Após confronto em ato de extrema-direita nos EUA, cidade declara estado de emergência
Centenas de manifestantes de extrema-direita brancos entraram em conflito com grupos antirracismo na manhã deste sábado (12) em Charlottesville, no Estado norte-americano da Virgínia. Ao menos duas pessoas ficaram feridas, de acordo com a rede BBC.
Diante da violência dos confrontos, o governador da Virgínia, Terry McAuliffe, declarou "estado de emergência" na cidade e devido uma "eminente guerra civil". Alguns militantes foram detidos, segundo autoridades locais, mas o número não foi confirmado.
O grupo iniciou o ato por ser contra a remoção de uma estátua do general Robert E. Lee, que defendeu as forças da Confederação (pró-escravidão) durante a Guerra Civil norte-americana.
Centenas de manifestantes nacionalistas brancos, neonazistas e membros da Ku Klux Klans estavam reunidos desde a noite de sexta-feira (11) para protestar contra negros, imigrantes, gays e judeus. Muitos dos combatentes de ambos os lados usavam capacetes e seguravam escudos. Os membros da milícia na cidade carregavam rifles, embora nenhum tiroteio tenha sido denunciado.
Os confrontos deste sábado aconteceram no Emancipation Park, local onde está a estátua do general Lee, pouco antes do meio-dia, quando estava marcado o evento "Unir a Direita", que prometia reunir mais de mil manifestantes, incluindo líderes de grupos associados à extrema-direita do país.
"Vocês não nos apagarão", cantou uma multidão de nacionalistas brancos, enquanto os manifestantes contrários levavam cartazes que diziam: "Nazi vai para casa" e "Destrua a supremacia branca".
A polícia precisou intervir e usar gás de pimenta para dispersar os dois grupos. Depois que a multidão foi dispersada, dezenas de agentes da lei vestidos com equipamentos de proteção foram vistos patrulhando as ruas, com pequenos grupos de manifestantes reunidos em bolsões nas ruas circundantes.
Segundo o presidente da Câmara de Vereadores da cidade, Mike Signer, a manifestação é racista, "uma parada covarde de ódio, preconceito, racismo e intolerância".
Trump condena confrontos
Em sua conta no Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, condenou a violência nos confrontos em Charlottesville. "Devemos estar todos unidos e condenar tudo o que representa o ódio. Não há lugar para esse tipo de violência nos EUA. Vamos nos unir como um só", declarou Trump.
Também no Twitter, a primeira-dama norte-americana, Melania Trump, foi contra o uso de violência dos manifestantes. "Nosso país encoraja a liberdade de expressão, mas vamos nos comunicar sem ódio em nossos corações. Nada de bom vem com a violência", disse.
Protestos com tochas e bandeiras
Na noite de sexta-feira, grupos de extrema-direita fizeram uma espécie de "aquecimento", como definiram, para o evento deste sábado. Centenas de homens e mulheres marcharam pelo campus da Universidade da Virgínia carregando tochas, fizeram saudações nazistas e gritaram palavras de ordem contra negros, imigrantes, homossexuais e judeus.
"Vocês não vão nos substituir", gritavam em referência a imigrantes; "vidas brancas importam", em contraposição ao movimento negro "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam, em tradução livre); e "Morte aos Antifas", abreviação de "antifascistas", como são conhecidos os grupos que se opõem a protestos neonazistas.
Estudantes negros do campus da universidade da Virginia, onde ocorreu a marcha, e jovens que se apresentavam como antifascistas tentaram fazer uma "parede-humana" para impedir a chegada dos manifestantes à parada final da marcha, , uma estátua do terceiro presidente americano, Thomas Jefferson.
"Fogo! Fogo! Fogo!", gritavam os manifestantes, enquanto se aproximavam do grupo de estudantes. Em número bem menor, o grupo que fazia oposição à marcha foi expulso da estátua em poucos minutos.
(Com agências internacionais)
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