Maduro culpa Capriles por mortes; oposicionista chama eleito de "ilegítimo"
O presidente eleito Nicolas Maduro e o candidato derrotado Henrique Capriles trocaram acusações nesta terça-feira (16) culpando um ao outro pelos casos de violência que deixaram sete mortos e 61 feridos no país, segundo a procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, desde a eleição de domingo (14).
Herdeiro político de Hugo Chávez, Nicolás Maduro foi eleito no domingo (14) com 50,7 % dos votos, derrotando o candidato da oposição, Henrique Capriles, que obteve 49,1 %, em uma disputa mais apertada que o previsto.
"Nestes fatos violentos morreram sete venezuelanos, entre eles um funcionário da polícia de Táchira", disse Díaz durante pronunciamento.
A procuradora-geral também denunciou ataques a centros médicos, sedes da companhia de telefonia pública, edifícios públicos e negócios privados.
Díaz disse que até o momento há 135 pessoas detidas que vão ser apresentadas perante a justiça nesta quarta-feira (17) e afirmou que "estes fatos poderiam constituir em delitos de instigação ao ódio e desobediência das leis".
O candidato da oposição, Henrique Capriles, pediu que as pessoas "protestem em paz" contra a decisão do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), que proclamou Maduro como vencedor das eleições por uma margem de menos de 2%.
Em sua conta no twitter, Capriles convocou uma marcha em Caracas até a sede do CNE nessa quarta-feira (17) exigindo a recontagem de votos.
"O [presidente] ilegítimo ordenou que existe violência para evitar a contagem de votos", disse Capriles em sua conta na rede social.
Em outras mensagens, o oposicionista voltou a chamar Maduro de "ilegítimo" e disse que seu "governo quer a violência".
Capriles assegurou que não vai reconhecer os resultados do domingo até que haja a recontagem de votos das eleições de domingo.
Maduro, por sua vez, já informou em rede nacional que não permitirá a marcha e que vai ser duro com "o fascismo e contra os que atentam contra a democracia”.
"Não vamos ceder a chantagem, a violência e ao ódio. Chamamos o povo para a paz", disse Maduro nesta terça.
O presidente eleito de Venezuela disse também nesta terça que grupos de oposição planejam um golpe de Estado contra seu governo.
"Isso é responsabilidade de quem incitou a violência, quem desacatou a Constituição e as instituições... seu plano é um golpe de Estado", disse Maduro, herdeiro político do ex-presidente Hugo Chávez, em cadeia de rádio e televisão.
Neste segundo dia de tensões, foram feitas novas manifestações e protestos em diferentes pontos do país contra o resultado da eleição.
Atendendo à convocação de Maduro, grupos de chavistas vestidos de vermelho protestavam em defesa do sucessor de Chávez nos estados de Zulia, Monagas, Anzoáteqgui, Carabobo e Apure, segundo imagens do canal oficial VTV.
Enquanto isso, opositores começavam a se reunir em setores dos estados de Barquisimeto e de Maracaibo para exigir a recontagem de votos, de acordo com informações de líderes opositores locais.
Crime em Caracas
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Elías Jaua, informou que uma pessoa morreu e outra ficou ferida por disparos feitos a partir de um automóvel, supostamente ocupado por opositores ao governo recém-eleito, contra grupo que comemorava a vitória de Nicolás Maduro.
A morte aconteceu na cidade de Baruta, na província de Caracas. José Luis Ponce, de 45 anos e Rosilia Reyes, de 44, foram atingidos, detalhou Jaua.
"Setores sociais poderosos acham que é um privilégio territorial exclusivo deles viver nessa região", disse o ministro, acusando indiretamente opositores.
A divulgação do atentado aconteceu pouco depois de Jaua ter exibido a embaixadores de uma centena de países e organismos internacionais vídeos de atos violentos que aconteceram ontem à noite, segundo o ministro, contra o governo e o CNE.
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