Plano para a Síria só funcionará se EUA desistirem de ataque, afirma Putin
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que o plano para a Síria entregar seu arsenal químico só vai funcionar se os EUA e os países aliados renunciarem ao uso de força contra o regime do ditador sírio, Bashar Assad.
Análise - Alencastro
Moscou ganha papel de destaque ao mediar a crise na Síria |
"Certamente isso é razoável (a Síria entregar seu arsenal) e vai funcionar apenas se os EUA e aqueles que os apóiam neste tema concordarem em renunciar ao uso da força, porque é difícil fazer qualquer país - Síria ou qualquer outro no mundo - se desarmar unilateralmente, quando está em estudo uma ação militar contra ele", disse Putin, em entrevista exclusiva ao site da TV "Russia Today".
Mais cedo, o chanceler francês, Laurent Fabius, disse à agência de notícias "AFP" que a Rússia resiste à ideia de aprovar uma resolução vinculante da ONU sobre o controle e o desmantelamento do arsenal químico da Síria, proposta pela França.
"Foi-me dado a entender que os russos, neste momento, não estão necessariamente entusiasmados - e estou utilizando um eufemismo - com a ideia de enquadrar tudo isso em uma resolução vinculante das Nações Unidas", declarou Fabius ante os deputados depois de conversar com seu colega russo, Sergei Lavrov.
Na segunda-feira (9), o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, propôs que a Síria submetesse seu arsenal químico ao controle da comunidade internacional. O chanceler sírio, Walid al-Moualem, disse que seu país concordava com a proposta para evitar um possível ataque militar dos EUA.
Segundo al-Moualem, a Síria concordou porque a iniciativa iria "retirar os fundamentos para uma agressão norte-americana", segundo a agência.
Nesta terça-feira (10), segundo agências de notícias, os chefes de Estado dos EUA, Reino Unido e França concordaram em discutir na ONU a proposta russa para a Síria entregar ao controle internacional o arsenal químico do país árabe.
Lavrov não foi ouvido após as declarações do chanceler da França sobre sua "falta de entusiasmo". Ele afirmou nesta terça-feira (10) que a Rússia já está trabalhando em conjunto com a Síria em um em um "plano concreto, claro e eficaz" para deixar sob controle internacional as armas químicas do regime Assad.
O chanceler russo afirmou que seu país está preparado para apresentar "em breve" o plano ao Conselho Segurança da ONU e à comunidade internacional. A proposta russa surgiu a partir da declaração de John Kerry, que apontou a possibilidade de se evitar os ataques à Síria se o país árabe entregasse suas armas químicas.
Obama pode suspender ataque
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou na segunda-feira (9) que poderia suspender um possível ataque militar na Síria se o regime de Bashar Assad aceitar a proposta russa para que seu arsenal de armas químicas fique sob controle da comunidade internacional.
O chefe da Casa Branca afirmou que a proposta russa é um passo "positivo" para evitar uma intervenção militar contra Damasco, mas enfatizou que falta ver se a iniciativa é séria e não uma tática para ganhar tempo.
Obama anunciou recentemente que tinha tomado a decisão de lançar um ataque "limitado" contra alvos militares do regime sírio em represália por um suposto ataque com armas químicas contra a população civil, que Washington considera provado.
Oposição síria é contra
A oposição síria chamou de "manobra política" a proposta da Rússia de colocar sob controle internacional o arsenal químico de Damasco para evitar ataques ocidentais, e exigiu mais uma vez uma "resposta" contra o regime de Bashar Assad.
"É parte dos adiamentos inúteis e que só provocarão mais mortes e destruição para o povo sírio", afirma um comunicado da Coalizão da Oposição Síria.
Segundo a Coalizão, "a violação da lei internacional requer uma resposta internacional adequada", o que pode ser interpretado como um pedido indireto ao governo de Obama para que não abandone o projeto de ataque contra o regime sírio.
"Os autores dos crimes de guerra não podem ser desculpados e os crimes contra a humanidade não podem ser apagados com concessões políticas ou entregando o instrumento com o qual os crimes foram cometidos", completa o comunicado da oposição síria a respeito das armas químicas.
China e Irã apoiam Rússia
China e Irã manifestaram apoio à proposta russa nesta terça-feira (10).
"Saudamos e damos nosso apoio à proposta russa", declarou Hong Lei, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores
"Se a proposta representar alívio da tensão na Síria e seguir no sentido de um solução política da crise síria, mantendo a paz e a estabilidade na Síria e na região, a comunidade internacional deve dar importância", completou
"O Irã recebe favoravelmente a iniciativa da Rússia que pretende impedir qualquer ação militar contra a Síria", afirmou a porta-voz da diplomacia iraniana, Marzieh Afgham. (Com Reuters, AFP e Efe)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.