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Obama cita avanço na causa LGBT como maior orgulho de seu governo

Kevin Lamarque/Reuters
Imagem: Kevin Lamarque/Reuters

Do UOL, em São Paulo

18/01/2017 18h11Atualizada em 18/01/2017 19h43

O presidente dos EUA, Barack Obama, citou em sua última coletiva de imprensa antes do fim de seu mandato, nesta quarta-feira (18) o avanço dos direitos dos homossexuais e minorias sexuais como a coisa de que mais tinha orgulho durante seu mandato.

Durante o governo de Obama, o Pentágono acabou com a obrigação de não se declarar homossexual nas Forças Armadas e posteriormente, após uma longa batalha judicial, a Suprema Corte legalizou em 2015 o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país.

"Não podia estar mais orgulhoso da transformação que ocorreu na nossa sociedade apenas nessa última década. Creio que fizemos algumas contribuições para isso, mas os principais heróis foram mesmo (...)  todos os ativistas e filhos e filhas e casais que disseram 'esse é quem eu sou e tenho orgulho disso'", afirmou Obama.

Segundo Obama, foi essa coragem que permitiu que o casamento homossexual se tornasse uma realidade em nível nacional, apesar da oposição de alguns Estados ou políticos conservadores.

"O que fez esta Administração foi ajudar a sociedade a se movimentar na direção correta, de uma maneira que não criasse respostas negativas, com respeito", resumiu o líder.

Obama disse estar confiante que, apesar de ainda restarem avanços a serem resolvidos, como no caso dos direitos dos transexuais, a mudança agora é "irreversível", especialmente pela maneira de pensar das gerações mais jovens, que não veem como algo problemático que pessoas do mesmo sexo se casem ou se exponham.

 "Não creio que isso será reversível porque a sociedade americana mudou, as atitudes dos jovens, em particular, mudaram. O que não significa que não haverá importante batalhas pela frente."

Valores fundamentais

Obama deixou claro que não se calará depois de deixar o cargo na sexta-feira, e prometeu se manifestar sempre que sentir que os "valores fundamentais" da América forem ameaçados. Ele afirmou que certas questões seriam suficientes para tirá-lo da aposentadoria e trazê-lo de volta ao cenário político.

"Existe uma diferença entre o funcionamento normal da política e certos temas ou certos momentos em que acho que nossos valores fundamentais podem estar em jogo", disse.

"Incluo nesta categoria qualquer forma de discriminação sistemática sendo ratificada de alguma forma, qualquer obstáculo explícito ou funcional para que as pessoas não votem", seguiu o presidente democrata. "Incluo nesta categoria os esforços institucionais para silenciar a dissidência ou a imprensa."

Ele afirmou que pretende seguir um rumo diferente de seu antecessor, o ex-presidente George W. Bush, que se retirou da vida pública há oito anos, afirmando que seu sucessor merecia o seu silêncio. Obama tem expressado respeito pela decisão de Bush nos últimos anos, mas disse a amigos que não pretende permanecer como um espectador do desmantelamento de ideais democráticos que ele defendeu por oito anos.

Obama destacou que não irá se "candidatar a um cargo político". "O que disse que é importante descansar um tempo para processar esse período incrível que passei. Agora vou aproveitar com minha família, vou fazer 25 anos de casado e espero que Michelle me aguente mais. Quero ficar um tempo quieto, sem ouvir tanto a minha voz", ressaltou destacando que ainda quer "escrever bastante".

O democrata justificou ainda sua decisão de comutar a pena do ex-soldado Chelsea Manning por vazar documentos militares para o site WikiLeaks, alegando que já cumpriu parte importante da pena --que era desproporcional.

Ele disse também que está "significativamente preocupado" com as questões envolvendo Israel e Palestina e que teme que o momento para chegar a um acordo "está passando"

"Sacode a poeira e segue"

Questionado sobre como foi ver as suas filhas reagirem à derrota de Hillary Clinton nas eleições de novembro do ano passado, o mandatário ressaltou o "orgulho" que tem das duas e que elas reagiram bem ao fato.  

"Foi interessante foi ver como Malia e Sasha ficaram decepcionadas porque apoiaram Michelle durante a campanha e era o que nós acreditamos. Mas, o que também tentamos ensiná-las foi que a esperança existe e que o fim do mundo é apenas quando ocorre o fim do mundo. Aí você levanta, sacode a poeira e segue.  

Nenhuma delas pretende seguir na carreira política e acho que a mãe delas também, mas sabem que precisam ser cidadãs ativas", acrescentou. Ao receber a pergunta de que era o primeiro presidente negro do país, Obama afirmou que espera ver os EUA a ter "pessoas emergindo nos cargos políticos, sejam negros, de qualquer religião, judeus, hindus, se dermos chances a elas".  

Usando o exemplo dos Jogos Olímpicos no Brasil, Obama ressaltou que "nós vimos e demos o melhor nos Jogos Olímpicos do Brasil". "E isso foi divertido porque sempre que você vê quem é o melhor em seu esporte, é divertido. Mas eles são de todas as formas, cores, e você olha para Simone Biles e Michael Phelps e eles são bem diferentes. Isso é o que nos marca", ressaltou.  

"O que me preocupa mesmo é a desigualdade porque eu acho que se nós não investirmos nas pessoas, não permitirmos que todos trabalhem, isso vai nos levar a uma separação ainda maior entre os norte-americanos", revelou.