a Nova Palestina aqui é uma vergonha, com o acordo que fizemos com Bruno Covas, que fez decreto de desapropriação, e mais uma vez, você o traiu por 'politicagem', como traiu o Bruno Covas várias vezes, como [fez] ao se aliar com Bolsonaro", disse.

A Vila Nova Palestina fica em um terreno de aproximadamente 1 milhão de metros quadrados na zona sul de São Paulo. No início da ocupação feita pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores SemTeto) em 2013, liderado por Boulos à época, 8.000 famílias moravam no local. Dez anos depois, em 2023, o MTST acusou Nunes de descumprir o compromisso de construir moradias populares no local.

Veja a íntegra das falas de Boulos e Nunes:

Nunes: Vou perguntar para o invasor. Eu queria que o candidato comentasse como é que vai conseguir governar sem parceria com o Estado, sendo que todas as políticas públicas de mobilidade têm uma conexão.

Boulos: Eu vou responder aqui para o ladrãozinho de creche dizendo que a única coisa que a gente vai invadir é o coração do povo de São Paulo. Vou dizer para vocês o seguinte, esse cidadão teve três anos e meio para governar a cidade. No programa dele tinha 40 kms de corredor de ônibus, que é o principal instrumento para melhorar a velocidade do transporte público. Para você que sai 5, 6 horas da manhã, da M'Boi Mirim, do fundão da cidade de Tiradentes, chegar mais perto no trabalho. Ele fez 4 de 40 e esses 4 já tinham sido começados antes do governo dele.

É uma tragédia. Aliás, quem mora em São Paulo sabe, falar bonito, ele pode vir falar aqui, mas olha o absurdo, gente. A prefeitura está pagando mais para as empresas de ônibus, algumas de amigos deles, e está tendo menos frota na rua. É inacreditável, nós estamos pagando mais e levando menos. Esse é o jeito Ricardo Nunes de governar.

Nunes: Bandidinho é você, seu invasor, sem vergonha, sem caráter, que invadiu, por exemplo, lá a Nova Palestina, em 2013, e hoje você vai lá, tem lá uns 80 barracos de plástico azul e preto, que você enganou aquelas pessoas humildes. Eu estou fazendo uma obra habitacional, dando casa para as pessoas.

Enquanto você invade, eu entrego casa, seu invasorzinho, sem vergonha.
Ricardo Nunes

Boulos: Eu tenho orgulho de ter ajudado mais de 15 mil famílias sem a caneta na mão, através do movimento social, a terem suas casas. O que ele não vai dizer é que o maior projeto de moradia popular, hoje, da cidade de São Paulo, é um projeto de parceria entre o Movimento Sem Teto e o Governo Federal 'Copa do Povo', 2.650 apartamentos em Itaquera.

Ele ter coragem de citar a Nova Palestina aqui é uma vergonha, um acordo que nós tínhamos feito com o Bruno Covas, que fez o decreto de desapropriação, e mais uma vez ele traiu o acordo por politicagem, como traiu o Bruno Covas várias outras vezes, inclusive em se aliar com o Bolsonaro, em distorcer o plano de metas. Eu queria ver ele falar de invasão, sobre as invasões do crime organizado, amigos dele, e loteamentos clandestinos na periferia.

É fácil falar grosso com a senhora, que vai fazer uma ocupação porque não tem onde morar, e falar fino com o loteador clandestino do crime organizado como ele faz.
Guilherme Boulos

Nunes: Ok, vamos restabelecer a verdade aqui. Vamos restabelecer. Ele me fez uma acusação. Quero voltar a falar. Eu nunca tive na minha vida toda nenhum indiciamento, nenhum, muito menos condenação. Diferente dele, que já foi condenado e no ano passado não cumpriu a pena, porque a Justiça não conseguiu notificar. Ele deu o endereço do pai depois do endereço de outro local, não conseguiram achar ele. Agora ele está falando de loteamento. Eu combato o loteamento clandestino. E eu estou falando para vocês. Esse é um dos casos de tantos que ele cometeu essa invasão. Eu não estou criando nada. É algo que ele fez. Tem várias matérias. Se você colocar 'Boulos invasor' tem várias matérias. E não é só invasão de propriedade privada como a Nova Palestina que enganou aquelas pessoas, que foram ludibriadas, 11 anos daquela invasão, propriedade privada, arrancou as árvores e estão lá os 80 barracos. Esse é o cara. Guilherme Boulos, infelizmente, é um invasor.

*Participam desta cobertura: Ana Paula Bimbati, Anna Satie, Fabíola Perez e Saulo Pereira Guimarães, do UOL, em São Paulo, e Letícia Polydoro, em colaboração para o UOL.