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França tenta identificar terrorista achado com passaporte sírio

Suspeito de atentado no Stade de France - AFP/POLICE NATIONALE
Suspeito de atentado no Stade de France Imagem: AFP/POLICE NATIONALE

Do UOL, em São Paulo

17/11/2015 17h09Atualizada em 17/11/2015 18h51

A polícia francesa pediu nesta terça-feira (17) informações sobre um dos homens-bomba que atacou o Stade de France, em Paris. Com ele foi encontrado o passaporte sírio em nome de Ahmad al-Mohammad. Há suspeitas de que o documento seria de um soldado sírio morto há meses. Autoridades têm apenas a foto do agressor e a sua impressão digital, já que ele teria entrado na Europa como refugiado com nome falso e foi fichado por autoridades durante a travessia.

O ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maiziere, disse que o passaporte sírio encontrado com o terrorista pode ser falso e usado intencionalmente para fazer com que os europeus temam os refugiados. Maiziere afirmou aos jornalistas que é "incomum que uma pessoa seja fielmente registrada na Grécia, na Sérvia e na Croácia, ainda que a UE tenha reforçado os pedidos para que os registros sejam feitos com maior rigor".

Segundo o ministro, os múltiplos registros feitos por uma pessoa com o mesmo passaporte seriam uma evidência de que esta rota foi intencionalmente utilizada. A esmagadora maioria dos imigrantes se recusa a ter qualquer tipo de registro até chegar à Alemanha.

No entanto, nada pode ser descartado, inclusive o fato de que o documento possa pertencer a um terrorista do Estado Islâmico que foi para a França via Alemanha como um refugiado.

Ainda de acordo com o ministro alemão, "houve informações na segunda-feira de que um outro passaporte com o mesmo nome e (pertencente a uma outra) pessoa apareceu na Sérvia. Estamos em contato com as autoridades sérvias". "Falta, então, determinar se se trata de um refugiado enviado pelo EI (...) ou se é mais uma jogada, articulada por parte do EI, que orquestrou essa pista para preocupar as pessoas", completou De Maizière.

O ministro alemão da Justiça, Heiko Maas, já havia comentado que o passaporte de um refugiado sírio, encontrado no local de um dos atentados em Paris, poderia ser "uma falsa pista", lançada pelo Estado Islâmico para "radicalizar" o debate migratório.

O passaporte está em nome de Ahmad al-Mohammad, nascido em 10 de setembro de 1990 na cidade síria de Idlib. Segundo autoridades, ele teria entrado na Europa pela Grécia em outubro.

O que se sabe é que o terrorista chegou a uma ilha grega no dia 3 de outubro, em um barco vindo da Turquia com outros 198 imigrantes. De lá, ele pegou uma balsa até a Grécia continental. Registrado, seguiu para a Macedônia e a Sérvia, onde também se registrou e deu entrada no pedido de asilo no dia 7 de outubro.

Mais de 700 mil refugiados chegaram na Europa neste ano, a maior parte deles fugindo da guerra civil na Síria e da violência perpetrada pelo Estado Islâmico em países como Síria, Iraque e Afeganistão. Entretanto, como alguns países garantem mais rapidamente o status de refúgio a sírios do que a imigrantes de outras nacionalidades, a procura por passaportes da Síria falsos aumentou drasticamente.

Cinco terroristas foram identificados pelas autoridades francesas desde os atentados de sexta-feira, que deixaram pelo menos 129 mortos e 350 feridos, muitos deles em estado grave.

Presos na Alemanha

A polícia alemã afirmou nesta terça-feira que os sete detidos por um provável vínculo com os ataques de Paris foram libertados, uma vez que não foi estabelecida qualquer relação com os atentados.

O ministro do Interior alemão já tinha antecipado que entre as sete pessoas detidas não se encontrava Salah Abdeslam, procurado internacionalmente por seu suposto envolvimento nos ataques de Paris.

"Infelizmente entre os detidos não se encontra a pessoa que queríamos", declarou, após indicar há um certo "risco" que Abdeslam fuja a um país que faz limite com a França. "A situação é grave, mas não há razão para pânico", garantiu.

As detenções de hoje em Alsdorf aconteceram no marco de uma grande operação policial e em um primeiro momento se indicou que poderiam estar relacionadas com os atentados de Paris. (Com agências internacionais)