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Autor de atentados na Dinamarca se inspirou nos ataques de Paris, diz polícia

Do UOL, em São Paulo

15/02/2015 11h34

O homem morto pela polícia dinamarquesa neste domingo (15), suspeito de ser o atirador responsável por ataques em Copenhague, teria se inspirado nos atentados contra o jornal francês "Charlie Hebdo", ocorrido no começo do ano, informaram os investigadores do caso.

A polícia não quis dar informações sobre a identidade deste homem e afirmou simplesmente que os primeiros elementos, incluindo seus antecedentes, dão a entender que tinha simpatia pela ideologia de organizações como o Estado Islâmico.

Os motivos dos ataques --que deixaram duas pessoas mortas e outras cinco feridas-- ainda não estão claros, nem houve qualquer reivindicação por parte de grupos extremistas

"Não conhecemos o motivo dos atos do suposto autor, mas sabemos que há forças que desejam o mal a países como a Dinamarca. Querem subjugar nossa liberdade de expressão", disse a primeira-ministra da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt. 

No primeiro ataque, realizado ontem, uma pessoa foi morta e três policiais ficaram feridos quando um homem abriu fogo em um café. No local, era realizado um debate sobre blasfêmia e liberdade de expressão.

No segundo ataque, um judeu foi assassinado e dois policiais foram feridos próximo à principal sinagoga da cidade.

Após os ataques, agentes das forças de segurança do país começaram a vigiar uma propriedade para a qual se acreditava que o suspeito voltaria. Ao chegar e ver os policiais, o homem teria começado a disparar, sendo morto na troca de tiros. Nenhum agente ficou ferido na ação.

A polícia afirmou que imagens gravadas por câmeras de segurança embasam a suspeita de que o mesmo atirador foi o responsável pelos dois ataques.

"Há várias coisas que indicam que foi isso que ocorreu, e nada aponta para outros envolvidos. Mas isso é algo que vamos investigar com mais detalhe", disse Skov em um breve pronunciamento da polícia.

Debate

Entre os participantes do debate onde ocorreu o primeiro ataque estava Lars Vilks, um polêmico cartunista sueco que já foi ameaçado de morte depois de fazer charges do profeta Maomé. Ele não foi ferido durante o ataque.

O embaixador francês, François Zimeray, também participava da reunião. Logo depois do incidente, foi postada uma mensagem no Twitter do embaixador informando que ele está vivo.

O seminário foi descrito, no site pessoal de Vilks, como um debate sobre se deveria existir limite para a expressão artística ou para a liberdade de expressão.

A descrição do evento perguntava se artistas poderiam "ousar" e cometer blasfêmia depois de ataques como o ocorrido contra a revista satírica francesa "Charlie Hebdo", que ocorreu no mês passado em Paris.

Dois atiradores invadiram o escritório da "Charlie Hebdo" e mataram 12 pessoas, incluindo dois policiais. Os irmãos Cherif e Said Kouachi, mortos pela polícia dois dias mais tarde, foram motivados pelas polêmicas charges do profeta Maomé feitas pela revista - quatro cartunistas também morreram.

Vilks já sofreu ameaças e os organizadores do evento do sábado informaram que haveria "segurança rigorosa", como de costume em todos os eventos em que ele se pronunciava em público.

Em 2007, Vilks fez uma charge do profeta Maomé fantasiado de cachorro. Em 2010, dois irmãos tentaram incendiar a casa do cartunista, no sul da Suécia, e foram presos.

Em maio daquele mesmo ano, ele foi atacado por manifestantes muçulmanos durante uma palestra sobre liberdade de expressão na Universidade de Uppsala, na Suécia.

E, em março de 2013, Vilks foi colocado na lista dos "mais procurados" pela Al Qaeda da Península Árabe.

Charges mostrando o profeta Maomé foram publicadas por um jornal da Dinamarca em 2005, o que desencadeou protestos violentos em países muçulmanos. (Com agências internacionais)