Incerteza no Uzbequistão aumenta com anúncio não oficial da morte do presidente
O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, disse nesta sexta-feira (2) que o presidente do Uzbequistão, Islam Karimov, faleceu aos 78 anos. No entanto, o anúncio oficial pelas autoridades uzbeques ainda não foi feito.
"O presidente uzbeque, Islam Karimov, faleceu. Que a misericórdia de Deus esteja com ele. A República da Turquia compartilha a dor e a tristeza com o povo uzbeque", disse Yildirim, em entrevista para a imprensa após uma reunião de seu gabinete, segundo o jornal turco "Sabah".
O último informe que o conselho ministerial do Uzbequistão fez hoje é de que Karimov estava em estado "crítico" ao sofrer uma "grave piora" em sua saúde.
Anteriormente, as autoridades do país tinham se limitado a informar que o presidente estava hospitalizado e que necessitava de um longo tratamento médico.
Alguns meios de comunicação, como a agência digital "Fergana", dizem que o presidente uzbeque já faleceu e que seu funeral será no sábado, em Samarcanda, sua cidade natal.
O presidente do Uzbequistão, que governa o país com mão de ferro há mais de 25 anos, sofreu um derrame cerebral, o que provoca incertezas sobre a eventual sucessão.
O governo havia anunciado a internação do presidente no fim de semana e sua filha mais nova, Lola Karimova Tilliaieva, informou que o pai, de 78 anos, sofreu uma hemorragia cerebral.
Nascido em 30 de janeiro de 1938, o presidente uzbeque escalou todos os degraus do aparato do Partido Comunista na época da URSS para, finalmente, ficar à frente da república soviética do Uzbequistão em 1989.
Karimov conseguiu permanecer no poder após a independência do país, em 1991, e dedicou suas forças a eliminar os opositores.
"Todo o Estado era Islam Karimov, Islam Karimov foi o Estado durante mais de um quarto de século, com mão dura", disse Steve Swerdlow, analista da ONG Human Right Watch.
Várias organizações acusam Karimov, reeleito em 2015, de fraude nas eleições em várias ocasiões, pela detenção arbitrária de centenas de opositores e de apoiar o uso da tortura nas prisões.
Apesar dos boatos sobre a suposta fragilidade de seu estado de saúde, Karimov não nomeou um sucessor.
Sua filha mais velha, que chegou a ser considerada a favorita em um determinado momento, caiu em desgraça depois que comparou o pai com Stalin. Desde então ela está em prisão domiciliar.
"Mesmo que exista um plano de sucessão, os aspirantes vão respeitar? Como a situação não tem precedente no Uzbequistão nos 25 anos que se passaram desde a independência, ninguém sabe se as pessoas seguirão as normas uma vez que o árbitro tenha partido", disse Scott Radnitz, especialista na política do país da Universidade de Washington.
De acordo com a Constituição, o presidente do Senado deve assumir o poder de forma interina se o presidente não puder governar, mas os analistas o consideram um simples braço do Legislativo.
Os pretendentes mais conhecidos para a sucessão de Islam Karimov são o primeiro-ministro Chavkat Mirzioiev e o vice-premiê Roustam Azimov. Os dois são considerados rivais.
Outro candidato pode ser o ministro da Segurança, Roustam Inoyatov, de 72 anos, considerado um dos responsáveis pela morte de 300 a 500 manifestantes durante um protesto em Andijan (leste) em 2005, um banho de sangue que provocou o veto da comunidade internacional a Karimov. (Com as agências internacionais)
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