Datena propõe fortalecer segurança e dar poder de polícia para GCM
O programa de governo de José Luiz Datena (PSDB), candidato à Prefeitura de São Paulo, prioriza a segurança pública e propõe o fortalecimento da GCM (Guarda Civil Metropolitana). Mas, para especialistas, as propostas são vagas.
Veja as principais propostas e o que dizem os especialistas:
Segurança
Datena propõe aumentar o efetivo da GCM e conceder poderes policiais aos guardas. Eles poderão realizar operações de inteligência e investigação. O uso de câmeras corporais também deve ser expandido para todo o efetivo da GCM.
O programa de governo do tucano também propõe usar câmeras com reconhecimento facial. Quer ainda expandir a Operação Delegada, programa pelo qual agentes da Polícia Militar reforçam o patrulhamento de normas municipais — como combate ao comércio ambulante irregular — nos dias em que estão de folga.
O candidato promete coibir furtos de celulares em convênio com a PM. Afirma que este será um dos alvos principais alvos da Operação Delegada. No entanto, o programa de governo não especifica como isso será feito.
Saúde
Datena diz que irá ampliar o horário de funcionamento das UBSs. As unidades passariam a atender por duas horas a mais por dia, encerrando às 21h. Além disso, o candidato propõe aumentar o número de UBSs 24 horas, com a meta de ter pelo menos uma em funcionamento em cada Subprefeitura.
Candidato pretende expandir telemedicina. Por exemplo, as consultas com especialistas online. Também quer reforçar o programa Remédio em Casa, pelo qual a Prefeitura de São Paulo entrega medicamentos para até 90 dias de uso para pessoas que estão sendo atendidas nas unidades de saúde municipais.
Habitação
Datena quer dar incentivos fiscais para o setor privado construir casas na periferia. O foco da proposta é a região do entorno da Avenida Jacu-Pêssego, na zona leste da cidade.
Planeja ainda que parte da força de trabalho na construção de moradias seja contratada na própria região. É o que Datena chama de "territórios de emprego". O programa de governo também menciona a regularização fundiária e urbanização de favelas.
Zeladoria
Programa de governo fala em expandir iluminação pública, limpeza da rua e coleta de lixo. No caso da iluminação pública, isso também auxiliaria para garantir segurança e deter crimes, diz o candidato.
Datena promete o fim das nomeações políticas para Subprefeituras. O governo afirma que os gestores serão escolhidos por quem mora na região — o que vai geraria impactos positivos até para as ações de zeladoria, diz o documento.
Educação
Candidato fala em expandir o ensino integral, mas não estipula meta. Hoje, a escola integral está em 7% do município. O plano de governo diz que várias atividades seriam incluídas no currículo em período integral, como aulas de reforço, formação técnica e profissional e ensino de idiomas.
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Quero receberDiz que vai concluir a construção dos CEUs prometidos pelo ex-prefeito Bruno Covas, também do PSDB. Sem citar números, Datena critica a gestão de Ricardo Nunes, que era vice de Covas, por não finalizar as obras.
Transporte
Datena propõe auditar os contratos de concessão de ônibus. Ele quer identificar se há casos de corrupção ou conexões com o crime organizado.
Promete incluir mais ônibus movidos a energia limpa na frota da cidade. Por exemplo, veículos elétricos, que usam biogás, hidrogênio verde ou híbridos.
O que dizem especialistas
Segurança pública é tratada de forma vaga no documento apresentado por Datena, dizem especialistas. Felipe Ramos, pesquisador do NEV-USP, considera positiva a medida de expansão do uso de câmeras corporais, já que pode aumentar a transparência na atuação GCM, mas afirma que sua eficácia depende de como o equipamento seria utilizado e quais protocolos seriam estabelecidos.
Falta detalhar como funcionaria a proposta de dar mais poderes à GCM. GCM, polícias civil, militar e federal tem papéis definidos.
A proposta significaria dar poderes de investigação e policiamento ostensivo, mas iria requerer ajustar a legislação. Ele não teria condições de fazer isso como prefeito. Precisaria de uma articulação não só na esfera municipal, mas estadual e federal, para mudar a lei orgânica da guardas civis
Felipe Ramos, pesquisador do NEV-USP
Plano de governo tem poucas metas objetivas. O cientista político Eduardo Grin, professor da FGV de São Paulo, afirma que o documento não contempla indicadores claros e uma estratégia de financiamento viável para as propostas. Apesar de abordar temas como sustentabilidade, emprego, segurança e bem-estar social, o plano de Datena é uma "colcha de retalhos" de outras propostas já apresentadas em eleições anteriores, diz Grin.
É um programa genérico e isso afeta a visualização de metas mais palpáveis
Eduardo Grin, cientista político
O que diz a campanha
Candidato a vice na chapa de Datena, José Aníbal defende a continuidade do plano de governo de Bruno Covas e refuta a análise de especialistas de que o texto é vago. "Eles fazem análises corretas e abrangentes, mas não transmitem nada para a população. Datena não é especialista, ele tem sensibilidade e intuição. Mas por iniciativa própria ele está revendo todos os números", diz Aníbal, que coordenou a elaboração do programa de Datena. "Não adianta prometer 59 metas e não cumprir nenhuma."
Bruno Covas fez compromissos que esse prefeito [Ricardo Nunes], que assumiu ao acaso do destino, não viabilizou. Por exemplo, os 40 km de corredor de ônibus ou as unidades do CEUs.
Candidato a vice-prefeito na chapa de Datena, José Aníbal
Economia com reorganização das prioridades de Prefeitura geraria caixa para gastar nas ações propostas, diz Aníbal. O candidato a vice cita como exemplo os gastos da gestão de Nunes com recapeamento de vias. "[Este ano] o valor gasto em pavimentação vai chegar a R$ 5 bilhões [na gestão Nunes]. É uma estupidez".
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