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Em discurso desafiador, Putin anuncia míssil nuclear e avanço no arsenal russo

Jornalistas acompanham pronunciamento do presidente russo Vladimir Putin em um telão, em Moscou, Rússia - Alexander Zemlianichenko/ AP
Jornalistas acompanham pronunciamento do presidente russo Vladimir Putin em um telão, em Moscou, Rússia Imagem: Alexander Zemlianichenko/ AP

Do UOL, em São Paulo

01/03/2018 09h41

O presidente Vladimir Putin anunciou que a Rússia desenvolveu e testou um novo arsenal estratégico capaz de levar ogivas nucleares e que não seria capaz de ser interceptado. O anúncio sugere uma nova corrida armamentista entre Moscou e o Ocidente.

Falando em rede nacional e direcionado à elite política russa, o presidente exibiu vídeo e animação de mísseis russos. Putin disse que a Rússia testou uma série de novas armas nucleares no final de 2017, incluindo um novo míssil que poderia atingir quase todos os pontos do mundo e que não poderia ser interceptado por sistemas antimísseis.

"Quero dizer a todos aqueles que alimentaram a corrida armamentícia nos últimos 15 anos, procuraram tirar vantagens unilaterais sobre a Rússia e introduziram sanções ilegais destinadas a conter o desenvolvimento do nosso país: tudo o que você queria impedir com suas políticas já aconteceu", disse. "Você não conseguiu conter a Rússia".

Putin disse que o novo arsenal desenvolvido inclui um míssil nuclear, um drone subaquático movido a energia nuclear e um novo míssil hipersônico. O presidente disse que a criação das novas armas tornou o sistema de defesa da Otan e EUA "inúteis".

Nas palavras de Putin, o míssil testado tem alcance ilimitado e alta velocidade, permitindo que supere qualquer míssil de defesa. Em relação ao drone subaquático, ele também seria de alta velocidade, de alcance intercontinental e que poderia levar uma ogiva nuclear em um eventual ataque a porta-aviões ou instalações costeiras. Putin ainda acrescentou que a profundidade com que ele opera e a alta velocidade o torna impossível de ser interceptado pelo inimigo.

"Ninguém no mundo tem algo assim", disse ele. "Pode aparecer algum dia, mas, nesse momento, desenvolveremos algo novo".

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A declaração, feita para altos funcionários do governo e parlamentares, provocou aplausos. Putin sugeriu ainda que o nome das armas fosse escolhido a partir de um concurso nacional promovido pelo ministério da Defesa.

O líder russo disse que outra nova arma chamada Avangard é um míssil hipersônico intercontinental que seria 20 vezes mais rápido que a velocidade do som e atingiria o alvo "como um meteorito, como uma bola de fogo".

Além disso, Putin disse que a Rússia também testou um novo e pesado míssil balístico intercontinental, chamado Sarmat, com uma gama e número de ogivas superiores ao antecessor da era soviética, conhecido no Ocidente como Satanás.

O líder russo afirmou que o desenvolvimento de novas armas não tem equivalente no Ocidente e responde à retirada dos EUA de um tratado da época da Guerra Fria que proíbe as defesas de mísseis e os esforços dos EUA para desenvolver um sistema de defesa antimíssil.

Ele disse que os EUA ignoraram as queixas russas. "Ninguém nos ouviu", disse ele. "Vocês vão nos escutar agora".

Ele disse que as novas armas ajudarão a garantir a estabilidade global e estabelecer uma linha sob tentativas de enfraquecer a Rússia.

Putin disse ainda que Moscou consideraria um ataque nuclear contra seus aliados como um ataque nuclear contra a própria Rússia, e responderia imediatamente.

"Nós consideraríamos qualquer uso de armas nucleares contra a Rússia ou aliados como um ataque nuclear contra o nosso país. A resposta seria imediata", disse Putin, em discurso a parlamentares russos.

O discurso transmitido pela TV russa acontece a poucos dias das eleições de 18 de março, quando Putin deve conquistar seu quarto mandato. O índice de aprovação do lider russo supera 80%, apesar da desaceleração da economia causada pelas tensões com o Ocidente e pela queda dos preços globais do petróleo.

Uma vitória de Pútin abriria caminho para ele ser o líder russo a mais tempo no poder desde Josef Stalin. O limite legal de dois mandatos presidenciais consecutivos significa que Putin não poderá concorrer novamente em 2024, mas muitos observadores esperam que continue a desempenhar o papel mais importante na política russa mesmo depois disso. (Com as agências internacionais)

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