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Após balear Malala Yousafzai, Taleban ameaça outra garota e ativista paquistanesa

A garota paquistanesa Malala Yousafzai chegou em casa e se deparou com um "X" vermelho no portão - Reprodução/Daily Mail
A garota paquistanesa Malala Yousafzai chegou em casa e se deparou com um "X" vermelho no portão Imagem: Reprodução/Daily Mail

Do UOL, em São Paulo

23/10/2012 17h37

Outra garota paquistanesa está na mira do Taleban, duas semanas depois de Malala Yousafzai, 15, ser baleada na cabeça e no ombro por militantes do grupo. Hina Khan, 16, encontrou nesta semana um “X” vermelho pintado no portão principal de sua casa, em Islamabad, capital do Paquistão.

Após removê-lo, o “X” vermelho reapareceu no dia seguinte. Além disso, a mãe da garota, Farhat, recebeu uma ligação da cidade de Peshawar dizendo que a filha dela é o próximo alvo do Taleban.

Assim como Malala, que foi baleada em um ônibus escolar no último dia 9 e está hospitalizada, Hina é conhecida por seu ativismo em defesa dos direitos das mulheres à educação. Ela também é da região do vale de Swat, que ficou sob controle total do Taleban entre 2007 e 2009.

Hina e sua família foram forçados a mudar para Islamabad em 2006, após criticarem publicamente as atrocidades cometidas pelos militantes do grupo.

“Eu saí de Swat com a minha família, porque os militares ameaçaram a educação das meninas por lá, mas agora sinto que também não posso ir à escola em Islamabad, por causa dessas novas ameaças”, disse a garota, segundo o jornal Daily Mail.

“Estou mais preocupada agora. Depois do ataque a Malala, esta cruz vermelha que apareceu em nossa porta e as ameaças que se seguiram a ela nos deixaram mais inseguros.”

O pai dela, Raitullah Khan, contou que apagou a cruz vermelha no primeiro dia, “imaginando que tivesse sido pintada por crianças”. “Mas, no dia seguinte, a cruz reapareceu, e eu fiquei aterrorizado.”

“Nós então recebemos uma ligação dizendo que Hina seria a próxima depois de Malala. Já sofremos ameaças de morte quando a minha mulher começou a lutar pelos direitos das mulheres e das garotas à educação”, continuou.

Hina atraiu a ira do Taleban pela primeira em 2008, quando ela concedeu uma coletiva de imprensa para denunciar o bombardeio de escolas por parte de militantes do grupo que empenharam uma campanha contra o acesso de garotas à educação.

A mãe dela também já foi alvo do grupo fundamentalista, quando organizou uma feira de artesanato para mulheres do vale de Swat em 2006.

As últimas ameaças afetaram tanto Farhat que ela não deixa os filhos irem à escola. Raitullah afirmou que “estamos sendo feitos reféns em nossa própria casa. Eu quero segurança para as minhas três filhas, dois filhos e a minha mulher”.

Recuperação após os tiros

Na sexta-feira (18), Malala Yousufzai conseguiu ficar de pé com a ajuda da equipe médica pela primeira vez desde o atentado, informaram os médicos responsáveis por seu tratamento em um hospital britânico.

Ela também está se comunicando com algumas notas por escrito, explicou Dave Rosser, diretor-médico do Hospital Queen Elizabeth, em Birmingham, no centro da Inglaterra, onde a adolescente recebe tratamento.

"O estado de Malala é confortável e estável", informou o hospital em um comunicado. "A família dela permanece no Paquistão neste momento", acrescentou a nota.

A rede de televisão ITV informou que o hospital estava tentando fazer com que ela ouça a voz de seu pai pelo telefone, embora ainda não consiga falar.

"Sabemos que houve algum dano em seu cérebro, certamente não físico, não houve déficit em termos de função", disse citando um porta-voz.

Por sua vez, um integrante da Al Qaeda, Ustad Ahmad Farooq, criticou a comoção em torno da tentativa de assassinato da garota e afirmou, em uma carta, que “ninguém falou a respeito das milhares de Malalas que se tornaram vítimas de operações militares, e ninguém protestou por elas nas ruas”.

“Mas estes círculos fizeram barulho quando miramos nesta garota que zombou do véu e de outros valores muçulmanos”, continuou. “Por que o sangue de Malala é mais importante do que aqueles mortos pelo Exército?”, questionou.