Boulos faz perguntas a cadeira vazia em debate, na ausência de Nunes

Com a ausência de Ricardo Nunes (MDB) no primeiro debate para o segundo turno, o candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) fez duas perguntas para uma cadeira vazia.

O que aconteceu

Boulos disse que Nunes "fugiu" do encontro por medo. A proposta de CBN/O Globo/Valor era fazer um debate entre Boulos e Nunes, mas o atual prefeito não compareceu. Por isso, o evento foi transformado em uma entrevista com o psolista. Como as regras previam que os adversários poderiam fazer duas perguntas entre si, Boulos fez os questionamentos à "cadeira vazia" de Nunes.

Na primeira pergunta, Boulos citou suspeitas de infiltração do crime organizado na prefeitura. Ele questionou por que Nunes colocou um ex-cunhado de Marcola, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), como chefe de gabinete da Siurb (Secretaria de Infraestrutura e Obras), como mostrou uma reportagem do UOL na semana passada.

"Nós temos hoje o risco de São Paulo ficar à mercê dos interesses do crime com a continuidade do Ricardo Nunes", disse Boulos. Ele chamou de "escandaloso" o número de obras sem licitação na gestão de Nunes. Sobre a nomeação de um ex-cunhado de Marcola como chefe de gabinete da Siurb, a prefeitura afirmou que ele é funcionário concursado desde 1988 e não tem nenhuma ingerência sobre licitações.

Boulos também questionou o poder de indicação que Bolsonaro teria na prefeitura sob Nunes. Na segunda pergunta que fez à cadeira vazia do prefeito, ele perguntou quais secretários do município seriam indicados pelo ex-presidente. Bolsonaro apoia a reeleição de Nunes e indicou o vice, Mello Araújo (PL), mas teve uma participação tímida na campanha.

Queria aqui lamentar que o atual prefeito, candidato Ricardo Nunes, tenha fugido do debate. Isso é ruim para a democracia. A gente já teve, nessa eleição, muito problema com a cadeira, mas até agora não tinha tido cadeira vazia.
Guilherme Boulos, candidato à Prefeitura de São Paulo

Acenos para eleitores de Marçal

Boulos fez acenos em seu discurso para eleitores de Pablo Marçal (PRTB). Ele tratou de incentivos ao empreendedorismo e deu ênfase a propostas para taxistas, motoristas de aplicativo e entregadores.

Uma das ideias do psolista é acabar com o rodízio para motoristas de Uber. "Eu vou liberar o Uber rodízio na cidade de São Paulo, porque ele perde um dia da semana não podendo usar seu instrumento de trabalho, que é o carro. Isso faz falta no final do mês", afirmou.

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Boulos reforçou a proposta de criar bases de apoio para motoboys em todos os distritos da cidade. A ideia, que está no plano de governo do psolista, é construir ou reformar imóveis que sirvam como local de descanso, recarga de celulares e outros serviços para os entregadores.

O psolista também falou sobre fundo eleitoral, tema criticado pelo ex-coach ao longo da campanha. "O grande problema é a dimensão, é o tamanho do fundo eleitoral, que o meu partido votou contra e o PL votou a favor", disse.

Calendário de debates

Nunes tem afirmado que deve comparecer a três dos 12 debates previstos para as próximas semanas. A campanha do atual prefeito propõe que os veículos de imprensa façam debates em conjunto.

Já a campanha de Boulos propõe realizar de sete a nove debates. Na quarta (9), o candidato do PSOL prometeu convocar a militância caso debates sejam cancelados pela ausência do adversário. Após as declarações de Boulos, a campanha de Nunes disse que alertará sobre "risco de invasão" e "depredação".

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferentemente do que informava a primeira versão do texto, é Nunes quem tem afirmado que deve comparecer a três dos 12 debates previstos, e não Boulos. O texto foi corrigido.

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