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Chega a 10 o número de mortos durante votação da Constituinte na Venezuela

Ariana Cubillos/AP
Imagem: Ariana Cubillos/AP

Do UOL, em São Paulo

30/07/2017 18h21Atualizada em 31/07/2017 08h03

Pelo menos dez pessoas morreram em meio aos protestos durante a votação para a Assembleia Nacional Constituinte na Venezuela neste domingo (30). Entre as vítimas estão dois adolescentes e um policial. 

Dois adolescentes, de 17 e 13 anos, morreram após serem feridos a tiros durante manifestações. Segundo a Procuradoria, um dos menores faleceu na localidade de Tucapé, e o outro, o mais novo, em Capacho Viejo. Ambas as cidades ficam no Estado de Táchira, que faz fronteira com a Colômbia. Mais cedo, o Ministério Público informou sobre a morte de um militar nesse mesmo estado.

A vítima, identificada como Ronald Ramírez, "recebeu um disparo no pômulo esquerdo durante uma manifestação" em La Grita.

Um homem de 43 anos morreu baleado na cabeça em uma manifestação no Estado de Lara. O Ministério Público (MP) informou via Twitter a morte de Luis Zambrano, que "recebeu um disparo na cabeça durante uma manifestação em Barquisimeto" e adiantou que já iniciou a investigação do incidente.

O MP informou ainda que iniciou a investigação das mortes de Ángelo Méndez, 28, e de Eduardo Olave, 39, ocorridas neste domingo após uma manifestação. "As vítimas que foram feridas com armas de fogo foram encontradas dentro da UEE (Unidade Educativa) Simón Rodríguez da paróquia Jacinto Plaza", situada na capital homônima de Mérida, apontou o órgão.

A oposição informou mais cedo outros mortos durante a madrugada de sábado para domingo. Segundo o parlamentar e líder do partido Ação Democrática (AD), Henry Ramos Allup, Ricardo Campos, secretário juvenil do AD, foi morto a tiros durante um protesto na cidade de Cumaná, no Estado de Sucre. Já outra vítima seria Iraldo Guitérrez, que de acordo com o deputado Paparoni morreu no Estado de Mérida.

A Venezuela realiza neste domingo as eleições da Constituinte, um processo do qual só participa parte do chavismo e que tem a rejeição da oposição, da Igreja Católica e vários países do mundo.

Em paralelo, a oposição se manifesta nas ruas contra a votação, que qualifica de fraudulenta, e que geraram enfrentamentos entre os manifestantes e as forças de ordem pública.

Maduro celebra Assembleia Constituinte

AFP

Candidato morto no sábado

O assassinato de um candidatado e confrontos das forças de segurança com manifestantes marcaram o dia da votação. Apesar do Ministério Público não ter vinculado o crime a motivações políticas, o assassinato de José Félix Pineda, 39, candidato a integrar a Constituinte, no sábado à noite em Ciudad Bolívar (sudeste do país), exacerbou os ânimos em uma votação que acontece em clima tenso.

Com tanques e bombas de gás lacrimogêneo, militares entraram de maneira violenta em algumas áreas de Caracas, Maracaibo (oeste) e Puerto Ordaz (leste) e avançaram contra manifestantes que bloquearam ruas com barricadas, em uma adesão à convocação da opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), que pediu protestos contra a Constituinte.

Protegidos por militares, os centros eleitorais abriram às 6h00 (7h00 de Brasília) para a escolha dos 545 integrantes da Assembleia que formarão um 'suprapoder', que administrará o país por tempo indefinido.

"Vim votar para dizer aos gringos e aos opositores que queremos a paz, não a guerra, que apoiamos Maduro", afirmou Ana Contreras em um centro eleitoral de um bairro popular da zona leste de Caracas.

O presidente Nicolás Maduro foi o primeiro a depositar o que chamou de "voto pela paz" em um colégio da zona oeste de Caracas, ao lado de sua esposa, Cilia Flores, e de dirigentes do partido governista.

"Quis o imperador Donald Trump proibir o povo de exercer o direito ao voto (...) e eu disse chova ou faça sol haverá eleições e Assembleia Constituinte", completou Maduro, que curiosamente teve um problema com seu carnê para programas sociais quando não foi reconhecido pelo leitor de verificação.

O presidente levou adiante o projeto de modificar a Carta Magna, apesar da onda de protestos da oposição, com passeatas, greves e bloqueios, que exigem há quatro meses sua saída do poder e deixaram mais de 100 mortos.

A MUD, que convocou protestos apesar de o governo ter ameaçado prender quem boicotar a votação, se afastou da Constituinte, alegando que não foi convocado um referendo prévio e que o sistema de votação foi elaborado para que o governo controle a Assembleia e redija uma Carta Magna para instaurar uma ditadura comunista.