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Autor de ataque na Venezuela já foi chamado de "James Bond venezuelano"

Óscar Pérez em cabine de helicóptero do CICPC - Reprodução/ Instragram @oscarperezgv
Óscar Pérez em cabine de helicóptero do CICPC Imagem: Reprodução/ Instragram @oscarperezgv

Gabriel Melo

Do UOL, em São Paulo

28/06/2017 13h15

O policial chamado Óscar Pérez ficou conhecido por ter suas imagens pilotando o helicóptero da polícia científica durante o ataque à Suprema Corte e ao Ministério do Interior venezuelano, na terça-feira (27). Porém, a sua figura não era algo totalmente estranho para os venezuelanos. Pérez, além de militar, é também ator e participou de um filme que fez com ele chegasse a ser apelidado de "James Bond venezuelano".

De todos os envolvidos no ataque, ele foi o único a ser reconhecido e a ter o nome divulgado e foi apresentado como líder de um grupo de militares e policiais que buscam se rebelar contra o governo de Nicolás Maduro.

Pérez lançou quatro granadas contra a sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e disparou 15 tiros contra o Ministério do Interior e Justiça, de acordo com o governo.

Momentos antes de usar o helicóptero para atacar o Supremo ele divulgou um vídeo com mais quatro agentes encapuzados no seu Instagram e convocou os militares, policiais e civis a uma insurreição contra o governo.

Helicóptero dispara contra Supremo na Venezuela

UOL Notícias

"Somos uma coalizão de militares, policiais e pessoas civis. Na busca do equilíbrio e contra esse governo de transitório criminoso. Não pertencemos e não temos nenhuma filiação político partidária, somos nacionalistas, patriotas e institucionalistas. Esta luta não é contra o resto das forças de segurança do Estado, é contra a impunidade imposta contra esse governo. É contra a tirania, é contra a morte dos jovens que lutam por seus direitos, é contra a fome, a falta de saúde e o fanatismo. Essa luta é pela vida", afirmou Pérez no vídeo.

Essa foi uma das várias publicações que ele coloca em suas redes sociais diariamente, e a sua figura veio se tornando cada vez mais conhecida entre os venezuelanos nos últimos anos.

Pérez atuou e fez a coprodução do filme "Muerte Suspendida" [Morte Suspensa] em 2015, um filme que fala sobre como policiais de elite resgatam vítimas de sequestro, uma situação que Pérez viveu na vida real. Durante a promoção do filme em entrevistas para o jornal "Panorama", ele disse que é "um piloto de helicóptero, mergulhador de combate, paraquedista". E que sai às ruas sem saber se irá voltar para casa, porque a morte é uma forma de revolução.

Segundo entrevista concedida na época à imprensa local, escutar um menino dizer que queria ser "bandido para ter dinheiro, mulheres e o respeito do bairro" o levou a fazer o filme.

Óscar Pérez em ação no filme "Muerte Suspendida"

UOL Notícias

O filme não foi bem recebido pela crítica venezuelana, onde muitos dizem que a atuação de Pérez foi um ato de propaganda, com o intuito de enaltecer os trabalhos da polícia científica.

Em sua conta do Instagram, Pérez publica vídeos e imagens periodicamente contando sobre os motivos de seu protesto contra o governo e exigindo que a ordem constitucional da Venezuela seja restabelecida. Além de mostrar suas visitas em hospitais e instituições de caridade infantis, ele enaltece o seu trabalho como militar e exibe os seus treinamentos como mergulhador, piloto e paraquedista.

Pérez se expõe como um nacionalista e faz comentários em suas redes sociais dizendo que "a satisfação de dar esperança e justiça ao povo venezuelano, não tem palavras para se expressar". Ele também compartilha conteúdos divulgados pela mídia venezuelana que divulgam o seu trabalho como membro da polícia científica venezuelana. Em uma publicação de 6 de junho de 2016 em seu Instagram, ele mostra a página de uma matéria que o nomeia como "o James Bond venezuelano".

 

Uma publicação compartilhada por OSCAR PEREZ (@oscarperezgv)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Na Venezuela, Pérez é conhecido como um agente altamente treinado, com mais de 15 anos de carreira e que já foi membro da Brigada de Ações Especiais (BAE), chefe da Divisão Aérea do corpo policial e que atualmente faz parte do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC).

O CICPC é o principal organismo de investigações criminais da Venezuela, algo semelhante ao FBI dos EUA, e reúne os mais bem treinados agentes que prestam apoio tático a pessoas em situação de risco em áreas rurais e urbanas. 

O helicóptero utilizado no ataque ao prédio do Supremo pertence à organização e continua desaparecido junto com Pérez, que agora está na mira de Maduro que o acusa de ser o mentor de um ataque terrorista.