EUA, Canadá e países europeus expulsam mais de 100 diplomatas russos por ataque a ex-espião
Os governos de EUA, Canadá e países europeus anunciaram nesta segunda-feira (26) a expulsão de mais de 100 diplomatas russos em uma resposta coordenada em retaliação ao envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal, um ex-oficial da inteligência russa exilado no Reino Unido. Até agora, são pelo menos 109 diplomatas expulsos nesta segunda --além dos 23 russos que já deixaram o Reino Unido.
A ação contra o governo russo representa o maior golpe contra as redes de inteligência russas no Ocidente desde a Guerra Fria. Em seus anúncios, os governos sugerem que os diplomatas estão envolvidos com espionagem. Em resposta, o governo russo afirmou que a expulsão em massa é um gesto provocador e não não ficará sem reposta, indicou o ministério das Relações Exteriores russo em um comunicado.
O ex-espião russo, de 66 anos, e sua filha Yulia, de 33, permanecem internados em estado crítico, mas estável, desde que foram encontrados inconscientes, em 4 de março passado, num banco próximo a um parque na cidade de Salisbury. Autoridades de Londres comunicaram posteriormente que os dois tinham sido envenenados com um agente neurotóxico conhecido como "Novichok", fabricado na ex-União Soviética.
O ataque foi a primeira ofensiva de que se tem conhecimento com uso de toxina nervosa na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, e Estados-membros do bloco concordaram em tomar medidas adicionais contra a Rússia. Moscou tem negado responsabilidade pelo ataque.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou a expulsão de 60 diplomatas russos dos Estados Unidos e o fechamento do consulado da Rússia em Seattle. Com a medida, o governo russo ficará sem representação diplomática na costa oeste do país.
O Canadá confirmou a expulsão de quatro diplomatas russos que atuavam em Ottawa e em Montreal. Além disso, o país negou credencial a outros três diplomatas previamente solicitados por Moscou.
A Ucrânia expulsará 13 diplomatas russos em solidariedade ao Reino Unido. Além disso, o país lembrou que as relações diplomáticas entre Ucrânia e Rússia já estavam "congeladas" devido à ocupação de territórios ucranianos e ao conflito no leste do país com separatistas pró-Rússia.
Entre os europeus, 14 países confirmaram expulsões: França (4), Alemanha, (4), Polônia (4), República Checa (3), Albânia (2), Dinamarca (2), Espanha (2) Itália (2), Holanda (2), Suécia (1), Finlândia (1), Estônia (1), Lituânia (1), Letônia (1), Romênia (1) e Croácia (1). Todos terão alguns dias para deixar seus respectivos postos nos países.
O Reino Unido já tinha anunciado a ordem de retirada para 23 diplomatas, e a Rússia retaliou a decisão ordenando a expulsão do mesmo número de britânicos.
Trata-se da ação mais dura já anunciada pelo governo Donald Trump contra a Rússia. Na UE, segundo o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, não são descartados passos adicionais, como mais expulsões, a serem anunciadas nos próximos dias.
Moscou insiste que o Reino Unido não apresentou provas de que o governo russo estaria envolvido com o envenenamento. Os britânicos se recusam a fornecer uma amostra do agente nervoso, mas forneceu a substância para a análise da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), que está conduzindo sua própria investigação.
(Com agências internacionais)
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