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Vice venezuelano diz que Chávez e Arafat foram 'infectados por inimigos'

Do UOL, em São Paulo

05/03/2013 15h32

O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou, nesta terça-feira (5),  os "inimigos do país" de estarem por trás do câncer do presidente Hugo Chávez e comparou a doença à morte do líder palestino Yasser Arafat. 

Oficialmente, Arafat morreu de derrame em 2004, mas teorias conspiratórias dizem que o líder palestino teria morrido de câncer ou envenenamento por material radioativo.

Para Maduro, nos dois casos, os políticos foram infectados propositalmente por alguém.

"Não temos nenhuma dúvida de que os "inimigos históricos" do país procuraram prejudicar a saúde do presidente venezuelano", afirmou Maduro. Temos indícios suficientes sobre o assunto, mas é uma questão muito séria do ponto de vista da história que deve ser investigada por uma comissão especial de cientistas", acrescentou.

"A direita não deixou de atacar nem um segundo para destruir o comandante com rumores, com seus laboratórios de guerra psicológica", completou.

Estas são as horas "mais difíceis" de Chávez, disse Maduro. Segundo o vice, apesar disso, o presidente tem "plena consciência e vontade de vida". "Que volte Chávez, que assuma Chávez", afirmou durante seu pronunciamento.

Maduro liderou uma reunião com representantes do Conselho de Ministros, governadores venezuelanos e membros das Forças Armadas nesta terça-feira, transmitida ao vivo na rede estatal VTV. O encontro ocorreu no Palácio de Miraflores, em Caracas.

O vice-presidente também anunciou a expulsão de um funcionário da embaixada dos Estados Unidos na Venezuela.

Acompanhado do ministro Elias Jaua e pelo irmão do presidente Hugo Chávez, Adan Chávez, Maduro acusou os Estados Unidos de "conspiração".

"Há um funcionário de uma embaixada estadunidense que se encarregou de contatar militares e propor juntar-se aos planos de desestabilização. O militar David Del Mônaco tem 24 horas para fazer as malas e sair do território bolivariano", afirmou Maduro.

Maduro também afirmou que pequenos grupos de ultradireita na Venezuela são financiados pelos Estados Unidos e que chegará a hora dos traidores.

Estado de saúde de Chávez

Hugo Chávez voltou há duas semanas para a Venezuela após ser submetido a uma cirurgia em Havana, no dia 11 de dezembro, pela quarta vez contra um câncer na região pélvica detectado em 2011, e, desde então, tem se submetido à quimioterapia. O governo nunca divulgou fotos ou imagens do mandatário desde quando ele regressou ao país.

Por estar em Cuba, o presidente não pôde participar de sua posse em 10 de janeiro depois de sua reeleição para um mandato de seis anos, em outubro de 2012, o que provocou protestos por todo o país.

Em janeiro, a Assembleia Nacional concedeu ao presidente uma permissão indefinida de ausência da Venezuela para tratar a doença, enquanto o Tribunal Supremo de Justiça autorizou a posse quando Chávez estiver em condições.

Chávez nomeou o vice-presidente Nicolás Maduro, 50, como herdeiro político e candidato governista caso não possa reassumir o poder e no caso de convocação de novas eleições em um prazo de 30 dias.

Após a última cirurgia, Chávez tem sofrido com problemas respiratórios, mas o governo garante que ele continua no comando do país e desmente os boatos de uma possível desestabilização da Venezuela.

Na noite de segunda-feira (4), o ministro da comunicação venezuelano, Ernesto Villegas, anunciou "piora da função respiratória (do presidente) relacionada com o estado de imunodepressão próprio de sua situação clínica",  o que alimentou a incerteza política no país.

Segundo uma pesquisa recente da Datanálisis, 56,7% dos venezuelanos acreditam que Chávez se recuperará, e quase 30% acreditam que não retornará ao poder.

"Atualmente apresenta uma nova e severa infecção", acrescentou o ministro, sem prever um eventual retorno, inabilitação ou renúncia de Chávez.

Chávez é submetido a sessões de "quimioterapia de forte impacto, entre outros tratamentos complementares", disse Villegas. "A evolução de seu quadro clínico continua sendo muito delicada", acrescentou.

Maria Gabriela Chávez, filha do presidente venezuelano, escreveu ontem no microblog Twitter que "continuamos nas mãos de Deus".

"Todo meu amor para vocês. Continuamos agarrados a Deus. Obrigada pelas mensagens de solidariedade! Momento de oração. Venceremos! Com Deus sempre!", escreveu a filha de Chávez, agradecendo as mensagens de solidariedade e apoio para o mandatário venezuelano.

Ainda nesta terça-feira, um novo comunicado médico deve ser divulgado com o estado de saúde de Chávez.