França bombardeia rebeldes no oeste do Mali; ONU apoia intervenção
Forças francesas bombardearam nesta terça-feira (15) a cidade de Diabali, no oeste do Mali, que foi tomada ontem (14) por rebeldes islâmicos. A ação acontece depois que tropas francesas bombardearam a base dos rebeldes, no norte do país, no domingo (13).
Em Nova York (EUA), a França obteve "a compreensão e o apoio" dos outros 14 membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou seu apoio à operação, embora tenha destacado a necessidade de uma reconciliação política.
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) também declarou apoio à intervenção francesa e disse acreditar que a operação irá acabar com a ameaça dos grupos terroristas, ao mesmo tempo em que frisou que não tem intenção de participar. A entidade destacou a "rápida ação" empreendida pela França e disse acreditar que "esses esforços ajudam a restaurar o estado de direito em Mali".
Já o secretário-geral da Organização de Cooperação Islâmica (OCI), Ekmeleddin Ihsanoglu, pediu um cessar-fogo imediato no Mali.
Vários países europeus, entre eles o Reino Unido, e os Estados Unidos dão apoio logístico ao Exército francês, que conta com o respaldo da maior parte da comunidade internacional.
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O presidente francês, François Hollande, declarou durante visita a Abu Dhabi que existem 750 militares franceses no Mali para combater os grupos islamitas que ocupam o norte do país há nove meses. "A França seguirá tendo forças em terra e ar", disse. Uma mobilização iminente de 2.500 soldados é parte de ofensiva da França para expulsar os jihadistas do Mali.
A tomada dos rebeldes em Diabali, que fica a 400 km da capital Bamaco, nas imediações da fronteira com a Mauritânia, foi comandada pelo argelino Abu Zeid, um dos chefes da Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), segundo fonte da segurança regional.
O ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian, confirmou ontem a tomada. "Sabemos que haverá uma contra-ofensiva para o oeste", declarou.
Em Bamaco, os chefes de Estado-Maior dos Exércitos do oeste da África se reunirão hoje para preparar o envio de uma força de 3.000 homens, que tomará o lugar da operação francesa.
Ontem, os jihadistas anunciaram mais cedo que atingirão "o coração da França", segundo Abou Dardar, um dos líderes do Movimento para a Unidade e a Jihad na África Ocidental (Mujao). "A França atacou o Islã. Vamos atingir o coração da França", disse.
República do Mali
Capital: Bamaco
População: 15,5 milhões (2012)
Língua oficial: francês
PIB: US$ 17,9 bilhões (2011)
Tamanho: 7º maior país da África
Divisão religiosa: 90% muçulmanos, 1% cristãos
e 9% crenças indígenas
Guerra contra o terrorismo
Desde sexta-feira (11), a França se declarou em "guerra contra o terrorismo" no Mali, após o presidente François Hollande aceitar pedido de ajuda feito pelo governo da antiga colônia francesa, na quinta (10).
O primeiro bombardeio aconteceu no domingo (13), em posições na região norte do país, dominada há nove meses por radicais islâmicos. Mais de 60 jihadistas morreram nesse primeiro ataque. Há uma disputa de forças entre os militares, vinculados ao governo, e os radicais. Os franceses apoiam os militares.
Centenas de soldados de países vizinhos ao Mali estão se preparando para se juntar às forças francesas.
O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse que a intervenção será encerrada em "questão de semanas". Ele rejeitou qualquer semelhança entre a operação com a ação dos Estados Unidos contra o Taleban no Afeganistão, que já dura onze anos.
Os grupos, denominados radicais, invadiram a região norte durante o golpe de Estado de 22 de março de 2012, que derrubou o então presidente Amadou Toumani Touré.
Em apoio aos grupos islâmicos estão integrantes da Al Qaeda, do Magrebe Islâmico (AQMI), e dos movimentos Ansar Dine e Mujao.
Cerca de 150 mil pessoas fugiram do conflito no Mali em direção aos países vizinhos, aponta o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). A organização informou que há cerca de 230 mil deslocados dentro do país. (Com agências internacionais)
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