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Chavistas celebram proclamação de Maduro e criam teorias para vitória apertada

Thiago Varella

Do UOL, em Caracas (Venezuela)

15/04/2013 19h57

Centenas de chavistas se reuniram em frente ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), em Caracas, para assistir à proclamação de Nicolás Maduro como presidente da Venezuela.

A multidão não chegava nem perto àquela vista na quinta-feira (11), durante o comício de Maduro no último dia de campanha eleitoral no país. Mesmo assim, os chavistas estavam empolgados e faziam muita festa, apesar do susto que passaram com a pequena diferença de votos para o candidato da oposição Henrique Capriles.

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Sob gritos de “Chavez vive, a luta segue”, os partidários de Maduro especulavam sobre o que teria acontecido no domingo de eleição para a diferença entre os dois candidatos ter sido tão apertada.

“É como diz o índio: o cacique não está”, afirmou Josefina de la Cruz. “Podemos não ter vencido por muitos votos, mas ganhamos”, completou.

Os chavistas estavam um pouco frustrados com eles mesmo. Uma das teorias era a de que a população teve preguiça de ir aos centros de votação porque tinham certeza da vitória. No entanto, a participação de eleitores foi de 78,71%.

“Muita gente confiou que a vitória sairia fácil. Tenho certeza de que foi isso. Ninguém trairia Chávez para votar na burguesia. A memória do que sofríamos nas mãos da oligarquia ainda é muito viva”, disse Maria Carmen Ávila.

Empolgada, Maria Carmen disse que não perdia um pronunciamento de Chávez e que, se for preciso, mesmo aos 66 anos, vai estar nas ruas para defender o mandato de Maduro.

“Nós, o povo, não vamos deixar que a burguesia volte ao poder. Em 2002, quando Chávez sofreu o golpe, eu estava em frente ao Palácio de Miraflores às 3h da madrugada para recebê-lo quando ele voltou de helicóptero”, contou.

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Mais do que sua opinião, o chavista Gustavo Rivas estava disposto a dar uma aula de socialismo a quem fosse, até mesmo à reportagem do UOL. Depois de fazer várias perguntas sobre o Brasil, contou que, mesmo o chavismo, não conseguiu montar bases sólidas o suficiente para se manter no poder.

“Infelizmente, não há uma base forte. É como uma gelatina. Por isso muita gente, até de bairros chavistas históricos como o 23 de Enero, votaram em Capriles, votaram nos opressores”, disse.

Seu amigo, Luiz Lopez, discordou. Para ele, o chavismo tem sim uma base concreta, mas que é constantemente assediada pelo dinheiro burguês.

“É difícil competir com o dinheiro americano. Os mais jovens se sentem tentados a votar contra Chávez”, disse Lopez, que, empolgado, puxa gritos de guerra chavistas como “não se enganem, temos presidente.”