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Bomba atômica encerra guerra, mas detona corrida armamentista

Do UOL, em São Paulo

06/08/2015 06h00

O poder de fissão e fusão pode ser desencadeado de várias formas para causar o máximo de devastação. As bombas de 13 e 21 quilotons disparadas sobre Hiroshima --em 6 de agosto-- e Nagasaki --em 9 de agosto-- há 70 anos incineraram ambas as cidades e mataram 200 mil pessoas instantaneamente. Ainda assim, alguns países desenvolveram desde então armas nucleares que deixam as primeiras parecendo bombinhas de estalo. Estes dispositivos avançados, de tamanho e peso diminutos, também são muito mais fáceis de serem utilizados do que os primeiros modelos.

No auge da Guerra Fria (1945-1991), milhares de mísseis balísticos dos Estados Unidos e da União Soviética eram capazes de disparar até dez ogivas direcionadas independentemente de cada vez, cada uma 20 vezes mais poderosa do que a bomba de Hiroshima. Apesar de décadas de acordos de controle de armas terem reduzido lentamente o tamanho de seus arsenais, estes países com armas nucleares ainda possuem a capacidade de destruir um ao outro muitas vezes.

O primeiro teste atômico da História foi feito pelos EUA em 16 de julho de 1945. A Experiência Trinity, arma desenvolvida pelo Laboratório Nacional de Los Alamos, teve uma potência aproximadamente equivalente a 20 quilotons.

Mesmo com toda a destruição documentada no Japão, no dia 30 de outubro 1952, a 9.000 quilômetros de distância, cientistas norte-americanos testaram a primeira bomba de hidrogênio nas Ilhas Marshall --no oceano Pacífico. Com um alcance explosivo de 10,4 megatons, o Ivy Mike tinha cerca de 700 vezes o poder explosivo da bomba lançada sobre Hiroshima sete anos antes e que matou 160 mil pessoas.

Nuvem de cogumelo gerada pela explosão da bomba nuclear sobre Hiroshima em 6 de agosto de 1945 - AFP - AFP
Nuvem de cogumelo gerada pela explosão da bomba nuclear sobre Hiroshima em 6 de agosto de 1945
Imagem: AFP

Do lado soviético, a maior explosão nuclear na história foi o teste em 1961 da "Bomba Tsar" soviética, que media mais de 50 megatons (3.800 vezes mais potente que a bomba de Hiroshima). Para gerar uma explosão dessa magnitude usando dinamite, isso exigiria 50 mil milhões de quilos de TNT, que é mais do que o peso de toda a carga que passou pelo aeroporto londrino de Heathrow nos últimos 40 anos e equivaleria a 18 blocos de TNT tão grandes quanto o prédio Empire State, em Nova York.

Em 22 de novembro de 1955, a União Soviética realizou seu teste da bomba de hidrogênio, de codinome RDS-37, em Semipalatinsk --o principal local de testes dos soviéticos de 1949 a 1989 e onde hoje está o Cazaquistão.

A União Soviética realizou um total de 456 testes em Semipalatinsk. A área afetada por estas explosões era de 300 mil quilômetros quadrados e habitada por cerca de 1,5 milhão de pessoas. Foi somente após a dissolução da União Soviética que os efeitos nocivos da radiação sobre as pessoas e o meio ambiente tornaram-se conhecidos publicamente. Acima da média, as taxas de câncer e defeitos de nascimento continuam a afetar a população local já na terceira geração.

Embora a bomba Tsar tenha sido detonada quatro quilômetros acima do solo, gerou uma onda de choque sísmico equivalente a um terremoto de magnitude de mais de 5 na escala Richter. A nuvem de cogumelo atingiu uma altura de 60 quilômetros. Queimaduras de terceiro grau foram feitas a uma distância de centenas de quilômetros. O anel de destruição absoluta teve um raio de 35 quilômetros. Para se ter uma ideia, se esta bomba fosse jogada no centro de São Paulo, apenas as vítimas de queimaduras de terceiro grau estariam em uma área que abrangeria da região metropolitana da cidade até Santos.

Os países tomaram a decisão de testar dispositivos nucleares por uma série de razões, tanto técnicas quanto políticas. Embora o conhecimento básico de projeto de armas nucleares tenha se tornado informação pública, a difícil tarefa de realmente construir dispositivos funcionais é baseada em tentativa e erro.

Só através de testes nucleares um país pode confirmar que o design e a engenharia tenham sido bem sucedidos. À medida em que os cientistas percebem que o dispositivo é confiável, ele é incorporado pelos militares dentro de suas estratégias.

Em 1963, três dos quatro Estados nucleares (Reino Unido, EUA e União Soviética) e muitos países não-nucleares assinaram o Tratado de Proibição Total de Testes, comprometendo-se a abster-se de testar armas nucleares na atmosfera, debaixo d'água ou no espaço sideral. O tratado permitia testes nucleares subterrâneos. A França continuou testes atmosféricos até 1974, e a China continuou até 1980. Nenhum destes países assinou o tratado.

Os testes subterrâneos nos Estados Unidos continuaram até 1992 (o último teste nuclear), na União Soviética até 1990, no Reino Unido até 1991 e na China e na França até 1996. Ao assinar o Tratado de Proibição Total de Testes em 1996, estes Estados comprometeram-se a descontinuar todos os testes nucleares.

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