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Snowden diz que não troca asilo por informações

Do UOL, em São Paulo

22/12/2013 23h26

Em entrevista ao programa "Fantástico", da TV Globo, Edward Snowden, responsável por revelar o esquema de espionagem do governo americano a vários países, entre eles o Brasil, disse que "nunca vai trocar informações por asilo" e que "não acredita que o governo brasileiro faria isso [conceder o asilo em troca de informações]".

ALVOS DE ESPIONAGEM

Telefonemas, e-mails e IPs de computadores de Dilma e assessores
Rede privada de computadores da Petrobras
Telefonemas e e-mails do Ministério de Minas e Energia do Brasil
Telefone celular da chanceler alemã, Angela Merkel
E-mail do ex-presidente do México Felipe Calderón

Atualmente, ele está na Rússia, onde tem asilo temporário até o meio de 2014. "Uma concessão de asilo deve ser sempre uma decisão puramente humanitária", afirma Snowden na entrevista. "Eu nunca vou cooperar com ninguém fora do devido sistema legal", complementou.

Segudo o jornal "Folha de S.Paulo", o ex-analista da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA quer pedir asilo permanente ao Brasil, apesar de o país já ter negado anteriormente, segundo uma "carta ao povo brasileiro" escrita por ele. 

Na entrevista à repórter do "Fantástico" Sônia Bridi, feita por e-mail e intermediada por seu advogado para evitar sua localização exata caso as mensagens fossem interceptadas, Snowden diz que escreveu a carta para "explicar por que essas questões são importantes. Explicar que eu não estou em posição para ajudar os senadores brasileiros que estão procurando por respostas para perguntas muito importantes". 

Snowden também afirmou que, se o governo brasileiro oferecer asilo, ele viria morar no Brasil. "Claro! Se o governo brasileiro quiser defender os  direitos humanos, será uma honra para mim fazer parte disso". 

Ele afirma também não ter nenhum arrependimento por ter tornado públicos os documentos da NSA, mesmo que isto tenha lhe custado viver longe da família, e que a repercussão das revelações é algo "encorajador". 

Na "carta ao povo brasileiro", Snowden diz que "emergiu das sombras da NSA" para "compartilhar com o mundo" as provas de "que alguns governos estão montando um sistema de vigilância mundial para rastrear secretamente como vivemos, com quem conversamos e o que dizemos".

Afirmou também que decidiu denunciar essas práticas convencido de que "os cidadãos merecem entender o sistema no qual vivem" e que a "reação de certos países" diante de suas denúncias, entre os quais cita o Brasil, "foi inspiradora".

Após Snowden ter revelado que a presidente Dilma Rousseff, vários de seus ministros e até mesmo a Petrobras foram monitorados pelos Estados Unidos, o Brasil encabeçou diversas iniciativas globais para regular a espionagem através da internet.

Dilma disse que não fala sobre Snowden

Em café da manhã com jornalistas na quarta-feira (18) no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff disse que o governo brasileiro não se manifestará sobre o suposto pedido de asilo do delator do esquema de espionagem americano, Edward Snowden, ao Brasil.
 
"Eu não acho que o governo brasileiro tem de se manifestar sobre algo de um indivíduo que não deixa claro, não dirigiu nada para nós. Nós não somos um órgão ao qual se faz ou se consulta ou se comunica por interpostas, de formas em que há intermediários. A nós, não foi encaminhado nada. Me dou completamente ao direito de não me manifestar sobre o que não foi encaminhado."