'Perdemos a eleição, mas recuperamos a dignidade da esquerda', diz Boulos

Derrotado por Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno, Guilherme Boulos (PSOL) disse que perdeu as eleições, mas afirmou que o resultado das urnas recuperou a "dignidade da esquerda".

O psolista ficou com 40,65% (2,32 milhões) dos votos válidos e Nunes foi reeleito com 59,35% (3,39 milhões). O resultado final é similar ao de 2020, quando Bruno Covas (1980-2021) conquistou 59,38% dos votos, e Boulos, 40,62%.

O que aconteceu

Boulos fez discurso para militância ao lado da candidata a vice Marta Suplicy (PT), que agradeceu por ter aceitado o convite. "Ergam a cabeça, sigam firmes", disse. O candidato afirmou que nada se ganha sozinho e por isso pediu para a equipe de campanha para fazer o discurso após o resultado no meio de apoiadores e não em uma sala com a imprensa.

O deputado federal foi recebido sob gritos de apoiadores. "O povo sem medo de lutar", disseram aqueles que estavam na Casa de Portugal, na região central.

Boulos agradeceu sua família e aos apoios que recebeu de Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) no segundo turno. "Eu sei o quanto o Datena se arriscou e abriu mão, como jornalista, ao nos apoiar no segundo turno", afirmou.

O psolista fez um agradecimento especial ao presidente Lula, que definiu como "a maior liderança da história desse país". Boulos disse que, nos momentos mais difíceis da campanha, o petista disse para ele "siga em frente, seja quem você é". "Eu quero te dizer que você é uma inspiração e que aqui você sempre terá um companheiro leal", afirmou o candidato do PSOL.

O deputado federal disse que recebeu conselhos para não falar de sua trajetória no MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), o que ele rejeitou. "Uma eleição se ganha ou se perde, mas a dignidade não pode se perder. E isso aprendi com eles", disse. Adversários tentaram colar a pecha de invasor e radical em Boulos por conta da sua história no grupo.

Boulos também relembrou que uma das filha chorou ao ver mentiras sobre ele na internet. "Talvez muitos de vocês não saibam o que é ver uma filha chorando por ataques que viu na internet", contou. "[Elas] aguentaram junto comigo o tranco de muitas mentiras, muitos ataques", completou.

Ele também disse que se preocupa com o futuro da cidade. "Espero que o povo de São Paulo e do Brasil tenha forças para evitar o pior", afirmou. Boulos falou que a capital sofre uma infiltração do bolsonarismo e do crime organizado.

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A gente mostrou que é possível fazer política de outro jeito: olho no olho, debatendo com o povo de peito aberto, nas praças, nas ruas, com muita dignidade. A gente mostrou o caminho que nos espera no futuro: que é de conversar de corpo e alma com as angústias do posso povo. Foi isso que a gente fez nessa campanha.
Guilherme Boulos (PSOL)

Ataques

O candidato disse que não falaria dos ataques e mentiras que sofreu ao longo da campanha. Mais cedo, sem apresentar provas, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que o PCC orientou familiares e apoiadores a votarem em Boulos. Na tarde de domingo, o candidato decidiu acionar a Justiça Eleitoral e pediu a inelegibilidade do governador e da chapa de Nunes.

Boulos afirmou que a fala de Tarcísio foi motivada por "medo da virada". O secretário do Ministério da Justiça, Mário Luiz Sarrubbo, disse que nenhum órgão de inteligência identificou ação do PCC.

O candidato falava em virada de votos até o último dia de campanha. O deputado federal acompanhou a apuração de votos ao lado de apoiadores e da família. Em uma outra sala, estavam deputados, vereadores e integrantes da campanha. Um espaço foi reservado para militantes do partido.

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