Em live amigável com Marçal, Boulos fala sobre invasões, comunismo e Jesus
O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) foi entrevistado por Pablo Marçal (PRTB), derrotado no primeiro turno, durante mais de uma hora, nesta sexta-feira. O prefeito Ricardo Nunes (MDB), rival de Boulos no segundo turno, não aceitou conversar com Marçal.
O que aconteceu
Diferentemente dos ataques do primeiro turno, a conversa teve um tom amigável. No final os dois falaram que a conversa foi "respeitosa", apesar das diferenças ideológicas entre eles. Não foi citado o laudo falso que Marçal divulgou contra Boulos a dois dias do primeiro turno, nem outros ataques que foram rotineiros quando Marçal era candidato.
Marçal perguntou a Boulos sobre prosperidade e invasões, entre dezenas de questões. A live, realizada no canal oficial do empresário e autodenominado ex-coach, chegou a superar os 400 mil espectadores simultâneos.
Questionado sobre o que é comunismo, Boulos respondeu: "Uma sociedade com oportunidade igual para todo mundo". "Não quer dizer que todo mundo vai chegar no mesmo lugar, mas que seja oferecida a mesma oportunidade para quem mora em Paraisópolis e no Morumbi", disse o psolista, sem citar a palavra comunismo. "Eu acho que esse é o papel do poder público", acrescentou.
Marçal questionou sobre Jesus Cristo, e Boulos respondeu: "Uma inspiração para todos nós que somos cristãos". E completou: "Nunca falei de religião em campanha, cara, porque eu não acho que seja o caso. Tem muita gente que usa a religiosidade e a fé das pessoas para ficar fazendo jogo eleitoral, e eu nunca gostei, nunca concordei. Mas sou batizado, crismado na Igreja Cristã Ortodoxa e sigo com a minha fé. Sei separar isso da política."
Os dois negaram que votariam um no outro, mas mantiveram a cordialidade na conversa. "Não votaria nem em você, nem no Ricardo Nunes", disse Boulos. "Eu, Pablo, não voto na esquerda jamais", Marçal devolveu.
"Fiquei realmente assombrado quando o Guilherme aceitou", admitiu Marçal sobre a conversa. "Eu liberei o eleitorado para fazer o que bem entender", acrescentou ele, em outro momento. "Acredito que vai ter a maior abstenção da história", acrescentou.
Ao final da live, Marçal ligou ao vivo para Nunes, para que ele participasse da entrevista. Entretanto, o prefeito não atendeu —ele já havia recusado o convite para ser entrevistado pelo rival do primeiro turno.
O que disse Boulos
Boulos disse a Marçal que um eventual governo seu não terá invasões. "Movimento social só faz isso quando não tem política habitacional", afirmou Boulos. "Vou combater duro", disse o psolista sobre invasões de loteamentos clandestinos ligadas ao tráfico de drogas na periferia.
"Eu me considero uma pessoa próspera", disse Boulos. A fala veio em resposta a uma pergunta de Marçal sobre se o deputado acreditava na prosperidade. "A minha família nunca passou necessidade, sempre pude ter um padrão de vida compatível com o que eu ganho", afirmou o psolista. "A prosperidade, Marçal, para mim, não é apenas os cifrões que as pessoas têm na conta bancária", acrescentou ele.
"Não tenho nenhum problema em reconhecer ideia boa", afirmou Boulos. A declaração foi dada em resposta à pergunta de Marçal sobre as semelhanças entre sua estratégia e a de Boulos no segundo turno, apontadas pela imprensa. O psolista classificou inclusive como boa a proposta de Marçal de criar escolas olímpicas em São Paulo.
A minha [rejeição] é igual à sua, Boulos falou a Marçal. O deputado federal se disse também alvo de muitas mentiras, que prejudicam sua imagem pública. "As pessoas podem concordar ou discordar das minhas ideias, mas elas sabem quais são as minhas ideias", afirmou.
Marçal chamou Boulos de "Boules", ao dizer que não o atacaria. "Fiz compromisso de tratar com extremo respeito todos os entrevistados aqui", explicou o empresário. O apelido pejorativo dado pelo empresário brinca com o suposto apoio do psolista ao uso da chamada linguagem neutra.
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Quero receber"Não me arrependo de nada do que eu fiz", declarou Boulos. A frase foi dita em resposta a uma pergunta de Marçal sobre a pior coisa que o deputado federal já tinha feito na vida.
"Não me movo por mágoa", disse Boulos no começo da conversa. Ele afirmou que se movimenta por "propósito" e que, por isso, decidiu participar da transmissão com Marçal.
Marçal participou da conversa de forma remota a partir de Roma. Por volta de meio-dia, cerca de 200 mil usuários acompanhavam a transmissão online simultaneamente pelo YouTube. Meia hora depois, a audiência já era de 260 mil contas. No fim, se aproximou dos 450 mil.
Boulos aceitou convite para sabatina com Marçal, e Nunes recusou. O ex-coach, terceiro colocado na eleição à Prefeitura de São Paulo, divulgou um vídeo em suas redes sociais na quarta-feira (23), desafiando Boulos e Nunes, que disputam o segundo turno no domingo (27), a serem sabatinados por ele. Boulos aceitou, Nunes descartou.
"Nunca fugi de dialogar com ninguém", disse Boulos ao aceitar sabatina. "Será que o prefeito Ricardo Nunes topa? Ou vai fugir?", afirmou o deputado. Procurada pelo UOL para saber se o prefeito iria à sabatina, a campanha de Nunes disse que não iria se pronunciar.
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