Cinzas de Fidel Castro deixam Havana e iniciam viagem pelo país
As cinzas de Fidel Castro partiram nesta quarta-feira (30) da Praça da Revolução de Havana para a viagem por toda a ilha, um cortejo fúnebre que terminará em Santiago de Cuba, no próximo domingo.
Envolvida em uma bandeira de Cuba e feita de madeira de cedro, a urna com as cinzas, que repousava na sede do Ministério das Forças Armadas, saiu do edifício nas mãos de dois soldados que, com uma breve cerimônia militar, a colocaram no carro decorado com flores brancas no qual viajarão até Santiago.
Foi um ato solene no qual estava presente o presidente Raúl Castro, membros da alta direção do governo e do Partido Comunista, e onde também se pôde ver a esposa do falecido líder cubano, Dalia Soto e alguns de seus filhos, Alex e Tony.
Depois de quatro dias de viagem, as cinzas de Fidel Castro serão enterradas no domingo no cemitério de Santa Ifigenia de Santiago, ao lado do mausoléu de José Martí, herói da independência de Cuba.
Este funeral irá selar o fim do luto nacional decretado por nove dias depois de sua morte na sexta-feira à noite por seu irmão e sucessor Raul Castro.
De 2 a 8 de janeiro de 1959, a bordo de sua "Caravana da liberdade", Fidel Castro cruzou o país em triunfo, após a fuga para o exterior do ditador Fulgencio Batista, acuado em Havana pelas tropas castristas, enquanto o pai da revolução tomava simultaneamente o controle de Santiago de Cuba.
O jovem Fidel pregou, então, o seu projeto revolucionário nas principais regiões do país, incluindo Holguin (sudeste), onde nasceu, e as cidades de Camagüey, Las Tunas, Sancti Spiritus, Santa Clara e Matanzas, que liga o país de leste a oeste.
O primeiro momento de destaque desta procissão será em Santa Clara, onde repousam em um mausoléu as cinzas de seu companheiro, o guerrilheiro argentino Ernesto "Che" Guevara, que morreu em 1967.
'Querido Fidel'
Criticada pela ONU e pelos seus adversários por violações dos direitos humanos, Fidel Castro continua a ser reverenciado por muitos cubanos, que sofreram um choque com a notícia da sua morte aos 90 anos.
Em virtude do luto nacional, as reuniões e espetáculos foram cancelados, os jogos de beisebol suspensos, as boates fechadas e a venda de bebidas alcoólicas proibidas até domingo.
A imprensa nacional dedicavam exclusivamente seus programas a este luto, e transmitia em repetição o hino "Andar com Fidel", uma "trova" com acentos românticas composta pelo popular cantor cubano Raul Torres.
Na terça-feira à noite, centenas de milhares de habitantes de Havana prestaram uma última homenagem a Fidel Castro, junto com líderes da esquerda latino-americana e da África, que defenderam o legado do "Comandante".
"Ele não foi embora, ele permanecerá, invicto entre nós, absolvido, completamente absolvido pela História", exclamou o presidente venezuelano, Nicolas Maduro, um aliado próximo de Cuba, referindo-se à famosa frase "a História me absolverá", lançada por Fidel Castro em seu julgamento depois do ataque ao quartel Moncada que cunhou o início de sua lenda, em 1953.
Em seguida, Raul Castro falou ao seu irmão: "Querido Fidel (...) aqui, comemoramos nossas vitórias, dizemos a você, juntamente com nosso povo devotado, combativo e heroico: Até a vitória, sempre" ("Hasta la victoria, siempre!"), repetindo o refrão dos revolucionários cubanos.
A noite de homenagens, de tom altamente político, foi evitada pelos chefes de Estado ocidentais, incluindo o presidente americano Barack Obama, que, no entanto, teceu uma reaproximação histórica desde o final de 2014 entre os dois ex-inimigos da Guerra Fria.
Da mesma forma, os presidentes de países amigos, o russo Vladimir Putin, o chinês Xi Jinping e o iraniano Hassan Rohani, preferiram ser representados por emissários.
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