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Partido Conservador perde maioria absoluta no parlamento do Reino Unido

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, em momento após o final da votação - Alastair Grant/AP Photo
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, em momento após o final da votação Imagem: Alastair Grant/AP Photo

Do UOL, em São Paulo

09/06/2017 02h44Atualizada em 09/06/2017 10h46

Liderado pela primeira-ministra Theresa May, o Partido Conservador perdeu a maioria absoluta no Parlamento britânico, apontam os números oficiais das eleições gerais realizadas nesta quinta-feira (8). E, apesar da pressão que se instalou desde o início da divulgação da boca de urna, a premiê não renunciou ao cargo

May visitou o Palácio de Buckingham às 12h30 desta sexta (8h30 em Brasília) para pedir a permissão da Rainha Elizabeth 2ª para formar o governo.

Com o resultado das eleições, das 650 que compõem a Câmara dos Comuns, os conservadores haviam obtido 318 cadeiras, portanto, distante dos 326 deputados necessários para obter a maioria absoluta.

Enquanto isso, o Partido Trabalhista, de Jeremy Corbyn, teve 261 parlamentares, o Partido Nacionalista Escocês (SNP) 35 assentos e os liberal-democratas, 12. Ainda falta a confirmação da votação em Kensington para completar a cadeira restante no Parlamento.

Seu principal rival, o líder trabalhista Jeremy Corbyn, disse considerar a perda de cadeiras uma derrota para os conservadores e para May, que deveria deixar o governo e abrir caminho para um novo representante.

"A primeira-ministra convocou estas eleições, pois ela queria um mandato. O que obteve foi a perda de cadeiras para os conservadores, perda de votos e perda de confiança", disse o trabalhista.

Theresa May decidiu convocar, em 18 de abril, eleições antecipadas em três anos com o objetivo, segundo explicou na ocasião, de aumentar sua maioria absoluta e, assim, assegurar uma liderança forte nas negociações sobre o Brexit, que devem começar no próximo dia 19. 

O que ela não esperava é que sua atitude pudesse ter efeito contrário. Ao invés de superar as 330 cadeiras que o partido tinha quando da dissolução do Parlamento, em maio, o que ela conseguiu foi reduzir os assentos para menos do número que caracteriza a maioria absoluta.

Pouco depois do fechamento das urnas, na sede do partido, a premiê minimizou os resultados baseados em projeções que já apontavam a perda da maioria absoluta. Disse que, de qualquer forma, o Partido Conservador conseguiu a maioria das cadeiras e de votos e que "garantirá que possamos cumprir a tarefa de garantir estabilidade" que o Reino Unido precisa neste momento. 

Parlamento dividido

O Parlamento sem maioria clara é um fenômeno descrito no país como "hung Parliament" - nenhum partido tem maioria clara, o que significa que nenhum partido tem mais da metade dos parlamentares na Câmara dos Comuns.

As negociações substanciais sobre o "Brexit" deverão começar no próximo dia 19 de junho, quase três meses depois de Londres ter ativado o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que estabelece dois anos de conversas sobre a retirada de um país comunitário.

Quando o Parlamento foi dissolvido no início de maio, May levava sobre os trabalhistas de Jeremy Corbyn uma vantagem de quase 20 pontos nas pesquisas de intenção de voto, mas nas últimas semanas a principal legenda da oposição britânica conseguiu estreitar consideravelmente essa distância.