'Feito uma fdp': Marçal conseguiu o feito de tirar Tabata Amaral do sério

Pablo Marçal (PRTB) conseguiu até aqui o maior feito da campanha: tirou Tabata Amaral (PSB) do sério.

Sim. Uma coisa é irritar até ser agredido por José Luiz Datena (PSDB). Quem o conhece desde os tempos de repórter esportivo sabe também das oscilações de humor de quem há anos assiste e narra em looping todo tipo de desgraça da cidade e do país.

Guilherme Boulos (PSOL) também já foi testado. Mais de uma vez teve que contar até dez para não tirar a carteira de trabalho e os dentes do ex-coach quando chamado de vagabundo.

Até Ricardo Nunes (MDB), todo tímido, já entrou em parafuso e gritou com o oponente.

Mas Tabata, não.

Até ontem ela respondia com a paciência de um monge tibetano todo tipo de provocação do palhaço da campanha. E olha que não foram poucas —até mesmo a morte do pai dela, por suicídio, foi trazida à tona pelo candidato do PRTB.

O pedido de perdão, apresentado por ele semanas depois, soou mais como deboche e armadilha do que um ato de contrição genuíno.

Tabata ignorava ou respondia com peças de campanha afiadas sobre o histórico criminoso do oponente. Sempre, claro, respeitando a norma culta.

A ordem era assim desde o início da campanha: o menino do fundão jogava tarrachinha e bolinhas nas costas dos coleguinhas; ela seguia anotando a lição, levando maçã para os professores e colecionando estrelinhas.

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Mas a pancadaria ao fim do debate do Flow Podcast, nesta segunda-feira (23), foi demais para a aluna mais aplicada da sala.

Faltavam só dez segundos para o sinal tocar quando Marçal resolveu rasgar a fantasia de cordeiro e assumir o papel de lobo que promete devorar o prefeito Ricardo Nunes.

Foi repreendido duas vezes pelo mediador, o jornalista Carlos Tramontina. Fez bico, ameaçou gastar o tempo de exposição do trabalho em silêncio, mas no fim esperneou, foi expulso, acendeu a fagulha do barril de pólvora instalado no recinto e a tensão chegou até os assessores.

O resto é história, contada por um marqueteiro com o rosto sangrando e um segurança do ex-coach fugindo em disparada.

Tabata, que vislumbrava uma nota 10 com méritos na fala final, acordou do sonho metamorfoseada em uma pequena Dercy Gonçalves.

"Sabe qual é a merda maior?", vociferou ao fim do encontro. "Eu tava lá feito uma filha da puta falando das minhas propostas, fazendo um debate sério, e eu tenho certeza que só vão falar de soco, não vão comparar as propostas."

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Nem os estalos ouvidos minutos antes no estúdio provocaram tanto choque.

No auge da irritação, ela desenhou uma teoria da conspiração: "Colocaram o Pablo Marçal para que a gente não visse as merdas que estão acontecendo em São Paulo".

A teoria não é de todo inverossímil.

Mas a única tese testada e comprovada no momento é a do pombo enxadrista: ele derruba as peças, suja todo o tabuleiro e se vangloria de ter vencido um jogo que nada mais tem a ver com xadrez.

De quebra, leva todo mundo a falar a mesma língua que ele na cena final.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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