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Preocupação em Guam aumenta com ameaça da Coreia do Norte

Mapa, Guam, Aganã - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Grace Garces Bordallo e Cathy Bussewitz

Da Associated Press, em Guam

09/08/2017 08h03

Moradores da pequena ilha de Guam, no Pacífico, dizem que estão com medo de serem pegos no meio da escalada de tensões entre os EUA e a Coreia do Norte, depois que Pyongyang anunciou que planeja lançar um míssil no importante e estratégico território dos EUA.

Embora as autoridades locais tenham minimizado a ameaça, moradores e trabalhadores na ilha, que serve como plataforma de lançamento para militares dos EUA, disseram na quarta-feira que já não podem ignorar o fato que são um alvo potencial.

"Estou um pouco preocupado, um pouco em pânico. Isso pode realmente acontecer", disse Cecil Chugrad, um motorista de ônibus de 37 anos para uma companhia de turismo em Guam". "Se fosse apenas eu, não estaria preocupado, mas me preocupo com meu filho. Sinto vontade de me mudar [de Guam] agora".

Guam está acostumado com as ameaças da Coreia do Norte, mas o avanço do programa nuclear norte-coreano junto com a retórica agressiva do presidente dos EUA Donald Trump ampliaram ainda mais a animosidade entre os países e aumentaram as preocupações de que um erro de cálculo possa provocar conflitos entre os países.

Estudos apontam que a Coreia do Norte conseguiu a tecnologia necessária para atacar os EUA com um míssil nuclear, como apontam dados divulgados pela imprensa. Em resposta, Trump  ameaçou o país asiático com "fogo e fúria como o mundo nunca viu antes".

Embora seja improvável que Pyongyang arrisque executar um ataque ataque preventivo contra cidadãos dos EUA, alguns moradores de Guam estão preocupados.

"Se nada acontecer, nós temos que estar prontos, preparados e rezar a Deus para que nada ocorra", disse Daisy Mendiola, 56, depois de terminar seu almoço com os parentes em um restaurante. ""Todos têm medo, porque estamos lidando com poderes que estão além do nosso controle".

Outros moradores estão preocupados com a atmosfera política e a habilidade do governo em encontrar uma solução pacífica.

Todd Thompson, um advogado que vive em Guam disse que riu das últimas ameaças porque parece achava  que "as cabeças mais frias em Washington iriam prevalecer e que eram apenas ameaças vazias".

"Mas tenho que dizer: eu não estou rindo agora", disse Thompson. "Minha preocupação é que as coisas estão mudando em Washington, e quem sabe o que pode acontecer?"

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Carros entram na Base Naval de Guam, perto de Hagatna, em Guam
Imagem: Haven Daley/ AP

Seu irmão Mitch Thompson, que também vive em Guam, disse que acredita que "um monte de gente não confia que a Casa Branca fará a coisa certa nestas circunstâncias".

No entanto, os irmãos dizem que não encontrou ninguém em pânico ou estocando mantimentos. "Acho que as pessoas estão apenas espantadas e realmente não sabem o que pensar", disse Todd Thompson.

Guam é cerca de 3.380 km a sudeste de Pyongyang e 6.115 km a leste de Honolulu, no Havaí, no Oceano Pacífico. Por anos, a Coreia do Norte afirmou que Guam está a alcance de seus mísseis, fazendo declarações a cada vez que os EUA enviavam seus militares da base aérea da ilha para a península coreana.

Em agosto do ano passado, o ministro norte-coreano das Relações Exteriores alertou que as bases militares dos EUA no Pacífico, incluindo Guam, poderiam ser "arruinados por ataque dos militares da Coreia do Norte". Em 2013, a mídia estatal disse que o líder Kim Jong-un ordenou que seus militares preparassem planos para lançar ataques a bases militares dos EUA em Guam e no Havaí e também atacasse a Coreia do Sul e o território continental dos EUA.

Guam é equipado com o sistema de defesa das Forças Armadas dos EUA conhecida como Terminal High Altitude Area Defense ou THAAD, que intercepta mísseis.

O assessor de segurança interna de Guam, George Charfauros, pediu calma e disse que as defesas estão preparadas para tais ameaças.

"Um ataque ou ameaça a Guam é uma ameaça ou ataque contra os EUA", disse Eddie Calvo, governador de Guam. Calvo disse que conversou com funcionários da Casa Branca na noite de segunda-feira. "Eles disseram que os EUA irão se defender".

Um agente de viagem em Guam disse que eles não notaram um grande número de pessoas procurando voos para deixar a ilha. "Não está tão ruim, não é um caos", disse Mariah Sablan, que trabalha na Golden Dragon Travel Inc. "É apenas um dia comum de trabalho".