Pelo Twitter, Obama confirma visita a Cuba em março
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta quinta-feira (18) em sua conta no Twitter que viajará para Cuba em março, na primeira visita de um presidente norte-americano em exercício à ilha nos últimos 88 anos.
A viagem será realizada entre os dias 21 e 22 do mês que vem, de acordo com a Casa Branca. A primeira-dama, Michelle Obama, acompanhará o chefe de Estado. Na sequência, o presidente irá para a Argentina.
"No próximo mês, viajarei a Cuba para avançar nosso progresso e nossos esforços que possam melhorar a vida do povo cubano", escreveu Obama.
"Quatorze meses atrás, anunciei que iríamos normalizar as relações com Cuba, e conseguimos um progresso significativo. Nossa bandeira está hasteada em nossa embaixada em Havana novamente. Mais americanos estão viajando para Cuba [hoje] do que em qualquer momento nos últimos 50 anos. Ainda temos diferenças com o governo cubano, das quais cuidarei diretamente. Os EUA sempre estarão ao lado dos direitos humanos no mundo inteiro", adicionou o presidente, também na rede social.
A histórica viagem acontece em meio ao processo de retomada de relações entre os dois países, anunciado em dezembro de 2014. Desde então, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, visitou a ilha, Washington tirou o país caribenho da lista de nações que apoiam o terrorismo e as duas partes avançaram no que diz respeito à abertura de viagens e negócios bilaterais.
A última viagem de um presidente norte-americano a Cuba ocorreu em 1928, quando Calvin Coolidge visitou a ilha, 31 anos antes da Revolução Cubana comandada por Fidel Castro, que levou o país a um regime socialista.
Papa Francisco e Canadá intermediaram diálogo
Na sequência do anúncio, Obama indicou no Twitter um texto redigido por Ben Rhodes, consultor de comunicação e segurança da Casa Branca, explicando os motivos da viagem e revelando que as negociações para aproximar os países começaram ainda no início do governo Obama, a partir de 2009.
O texto oficial diz que "colocando de forma simples, a política dos EUA contra Cuba não estava funcionando e já ia muito além de sua data de expiração".
"Os EUA estavam isolados em seu próprio hemisfério, e no mundo inteiro, que discordada de nossa abordagem. Mais importante que isso, nossa política não tornava a vida dos cubanos melhor e, em muitos aspectos, estava a tornando pior."
Segundo a Casa Branca, negociações secretas intermediadas pelo governo canadense e apoiadas pelo papa Francisco e pelo Vaticano permitiram que Cuba e EUA anunciassem a retomada das relações em dezembro de 2014.
Direitos humanos
Obama indicou que o tema de direitos humanos será abordado na viagem. "Continuamos a nos opor e criticar as restrições a direitos como liberdade de expressão e reunião, e o espaço para uma sociedade civil independente - que os EUA apoiam no mundo inteiro", diz a Casa Branca.
"Mesmo não buscando impor uma mudança a Cuba, acreditamos que o país sairá beneficiado quando os cubanos poderem exercitar seus direitos universais. O presidente Obama levantou essas questões em suas discussões com o presidente Castro e continuará a fazer isso."
O texto também enumera os progressos na aproximação entre os países, com a visita mais constante entre cidadãos dos dois países e a retomada do comércio - na última segunda-feira, foi confirmada a construção da primeira fábrica de norte-americanos em Cuba.
Autoridades norte-americanas também anunciaram a retomada de voos comerciais entre os países. Segundo a Casa Branca, até 110 voos diretos entre Cuba e EUA poderão ser realizados diariamente.
Aceno à América Latina
A viagem a Cuba deve fazer parte de um giro pela América Latina, disseram fontes da Casa Branca, que pediram anonimato, à emissora norte-americana ABC. A presidência norte-americana confirmou apenas uma viagem de Obama e Michelle à Argentina, "um país com um novo presidente que quer iniciar um novo capítulo de relações boas com os Estados Unidos".
O texto da Casa Branca também diz que a mudança no tratamento abre portas para os EUA na América Latina, "uma região que se opunha à nossa política com Cuba, e que agora dá boas vindas" a essa nova abordagem. (Com agências internacionais)
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