Coreia do Sul tem desafio diplomático ao receber irmã de Kim Jong-un e vice de Trump
Um dos maiores desafios do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang será abrigar, no mesmo espaço, o vice de Donald Trump, Mike Pence, e a irmã de Kim Jong-un, Kim Yo-jong.
Além de Pence e Yo-jong, a cerimônia ainda terá Kim Yong-nam, chefe de Estado cerimonial norte-coreano e que normalmente representa o país em viagens ao exterior.
Segundo a agência Reuters, a organização sul-coreana tem enfrentado uma "dor de cabeça protocolar" para montar a logística e evitar desgastes entre os países em meio à retórica de guerra de Trump e Kim Jong-un.
"Quão perto devem ficar os assentos dos norte-coreanos e norte-americanos? E quem ficará com um lugar mais alto?", questionou o oficial da Coreia do Sul citado pela Reuters, que não teve seu nome revelado.
Apesar da intenção de Moon de reduzir as tensões com a presença norte-coreana, a estratégia pode não dar certo, segundo Lee Kang-rae, ex-assessor presidencial da Coreia do Sul para relações diplomáticas, citado pela Reuters. "Não seria legal se a Coreia do Norte e os EUA se sentassem lado a lado e tivessem uma interação gelada e de enfrentamento, com o mundo inteiro assistindo às imagens."
Pence ainda levará como convidado à cerimônia Fred Warmbier, pai de Otto Warmbier, estudante norte-americano que morreu em junho do ano passado depois de ficar preso na Coreia do Norte durante 17 meses. Na época da morte do estudante, o pai, emocionado, fez duras críticas ao regime de Kim Jong-un.
A abertura está marcada para as 20h locais (9h de Brasília) desta sexta-feira (9) no Estádio Olímpico de Pyeongchang, com capacidade para 35 mil pessoas. Ele foi construído apenas para os Jogos e será desmontado após o evento.
Intermediário
Como anfitrião dos Jogos, o governo de Moon Jae-in tem tentado, ao mesmo tempo, diminuir as tensões com Pyongyang e se manter ao lado dos EUA, seu aliado.
Com o vizinho do Norte, que tecnicamente ainda está em estado de guerra com Seul desde o fim do conflito armado, em 1953, várias marcas históricas serão derrubadas com a chegada da delegação de Pyongyang. Será a primeira visita de um membro da dinastia Kim e também de um chefe de Estado norte-coreano à Coreia do Sul desde o fim da guerra.
No sábado (10), o presidente sul-coreano almoçará com a delegação de Pyongyang, incluindo Kim Yo-jong e Kim Yong-nam, no que será a reunião de mais alto nível já realizada no Sul entre ambos os países.
As delegações dos dois países desfilarão juntas na cerimônia de abertura dos Jogos sob uma bandeira da Península Coreana unificada. Haverá ainda em Pyeongchang a participação de uma equipe conjunta de hóquei no gelo das duas Coreias.
Moon se encontrou com Pence nesta quinta-feira e afirmou que os Jogos serão uma oportunidade para "levar a Coreia do Norte a dialogar sobre desnuclearização e o estabelecimento da paz".
Pence concordou que o fim das armas nucleares na península é a questão mais importante nesse conflito e disse que os EUA estão "ombro a ombro" com a Coreia do Sul. Ao mesmo tempo, afirmou que o país fará "pressão máxima" para encerrar o programa nuclear norte-coreano.
Sem diálogo
Antes de chegar a Seul, Pence alternou seu tom nos recados à Coreia do Norte. Em Tóquio, na noite de quarta-feira, ele falou que os Estados Unidos anunciariam em breve "as mais duras e ofensivas sanções econômicas já adotadas contra a Coreia do Norte" e afirmou que o país não deixaria que a "propaganda norte-coreana sequestre a mensagem e a imagem dos Jogos de Inverno".
Horas depois, ao deixar a capital japonesa, Pence não descartou se encontrar com membros norte-coreanos em Pyeongchang. "Não solicitamos nenhuma reunião com representantes norte-coreanos, mas se tiver algum contato com eles em qualquer contexto durante os próximos dois dias, a nossa mensagem será a de sempre", disse Pence, pedindo à Coreia do Norte que "deixe de uma vez por todas as suas ambições nucleares e de mísseis balísticos".
A Coreia do Norte, por sua vez, disse que "claramente" não tem intenção de se reunir com os EUA em Pyeongchang.
"Nós nunca imploramos por diálogo com os Estados Unidos nem o faremos no futuro", disse o diretor-geral do Ministério de Relações Exteriores da Coreia do Norte, Jo Yong Sam, segundo a agência de notícias "KCNA", oficial do regime.
"Falando explicitamente, nós não temos nenhuma intenção de encontrar com o lado dos Estados Unidos durante nossa estada na Coreia do Sul. A visita da nossa delegação à Coreia do Sul é apenas para participar da Olimpíada e saudar sua bem-sucedida realização."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.