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Coreia do Norte ameaça atacar EUA 'se necessário'; Rússia se diz preocupada com tensão

EUA enviam porta-aviões e sua frota à península coreana

AFP

Do UOL, em São Paulo

11/04/2017 08h26

A Coreia do Norte criticou nesta terça-feira (11) o envio de um porta-aviões dos Estados Unidos e sua frota à península coreana, advertindo que o governo de Kim Jong-un está preparado para responder com "a poderosa força das armas" se for necessário.

O ato prova que os "movimentos insensatos dos Estados Unidos para invadir a República Democrática Popular da Coreia alcançaram uma fase grave", disse um porta-voz do Ministério norte-coreano das Relações Exteriores, segundo a agência oficial de notícias KCNA, o primeiro comentário de Pyongyang desde a manobra americana no domingo.

"A República Democrática Popular da Coreia está preparada para reagir a qualquer forma de guerra desejada pelos Estados Unidos", afirmou Pyongyang, segundo a KCNA. "Tomaremos as medidas (...) mais severas contra os provocadores para nos defendermos com a poderosa força das armas", completou o porta-voz da Chancelaria norte-coreana.

Também nesta terça, o jornal oficial norte-coreano Rodong Sinmun disse que o país está preparado para responder a qualquer agressão dos EUA, citando até mesmo um ataque nuclear.

"Nosso revolucionário Exército forte está observando atentamente todos os passos de elementos inimigos, com nosso olhar nuclear focado nas bases invasoras dos EUA não apenas na Coreia do Sul e no teatro de operações do Pacífico, mas também no continente norte-americano", publicou o jornal.

Menos de 48 horas depois de bombardear a Síria, o presidente Donald Trump anunciou o que foi interpretado como uma advertência à Coreia do Norte ao enviar o grupo aeronaval formado pelo porta-aviões "USS Carl Vinson", dois destróieres e um cruzeiro (todos equipados com mísseis), que teve cancelada uma escala programada para a Austrália e seguiu para o Oceano Pacífico ocidental de Cingapura, em uma demonstração de força diante das crescentes ameaças do governo norte-coreano.

Trump já ameaçou adotar ações de forma unilateral contra Pyongyang se Pequim não conseguir deter o programa nuclear do país vizinho.

Após a resposta norte-coreana, o presidente americano disse estar pronto para resolver o conflito sem a ajuda da China, dias depois de ter mantido um encontro com o presidente chinês, Xi Jinping. "A Coreia do Norte busca problemas. Se a China decidir ajudar, isso será genial. Se não, resolveremos o problema sem eles!", escreveu Trump no Twitter.

Trump vincula as negociações comerciais entre as duas principais potências econômicas mundiais à questão da Coreia do Norte. "Expliquei ao presidente da China que um acordo comercial com os Estados Unidos será muito melhor para eles se resolverem o problema norte-coreano!"

Rússia mostra preocupação

O Ministério de Relações Exteriores da Rússia expressou preocupação com a postura de Washington em relação à Coreia do Norte, pouco antes da chegada do secretário do Estado norte-americano, Rex Tillerson, para uma reunião em Moscou com Sergei Lavrov, chanceler russo.

O Ministério de Relações Exteriores disse, em um comunicado dedicado para a visita de Tillerson, estar extremamente preocupado com a possibilidade de que os Estados Unidos decidam tomar ações militares unilaterais contra a Coreia do Norte.

Rússia e EUA também discutem sobre a guerra da Síria, onde estão em lados opostos. O governo de Vladimir Putin apoia o regime de Bashar al-Assad, enquanto os norte-americanos pedem a saída do líder sírio. Na última sexta (7), os EUA bombardearam uma base aérea do regime em Homs em retaliação a um suposto ataque químico realizado pelo governo Assad na semana passada.

Testes nucleares

As especulações sobre um iminente teste nuclear crescem com a proximidade do sábado, dia do 105º aniversário do nascimento do líder fundador da república norte-coreana. Essa data costuma ser celebrada com uma demonstração militar.

O primeiro-ministro sul-coreano e presidente interino alertou nesta terça-feira sobre o risco de uma "grave provocação" do Norte, que também poderia acontecer em 25 de abril, dia do aniversário da criação do exército do país.

"Existe a possibilidade de que o Norte incorra em provocações mais graves, como um novo teste nuclear, para celebrar distintos aniversários", declarou Hwang Kyo-ahn.

As tensões coincidem nesta terça-feira com uma sessão da Assembleia Legislativa da Coreia do Norte, que se reúne uma ou duas vezes por ano para votar o orçamento do Estado e ratificar as decisões tomadas pelo partido único da Coreia do Norte.

Pyongyang busca desenvolver um míssil de longo alcance capaz de chegar aos Estados Unidos com uma ogiva nuclear e até agora realizou cinco testes nucleares, dois deles no ano passado.

A análise de imagens de satélite sugere que Pyongyang estaria preparando um sexto teste, enquanto a Inteligência americana adverte que os norte-coreanos podem estar a menos de dois anos de conseguir a capacidade de atacar o continente americano.

Ao mesmo tempo, Seul e Washington estão realizando treinamentos militares conjuntos, um exercício anual que é visto pelo Norte como uma preparação para a guerra.

China e Coreia do Sul concordaram na segunda-feira sobre a necessidade de adotar novas medidas contra o regime norte-coreano em caso de um sexto teste nuclear.

"Concordamos que devem ser adotadas duras medidas adicionais, baseadas nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU, se o Norte seguir adiante com um teste nuclear ou o lançamento de um míssil balístico intercontinental, apesar das advertências da comunidade internacional", declarou Kim Hong-kyun, enviado de Seul para questões nucleares, após uma reunião na capital sul-coreana com o representante chinês para o tema, Wu Dawei.

O encontro aconteceu pouco depois de Trump ter recebido o presidente chinês Xi Jinping para uma reunião durante a qual pressionou Pequim a atuar para conter as ambições nucleares norte-coreanas.

O conselheiro de Segurança Nacional H.R. McMaster advertiu no domingo que a desnuclearização de Pyongyang "tem que acontecer". Em caso contrário, disse, o presidente Trump solicitou uma "série de opções para eliminar a ameaça" nuclear norte-coreana, em referência aos assessores da presidência.

Um ataque de curto alcance dos Estados Unidos contra a Coreia do Norte poderia ser efetivo, mas também poderia colocar em risco a vida de muitos civis na Coreia do Sul e iniciar um grande conflito militar, segundo analistas. (Com agências internacionais)